Mundo dos Vivos - dia 1

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Katie P.O.V

- LEIFTAN!!! - grito, quando vejo o que ouve.

Lágrimas pesadas começam a rolar pelo meu rosto, e eu caio de joelhos, sem forças. Parece, que a cada minuto que se passa, eu perco ainda mais as minhas forças. Dois enfermeiros me ajudam a sair da prisão, para Ewelein poder cuidar dele. Valkyon ouviu os meus berros, e me encontrou no pé da escadaria, em prantos. Eu me joguei em seus braços, desesperada.

Ele se sacrificou. Por Eldarya, por um bem maior. E mesmo assim, não deixou de declarar seu amor por mim.

Não sei se meu coração aguentará ser despedaçado várias vezes. Já é a quarta ou terceira vez que acontece isso... Minha vida não pode ser feliz, sem tragédias...? Já não foram muitas...?

- Katie... O que aconteceu...? - Valkyon me pergunta, e não sai do meu abraço.

Mesmo soluçando, consigo contar a ele tudo o que ouve. Valkyon acaba aderindo uma expressão chocada, e me abraça mais forte. Ele é o melhor amigo que eu sempre quis ter.

- V-Valkyon... Se não se importar, eu queria um tempo para pensar... - digo.

- Não tem problema... - ele me olha, compreensivo - Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo...

- Obrigada Valkyon... - desfazemos o abraço, e começo a caminhar, com o olhar vazio.

Vou andando sem rumo, até que paro na Cerejeira Centenária.

Me escondo atrás dela, para ninguém me achar agora. Quero um momento de paz, nesses dias turbulentos.

Deixo as lágrimas caírem, enquanto a brisa bate sob meu rosto. Por que eu tinha que ter pisado naquele círculo de cogumelos...? Eu não estaria sofrendo dessa maneira se eu nunca tivesse feito aquilo...Como seria a minha vida se eu nunca tivesse encontrado aquele portal...? Provavelmente a mesma de sempre, minha mãe depressiva, e meu pai cansado de tanto trabalhar, mas, apesar de tudo, eles nunca deixaram de me dar amor, carinho e atenção...

Eu queria tanto saber como eles estão...

E se, fosse possível...?

Leiftan já comentou, que eu poderia ir para a Terra durante a missão de coleta de alimentos, e parece que ela está próxima.

E, também, tem aquele mistério do poster... Ele esconde algo, tenho certeza...

Eu preciso comentar isso a Miiko. Tenho que arriscar.

Enxugo minhas lágrimas com o antebraço, e quando me levanto, já me deparo com Miiko ao meu lado.

- Me desculpe, acabei de chegar... Valkyon me disse que você provavelmente estaria aqui... - ela diz.

- Tudo bem, eu queria te perguntar algo mesmo...

- Eu preciso te falar uma coisa bem importante... - ela fala - É melhor você se sentar...

Já imaginava o pior: Leiftan havia morrido. Ou ainda pior, Lance estava a caminho, pronto para destruir o Cristal, e não havia nada o que fazer.

- Quando você morreu, mas retornou... Parece que o Leiftan teve responsabilidade nisso...

- O quê? Como assim?

- Ele me disse que fez um ritual, no qual ele doou metade da alma dele a você, te salvando, assim.

Ok, eu mal tenho um descanso que já recebo uma notícia bombástica. Leiftan e eu estamos mais conectados do que nunca...

Calma...

Tudo estava na minha cara desde sempre: aquele daemon falando que estava me procurando, e que não faria nada contra mim. Lógico que era o Leiftan, e eu burra, não entendi. Mas eu não posso me deixar abalar com essa revelação, preciso me concentrar no que eu iria pedir.

- Miiko, normalmente, quando vocês fazem a missão de coleta na Terra?

Ela se surpreende com a minha pergunta.

- Eu estava planejando essa missão para iniciar amanhã mesmo, pois os alimentos estão acabando... Bem, eu planejava antes de toda essa confusão, e agora, está muito encima da hora... Por que a pergunta?

- Poderia reconsiderar?

Ela mostra uma expressão preocupada.

- V-Você quer voltar para casa...?

- Éééé... Só durante a missão. Queria ver como minha família está, sem mim...

Ela suspira, compreensiva e ressentida ao mesmo tempo.

- Eu sei que você sente saudades, mas nós precisamos do maior número de tropas possível aqui no Q.G... Não sabemos o que esperar...

- Nós não iremos demorar. Afinal, se não tivermos comida para sobreviver, do que adianta as tropas?

Ela pensa um pouco.

- Você tem razão... Vou voltar ao plano original, e se quiser ir, está autorizada... Você conhece o território mais do que qualquer um de nós... - rimos.

- Muito obrigada, Miiko!

- Esteja pronta pela manhã! Melhor eu ir, tenho que organizar isso tudo o mais rápido possível!

Um pouco de alegria e esperança volta ao meu ser, antes vazio. Finalmente, reverei aqueles que tanto amo, e, talvez, encontre a peça do quebra-cabeças que falta.

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora