Os dois mundos - dia 5

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⭐PURGATÓRIO⭐

Continuando...

Leiftan P.O.V

Estou parado, vendo Kaiot digerir o pedido do neto, e Simon parado, de braços cruzados, provavelmente pensando no que se meteu. Eu devo ficar atento, pois qualquer coisinha poderia resultar numa briga como naquela que presenciei, e essa é a última coisa que preciso nesse momento.

- Finalmente... M-Melhor você se sentar, para o que eu irei te dizer. - Kaiot avisa, mas Simon ignora.

- Estou bem assim. Agora, desembuche.

- Eu jamais quis matar Valerie.

De repente, Simon começou a rir. Seu riso foi aumentando cada vez mais, até virar gargalhadas. Gargalhadas debochadas: até o mais tonto perceberia isso.

- O que vai me dizer agora? Que a fada do dente e o Papai Noel existem? - Simon diz irônico.

- O que é isso? - pergunto.

- Não é relevante agora Leiftan... - Kaiot diz, e continua - Por mais absurdo que isso seja para você, Simon, é a verdade. Eu simplesmente... Não tive escolha.

- Mas é claro que teve, era só não fazer. - a seriedade volta ao rosto de Simon.

- Eu vou ter que te explicar desde o princípio... - Kaiot respira, e recomeça - Como você sabe, eu morei em Eldarya, e era um alquimista.

- Continuou sendo um na verdade.

- Não importa... Enfim, eu me casei com Valerie, sua avó, e ela ficou grávida de sua mãe, obviamente... Mas... - ele engole em seco - Durante o parto, sua avó ficara muito debilitada, e entrou em coma. Todos os médicos humanos me disseram... Para esperar o pior. Eu entrei em desespero, e assim como o Leiftan, temi pela possibilidade de perder a minha amada... E me sujeitei ao único ritual que eu tinha quase cem por cento de certeza que a traria de volta...

- O ritual dos ôgum mauelm. - digo.

Kaiot concorda com a cabeça, e continua:

- Logicamente, funcionou, porém fiquei muito mais fraco, mas consegui recuperar um pouco do meu poder antigo usando poções e encantamentos antigos... O tempo foi passando, anos na verdade, e, na época do aniversário de uns quatro anos da Katie, notei que Valerie estava... Diferente.

- Diferente como? - Simon fala seco.

- Apenas diferente. Suas ações não estavam normais, muito menos ela... Você pode me achar louco, mas eu a conhecia desde meus setenta anos... Comecei a ficar atento. Consegui convencê-la a fazer um exame de sangue, com medo dela estar doente ou outra coisa. Demorei uns três meses, mas consegui o resultado, bem no dia que você e Katie foram lá em casa. Tentei fazer com que fosse uma visita rápida, mas o senhor insistente que está na minha frente queria ficar por lá, não é mesmo?

Simon apenas bufou, e seu avô balançou a cabeça em resposta.

- Ouvi uns barulhos de madrugada, assim como você. Quando fui ver, Valerie estava na cozinha, pegando... Uma faca.

O rosto de seu neto empalideceu. Já eu estou aqui, apenas ouvindo.

- E-Ela foi até o quarto qur você estava... E eu já sabia o que iria acontecer. Fui direto para lá, e ao invéz dela te atacar, me atacou. E... - uma lágrima escorre pelo seu rosto - Tive... Que fazer aquilo. Eu senti a mesma dor no exato momento que aconteceu, e vi também um brilho azul debaixo de sua cama, ao lado do corpo de Valerie, apenas confirmando o que resultou em seu exame... Ela consumiu um pedaço de cristal. E só poderia ser eles que a infectaram. Queriam matar todos nós, através dela.

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