Amor eterno

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Katie P.O.V

- LEIFTAN!!! - ele acaba caindo nos meus braços, com a mão no abdomen, onde o espinho de gelo ainda estava.

Ele geme de dor quando tento nos levantar, mas consegue se apoiar em mim, e começamos a caminhar. Minha vontade nesse momento é chacoalhar ele, e perguntar por que fez tamanha loucura. Mas não posso machucá-lo mais do que já está.

- Vá... Naquelas rochas... - Leiftan susurra por causa da dor, e aponta com a cabeça em direção a um conjunto de rochedos, que estavam no meio da grama alta. E mesmo sem entender, faço o que ele pede.

- Mas - quando chego perto o suficiente de um grande pedregulho, Leiftan junta forças para socar uma espécie de botão escondido, que acaba abrindo uma passagem.

Sem pensar mais, entramos na passagem o mais rápido que conseguimos, e Leiftan soca mais um botão, fechando a entrada pela qual chegamos, nos deixando num pequeno breu. Consigo ouvir o barulho de goteiras, e alguns focos de luz aqui e ali.

- Estamos... De baixo da Cerejeira Centenária. - ele diz fraco.

- Como sabia dessa passagem?

- É uma longa história...

"Eu a usava... Antigamente."

Seu pensamento deixa a minha garganta seca. Lembrar do que ele fazia "antigamente" me corrói, mas não importa. Tenho que levar ele para a enfermaria, e para isso, tenho que chegar a outra extremidade da passagem, que nos libertará.

Conseguimos chegar até a metade do corredor da passagem, mas foi nesse exato momento que eu senti dor, muita dor.

Eu sentia como se meu abdomen tivesse sido perfurado completamente, como se a minha carne se cortasse aos poucos, mas eu não possuía nenhuma marca.

Solto um berro de dor, e caio de joelhos, levando Leiftan junto. Ele consegue se apoiar em uma das paredes, e cai mais lentamente ao chão.

Eu esqueci completamente da união de nossas almas.

Se ele se ferisse, eu me feria também.

E se ele morresse, eu morreria junto.

Tento me levantar, apoiando minhas mãos na parede, mas a dor era tanta, que acabei caindo novamente, apenas aumentando a dor. Leiftan também deu um berro. Provavelmente minha queda o afetou também.

- Me desculpe... Desculpe mesmo! - digo, antes de gemer em agonia.

- Acho... Que não temos mais forças... Para continuar... - Leiftan diz, ofegante, encarando os fatos.

Nós morreríamos aqui.

Lágrimas pesadas começam a escorrer pelo meu rosto, sem que eu pudesse impedir. Leiftan assume uma expressão triste ao ver o meu estado.

- Me desculpe... - digo, entre meus soluços - Se eu tivesse sido mais ágil, ou menos estabanada... Nós não estaríamos...

- Katie... - ele me corta, levando uma de suas mão ao meu rosto, e enchuga as minhas lágrimas. Parece que faz séculos que ele não faz isso. - Um de nós dois deve mil desculpas ao outro, e você com certeza não é esse "um". - ele termina com uma voz pesada, como se carregasse toda a tristeza e arrependimento do mundo.

Seus olhos procuram os meus, antes dele continuar:

- Eu sei que menti, sei que matei inocentes, e sei que te enganei, e que te feri cruelmente, mesmo tendo jurado a mim mesmo de protegê-la de corpo e alma. Cometi o pior erro da minha vida, e afastei a coisa mais preciosa do mundo para mim... Você. - ele pausa, para enfatizar suas palavras - Eu sou apaixonado por você, me apaixono cada dia mais... Essas semanas sem você foram como uma tortura... Eu tentei te superar, tentei seguir em frente... Mas a verdade, é que eu não quero seguir em frente. Sem você, eu não quero. Prefiro ficar preso em todos os momentos em que estive ao seu lado, do que encarar um futuro onde você não está lá.

- Leiftan... - sua mão ainda está repousada na minha bochecha, e a toco levemente com a minha, antes voltar a lacrimejar - Mesmo você tendo feito aquilo comigo, nunca consegui te esquecer. Também tentei te superar, achei que acharia alguém melhor que você. Mas não há ninguém nesse mundo que irá te substituir... Você virou meu porto-seguro no meio das trevas, e eu fico perdida sem você... Eu o amo como nunca amei outra pessoa, e fui burra o suficiente para negar isso...

- Nunca mais se chame de burra... Você é tudo, menos isso. - ele responde, docemente. Seu olhar muda, como se toda a tristeza, dor e angústia que sentira por toda a vida se dissipasse com minhas palavras. Esse é o olhar pelo qual me perdi, e me apaixonei...

- ARGH!!! - Leiftan berra, caindo no piso frio, por causa de uma dor aguda que eu sentiria logo em seguida.

Minha vista está turva, mas sou capaz de ver uma enorme poça de sangue ao redor dele.

Me debruço ao seu lado, desesperada. Ele não pode morrer, não agora...!

- LEIFTAN...!!! LEIFTAN...!!! - as lágrimas dominam meus olhos novamente.

- Me desculpe por tudo, meu amor... - ele susurra.

- Não importa... - digo entre soluços. - Eu te amo Leiftan. Te amo com todo o meu coração.

- Eu também te amo Katie, com todo o meu coração.

Me deito sobre seu ombro, tentando me aconchegar nele, apesar de estarmos em cima de um piso duro e frio. Ele se vira, e me encara, com os olhos marejados. Iríamos morrer. E não podíamos fazer nada a respeito. Mas, consegui me acalmar quanto a perspectiva. Eu iria partir ao seu lado. Iria partir, mas com uma certeza: ele ainda me amava.

Leiftan beija suavemente meu nariz, e susurra, calmo:

- Vai ficar tudo bem, meu amor.

- Eu sei...

A dor domina todo o meu corpo, e lhe dou um selinho, como uma despedida.

Fecho meus olhos. Eu já sabia meu destino inevitável. Agora é apenas esperar a vinda da Morte, e a acolher como uma velha amiga.

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora