Sem A Chuva, Nada Cresce. Aprenda A Aceitar As Tempestades Da Vida. (autor.D)

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- Laiza, por que você está aí parada?, nessa chuva toda ainda - diz o mesmo se aproximando, logo tira o casaco que estava usando, e coloca sobre mim - vem, vou te levar até o orfanato - eu permaneci sentada, talvez eu não esteja muito em mim nesse momento - vem Laiza, você pode pegar um resfriado, vamos - mas acabei levantando, logo caminhamos até o seu carro, sentei no banco traseiro, e ele foi para a frente, assumir o volante.

[...]

- O que você estava fazendo ali Laiza? - pergunta ele, sem tirar os olhos da rua.

- Eu - engulo em seco - eu fiquei sentada ali, mas a chuva me pegou - menti.

- Ah, não é bom ficar sozinha ali, ainda mais a esse horário - diz ele - seus olhos me pareceram inchados, estava chorando?

- Não - digo rapidamente, mas ele não é burro, sabe que eu estava.

- Ok, o Issac sabe que você estava aqui? - pergunta ele.

- Não - suspiro - não sabe.

- Entendi - diz sério.

- E como tá a tia? - pergunto quebrando o clima esquisito.

- Ela está bem, as vezes até toca no seu nome - diz.

- Ah, que bom - dou um pequeno sorriso.

A roupa molhado já estava me dando calafrios, meu cabelo pingava, estava me sentindo mau por esta molhando o seu carro.

Em cerca de 5 minutos, chegamos ao orfanato. A chuva praticamente já havia cessado, assim que paramos a porta, vi o Issac na frente dela, provavelmente me esperando, eu imagino, a essa altura, eu pensei que ele já estivesse em casa. Vi o espanto em seu rosto ao nos ver, logo abri a porta e sair, o Tio Ricardo também saiu.

- Laiza.. - diz o Issac se aproximando de mim um pouco desconfiado - ta tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - eu apenas balanço a cabeça de um modo negativo, ainda não conseguia o encarar depois de hoje.

- Obrigada pela carona tio Ricardo - digo me virando para o mesmo, e entregando o seu casaco - e me desculpe qualquer coisa.

- Que nada, disponha - diz ele, vejo que seu olhar vai parar no Issac, havia uma grande tensão no ar, via uma expressão de tristeza e mágoa no rosto do Issac, já no do Ricardo, apenas orgulho, e talvez uma pintada de ressentimento.

- Bem - diz o Issac olhando para mim - acho que é melhor eu ir, será que podemos conversar amanhã na escola? - pergunta ele.

- Ta - digo em um fio de voz. Logo a chuva que havia cessado, começou a retornar.

- Então beleza - diz ainda com os olhos em mim, mas logo se vira na direção do tio Ricardo, mas não permanece por muito tempo, o mesmo começa a andar para ir embora com as mãos no bolso.

- Ei, moleque - a voz do Ricardo paira sobre o lugar, fazendo o Issac parar de andar - entra no carro, posso li dar uma carona - diz ele.

- Eu prefiro ir andando - diz o Isaac frio, sem olhar para trás, e assim volta a andar.

- Deixa de besteira garoto, está chovendo, venha logo - diz o Ricardo em um tom mais alto. O Issac solta um pequeno riso sarcástico, e se volta em nossa direção, logo se põe a falar.

- O Senhor, meu pai, não se preocupou com a chuva quando me expulsou de casa - diz frio, novamente nos dar as costas e vai embora.

Olho para o tio Ricardo que ficou paralisado, vendo o Issac saindo, já eu teria que entrar, posso muito bem pegar uma pneumonia, de tanta chuva que tô tomando.

- Bem.. - digo chamando a atenção dele - preciso entrar agora, boa noite, e mais uma vez, obrigada.

- Não há de quer Laiza - diz ele dando um pequeno sorriso - Boa pra você também - logo entra no carro, e dá a partida.

Logo vou entrando, e fechando a porta, vou me encaminhando para dentro do Orfanato, devia ser umas 21:00, então todas as crianças estariam em suas camas, não chamaria atenção, graças a Deus.

Quando já estava perto de subir as escadas, escutei um passo.

- Senhorita Laiza - Meu coração quase vai na boca, me viro lentamente, e lá está a flor.

- Querida - diz ela se aproximando, e passando a mão em meu vestido - olha só o seu estado. O que aconteceu? O que estava fazendo lá fora com essa chuva? E por que está toda molhada desse jeito? Quer ficar doente menina? - esse com certeza, é o pior momento pra eu tá recebendo sermão.

- Flor - olho para ela com uma expressão cansada - eu só quero tomar um banho, e ir para cama dormir, só isso - digo quase em um sussurro.

- Oh, minha menina - diz ela me abraçando sem se preocupar com o fato de eu estar molhada.

- Por favor, não conta pra minha madrinha - suplico ainda em seus braços.

- Ta tudo bem, não irei contar - logo a mesma se afasta cessando o abraço - vem, vamos subir, irei preparar um banho quentinho para você.

- Não Flor - falo pegando em sua mão - não se preocupe, vá descansar, eu me viro sozinha.

- Certeza minha pequena? - pergunta colocando a mão sobre a minha.

- A mais plena certeza - dou um sorriso sem sal - agora pode ir, tá tudo bem.

- Está bem então - suspira - tenha uma ótima noite princesa - diz, beijando minha testa.

- Você também Flor.

[...]

Assim que a flor foi embora, subi para o meu quarto, tomei um banho quente demorado, mas não tanto, precisava relaxar os músculos do meu corpo, fiquei sentada no chão do banheiro a um bom tempo, deixando apenas a água do chuveiro cai sobre  minha cabeça.
Eu precisava mudar, me tornar uma pessoa melhor, tenho que parar com certas manias, tenho que sair da minha área de conforto, preciso enfrentar a realidade com os olhos abertos, tenho que zelar pelas pessoas que amo, como o Issac, tenho que cuidar dele, assim como o cuida de mim, ele precisa de um apoio, sei que  não é fácil pra ele olhar para o cara que o expulsou de casa, pelo fato de não aceita-lo como é, e mais difícil ainda, saber que esse cara, é o seu pai.

Assim que sai do banho, vesti um pijama confortável, enxuguei o cabelo, deixando apenas úmido, não estava com paciência para ligar o secador, peguei o remédio de pressão, e o tomei. Então, logo me deito na cama, deixei meus olhos se perderem no teto do quarto, eu realmente preciso mudar, e eu irei, é uma promessa para mim mesma, logo me encontrei em um profundo sono.

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