Purgatório - dia 2

157 23 3
                                    

Leiftan P.O.V

Um dia se passou, e Dark ainda não me mostrou qual é sua maldição. Enquanto ele levava almas de pessoas já mortas para encontrarem o céu ou o inferno, fiquei no meu quarto, que parece estar sem vida. Também fui no quarto de Katie. Estou morto de saudades dela... Fiquei debruçado em sua cama por algumas horas. Sinto falta do seu cheiro doce, de seus olhos violetas e seu cabelo castanho... Sinto falta da sua bondade gigantesca, e também de sua garra e determinação...

Por que eu insisti em fazer tudo aquilo???

- Cara, nem eu sei. - me assusto, e me deparo com Dark na frente da porta, e ele ri - Já acabou de bancar o apaixonado no quarto da Katie?

As vezes me dá vontade de socar a cara do Dark, mas ele me ajudou, e pode resolver não me ajudar mais. E o olhar mortal que lancei a ele não deu efeito algum. Bem, deu um efeito contrário ao que eu queria, pois ele começou a rir ainda mais. Parece que eu estou lidando com Lance denovo...

- Então, acostume-se, que não vou deixar de ser quem sou para "impressionar" qualquer um. - ele me diz - Nem sei por que as pessoas se apaixonam. Para mim, o amor só impede as pessoas de enxergarem a verdade sobre uma outra.

Curioso.

- Mas, você nunca amou ninguém?

- Só a minha família. O Oráculo que me livre de ter que aguentar uma pessoa além deles no meu pé o tempo todo... Sem ofensas. - ele ri - E todos aquelas demonstrações de amor constantes, "apelidinhos" fofos... Blé, mé dá ânsia só de pensar... - Dark faz uma cara de enojado, e eu continuo com a minha neutra. Quantos anos será que ele passou aqui, para nunca ter amado outras pessoas?

- Então, pode me falar sobre sua maldição, para podermos voltar para o Mundo dos Vivos logo? - digo.

- Claro. - Dark joga uma moldura de quadro preenchida com uma imagem nebulosa em cima da cama de Katie. - É isso daí.

- Eu não estou brincando dessa vez, Dark...

- Nem eu. - ele pega a caixa - eu tenho que destruir isso, e "libertar" o que tem dentro.

- Só isso?

- Não é tão simples assim... Deixe que eu te mostre.

Dark sai do quarto, e assim que saímos...

Nos deparamos com outra pessoa.

Era um homem velho, porém de aparência bem forte, usava uma espécie de armadura bem simples, tinha cabelos castanhos e um pouco grisalhos, e usava um tapa-olho, e o outro olho era...

Violeta.

Ele apenas me encarou, e olhou para Dark, logo em seguida. O de olhos azuis lançou-lhe um olhar hostil, e virou de costas, continuando seu caminho. O senhor se virou para mim, e fez um gesto, como se estivesse me dando boas-vindas, e foi embora.

- Quem era aquele homem? - pergunto a Dark assim que o alcanço.

- É só um cara caduco da cabeça, está a tanto tempo aqui quanto eu. Só umas semanas a mais. - ele coloca uma das frutinhas na boca, o que me lembra de fazer o mesmo.

- Achei que você ficava sozinho aqui...

- E fico. Não me importo nem um pouco com esse cara.

Chegamos na parte de fora do Q.G. Dark joga a moldura na grama, e arregaça as mangas de seu manto. Seus braços estão cheios de cicatrizes. Ele tira a foice da bainha, e tenta fincá-la com a maior força possível naquela coisa.

A foice acabou rachando.

- Wow, agora entendi.

- Demorou, ein. - ele passa a mão pela foice, a reparando de imediato - Por isso eu ainda estou aqui. Se fosse tão fácil assim, eu já teria saído desse maldito lugar...

- E que tal se você me deixasse falar?

O mesmo cara surge por trás de nós.

- E que tal se você me deixar em paz? - Dark responde.

O homem mostra um sorriso, irônico.

- Posso conhecer ao menos nosso humilde convidado...?

- Não. - Dark diz, com convicção.

- Desde quando você responde as coisas por ele? - o outro rebate.

- Desde sempre.

- Eu posso responder por mim mesmo. - digo.

O homem solta uma risada curta.

- Gostei de você. Como se chama?

- Leiftan. - estendo minha mão, para cumprimentá-lo - E o senhor?

Apertamos as mãos, antes do homem completar:

- Prazer, Kaiot Guardian.

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora