Estava a caminho do jardim da escola, o Issac ficou de me esperar lá, então lá vamos nós.
No caminho avisto novamente a Ludimila, mas ela desvia de mim. Bem, uma hora teremos que conversar, eu gosto dela, por mais que seja muito louca, eu realmente gosto dela, e eu não fiquei chateada com aquilo que ela disse, ainda mais no estado que ela disse.
Avisto o Issac em pé, em frente a uma das árvores que tem no jardim, é a famosa árvore dos nomes, todo mundo escreve o seu nome nela, as vezes também umas iniciais de casais. Porém eu nunca escrevi meu nome ali, isso é meio bobo.
- Oi, chatinho - chego perto dele sorrindo.
- Oi, coisa triste - diz olhando para mim - tudo numa boa ruivinha?
- Tudo sim, e para de me chamar assim, você sabe que eu não gosto - franjo o cenho.
- Ok ruivinha, não vou te chamar mais de ruivinha, ruivinha - diz cruzando os braços com um sorriso brincalhão.
- Você é um palhaço mesmo - faço cara feia para ele.
- Ah, qual é? Vem cá, vem - diz me dando um abraço - como foi as aulas até agora?
- Foram normais, que dizer... Hoje eu expus uma opinião minha na frente da sala - digo, e o Issac se afasta de mim, me olha como se estivesse me analisando.
- Eu ouvi direito? - pergunta ele.
- Não sei, tá com cera no ouvido? - levanto uma sobrancelha.
- Então você falou na frente da sala toda uma opinião sua sobre um assunto? - pergunta ele parecendo perplexo.
- É, Issac!! - cruzo os braços
- Nossa, isso é fantástico - diz ele rindo batendo palmas - que orgulho em, Laiza vergonha em pessoa, falar em público? Que revolução minha gente.
- Iiii, isso não é lá grande coisa - dou de ombros - e também você meio que me ajudou com isso.
- Eu ajudei? - pergunta ele apontando o dedo pra si mesmo.
- Sim, exatamente - toco meu dedo indicador em seu peito - por causa da sua apresentação no auditório, aquilo me tocou mesmo - dou um sorriso ladino - você falou de um jeito tão, ahh - suspiro - conseguiu desperta esse lado em mim - digo, e ele em uma atitude inesperada me abraça.
- Ahh, Laiza - diz ainda me abraçando - ambos se ajudaram, eu diria.
Ficamos abraços ainda por 30 segundos, mas logo o desfiz.
- Então - limpo a garganta - sobre aquilo que eu queria te falar...
- Sobre novas mudanças - diz o Issac.
- Sim, é que.. - suspiro - Sei lá Sac, parece que tudo esfriou de uma hora pra outra entre mim e o Kian.
- De uma hora para outra? Tem certeza? - diz ele um pouco confuso.
- Sim, ele começou a ficar frio, parece que anda me evitando, não sei, mas hoje ele até me deu um sorriso no meio da aula, eu não consigo entender - suspiro.
- Quando exatamente ele começou a ficar assim? - pergunta o Issac.
- Bem, no dia seguinte após a reuniãozinha que fizemos em sua casa.
- Mas ele me parecia bem lá, vocês dois estavam de bem.
- Simm! É isso que não entendo, será que ele sofre de bipolaridade? - pergunto.
- Não, não sei, não me parece o perfil do Kian, a algo de errado nessa história Laiza - diz ele pensativo - algo muito errado.
- Eu já não sei de nada - me viro, e passo os dedos no tronco da árvore.
- Hum, posso tentar conversa com ele, se você quiser - diz o Issac.
- Não - falo rapidamente - não se preocupe, eu tenho que resolver isso sozinha, mas obrigado - ponho a mão em seu ombro.
- Então tá bem - diz ele - que ir em uma festa hoje a noite?
- Prefiro ficar longe de festas por hora, e também não poderia ir, tenho um compromisso hoje - tiro minha mão do seu ombro.
- Ummm, compromisso, é? - diz ele me fitando.
