Desculpe Mery

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Katie P.O.V

Ainda estou muito abalada como que aconteceu. Não consigo acreditar...

- KATIE! SUA LOUCA! - assim que chego perto da nossa embarcação, carregando o corpo do Mery, a Miiko começa a gritar comigo - Você conseguiu capturar a assassina? Você se feriu? Onde aquela mulher está?

- Bem, ela...

O Valarian mostra o corpo inerte da monstra. A Miiko se assusta na hora.

- Eu não sabia o que eu estava fazendo, eu não tinha mais controle sobre mim mesma... - começo a lacrimejar. - Eu não queria ter feito isso...

- Katie... - depois que o Valarian pega o corpo do Mery de meus braços, a Miiko se aproxima de mim, e me abraça.

Depois de tudo isso, falei para eles o que aconteceu na minha batalha. Eles ficaram espantados com os poderes que despertei, e na intensidade em que eles foram manifestados. Logicamente, não falei sobre a sensação que senti sendo emanada do colar. E se eles me roubarem a única lembrança que eu tenho do Simon? Nem pensar.

Tive a impressão que a viagem de volta foi muito mais longa do que a de ida. A tristeza na embarcação era inegável. No caminho, o Ezarel acabou explicando para mim e para a Miiko de onde que ele conhecia aquela assassina. Ela se chamava Marie Anne, e era uma humana que acabou parando na terra dele. Para ela não acabar sendo torturada pelo seu povo, o Ezarel acabou roubando os ingredientes para fazer um portal para a Terra. E de algum jeito, ela conseguiu voltar para Eldarya. Nossa. Fiquei um pouco mais culpada pela morte dela ter acontecido em minhas mãos, mas o Ezarel pareceu me perdoar, bem, eu espero...

Quando chegamos, encontramos Twilda, a mãe do Mery, nos esperando. Meu coração se quebrou ainda mais. A Miiko me falou para ir descançar, e que ela iria explicar o ocorrido. Eu fico imaginando a dor das duas... Como ela iria explicar para uma mãe que só tinha ao filho que ele foi assassinado???

Fui para o meu quarto, junto com o Sky. Ele tentava me acalmar, como sempre. Eu o adoro, mas queria ficar um pouco sozinha.

- Sky, você não quer passear um pouco pelo Q.G? - falei, tentando soar o mais carinhosa possível.

Ele deu um pio triste e saiu pela janela, esse bichinho me conhece bem...

Me jogo na cama, e cubro minha cabeça com o travesseiro. Mais uma vez, alguém inocente morria na minha frente, e eu não consegui salvá-lo. Eu sou uma inútil, eu já deveria ter aprendido isso. Não sirvo para NADA. Bem, um monte de gente na Terra me dizia isso e eu ignorava, agora vejo que eles tinham razão nisso.

- Desculpe Mery... Mais uma vez eu fui uma inútil, e acabei não conseguindo salvá-lo, nem seus amiguinhos, nem seu mascote... - o crylasm do Mery, o Sky, foi encontrado morto também... Justo a primeira forma de homenagem que alguém fez para mim...

Nem percebo que tinha começado a chorar. Também nem percebo que alguém tinha entrado no meu quarto, até que senti o Leiftan me abraçando.

- Eu soube o que aconteceu... Você está melhor? - ele me dá um beijo na testa.

- Agora que você está aqui, muito melhor do que antes. - me aconchego em seus braços, e dou um beijo em seus lábios.

Conto para ele sobre tudo o que aconteceu lá, mesmo ele já sabendo de muita coisa. Algumas lágrimas me escaparam, mas ele as secou com o maior carinho do mundo. Com o Leiftan do meu lado, todo o peso do meu coração foi embora, e eu finalmente consegui dormir, abraçada a ele.

Passaram-se alguns dias, e o enterro que iriam fazer para o Mery e as outras crianças nômades se aproximava. Nesse meio tempo, eu não tinha conseguido falar com a Twilda, mas eu imagino a dor infinita que ela deve estar sentindo.

Quando estava quase anoitecendo, fomos para o enterro, que aconteceu na Toca, era o lugar favorito de brincar do Mery. O Leiftan não saiu do meu lado em momento algum. Ele segurava a minha mão, para dar seu apoio a mim. Essa cena me lembrou do enterro do Simon. Comecei a chorar mais do que estava antes.

Procurei a Twilda com os olhos. Ela estava apoiada na Miiko, chorando. Ela ainda não deve ter aceitado que perdeu o filho. Quando o funeral do Mery acabou, fui dar meus pêsames para a Twilda, e um abraço.

Fomos em direção há praia, dessa vez para o funeral das crianças nômades. Seus corpos foram colocados em duas barcas, cheias de flores e velas. Prestaram-se as homenagens, e colocaram as barcas na água. Assim que tomaram uma certa distância da costa, foram lançadas flechas flamejantes, e os barcos pegaram fogo. Me lembrei de um filme que assisti quando era pequena, onde acontecera a mesma cena. Mas parece realmente que estou dentro de um filme, durante a minha vida toda, um drama sem fim. Será que eu terei um final feliz, como nos filmes...? Eu espero...

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