- Sim, jantarei com minha madrinha.
- Ahhh, ent..
- E o namorado dela - completo o interrompendo.
- Ah... Namorado.... dela.. - diz calmamente fazendo uma cara esquisita.
- Que cara é essa? - pergunto, logo ele me olha com uma sobrancelha levantada.
- Que cara? - pergunta.
- A sua - digo cruzando os braços.
- O que tem a minha cara?
- Sei lá, por que fez essa cara? - semi cerro os olhos.
- An? Eu só tenho essa cara Laiza, deixa de ser surtada - diz dando um leve tapa em minha testa.
- Você fez uma cara, não me engane - continuo a olhar-lo com os braços cruzados, logo ele se abaixa, e pega uma pedra meio pontuda - Ei, o que pensa que está fazendo? - falo recuando para trás.
Ele me olha por um segundo, mas logo se aproxima do tronco da árvore, e escreve as iniciais dos nossos nomes, e as circula, por fim, devolve a pedra ao chão.
- Ah - solto um riso - pensei que ia picar em minha cabeça - digo chegando perto do tronco da árvore.
- Devia mesmo - diz olhando o tronco - mas não posso.
- Que fofinho - digo ignorando o que ele acabara de dizer. Passo a mão no lugar aonde ele escreveu com a pedra - por que fez um círculo? E não um coração?
- Dizem que o círculo não tem começo, e nem fim - diz ele dando de ombros.
- Mas as coisas precisam ter um começo - digo.
- Talvez, mas tudo que tem um começo, precisa ter um fim - diz, e se vira para mim - E eu não quero que a gente tenha um - ele abri um sorriso sincero, e eu o devolvo.
- Poxa.. - abraço ele - você é demais para mim!
[...]
Assim que o intervalo acabou, voltei para a sala, enfrentei uma aula de geografia, e outra de matemática, e logo estava liberada. Voltei para o orfanato sozinha, o Kian disse que precisava passar em um lugar, e que já havia informado a diretora, então fui pra casa sozinha, pois o Issac saiu mais cedo, ele tinha que resolver algo no trabalho.
Quando cheguei no Orfanato, fui para o meu quarto escolher a roupa que iria usar, acabei escolhendo um vestido preto e branco xadrez, e uma blusa branca por baixo. Deixei tudo organizado, e quando deu 18:30, comecei a me arrumar, sairíamos daqui a pouco 19:30, então fui bem ágil para não me atrasar, deixei o cabelo solto, mas partido no meio, passei apenas um brilho de cereja, e fiquei pronta.
Quando deu o horário, desci para encontrar minha madrinha, ela estava linda, usava um vestido vermelho, não muito justo, deixou os seus lindos cabelos ondulados soltos e, usou uma maquiagem básica. Quem será esse homem que está mexendo tanto com ela?
Logo fomos para o seu carro. O restaurante não ficava muito longe, foi cerca de 15 minutos para chegarmos lá, minha madrinha havia reservado a mesa, ele pelo visto não havia chegado, já perdeu um ponto comigo, não gosto muito de esperar.
- Ele deve ter pegado trânsito - diz minha madrinha olhando para a porta do restaurante.
- É, deve ter sido - abaixei o olhar, e fiquei brincando com as flores que estavam no centro da mesma. Sempre quando não tenho nada para fazer, busco a primeira coisa que tenho para me distrair.
Passou uns cinco minutos, e eu ainda estava com os meus olhos nas flores, deixei meus pensamentos fluírem também, mas logo foram interrompidos por uma voz.
- Olá, Laiza - espera, eu conheço essa voz!!
Assim que levantei o olhar, fiquei perplexa, não pode ser...
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A Minha Metade
RomanceEste livro retrata a história de Laiza, uma órfã que está a 12 anos em um orfanato, você deve está se perguntando se existe essa possibilidade, e sim, existe, e o que a deixa mais frustrada é saber qui daqui que a 4 meses estará fazendo 18 anos, ou...