Relembrando

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Assim os dias foram se passando, e chegamos no mês de setembro, nada mudou, eu continuava indo para a escola com o Kian, eu e ele estávamos na mesma, não somos namorados, mas também não somos lá amigos, acho que estamos descobrindo o que somos pra falar a verdade.

Hoje era uma tarde de sábado, e eu iria tomar sorvete com o Issac, como é de lei né, estava vestida com um cropped preto e um short jeans, peguei um casaco também, deixei o cabelo solto, e por fim coloquei uma rasteirinha. Desci as escadas para logo encontrar o Issac na praça, vejo o Kian sentado em um banco desenhando, sorrio para ele que me devolve com um aceno e assim parto

[...]

Assim que chego na praça avisto o Issac em pé me esperando.

- Atrasada 10 minutos - diz ele assim que me aproximo.

- Ah deixa de besteira - falo o abraçando, mas logo ele desfaz o abraço de um jeito delicado, sorrir comigo mesma, desde aquele dia o Issac parece que tem medo que eu chegue perto dele, isso é muito engraçado.

- Vamos? - diz ele olhando na direção da sorveteria..

- Vamos - falo e logo caminhamos até lá.

Como sempre eu com o meu sorvete de morango, e ele com o dele de Baunilha, nos sentamos em um banco da praça.

- Iai você e o Kian? Como estão? - pergunta ele

- Normal? - falo fazendo uma cara óbvia.

- Por que vocês não entram logo em um relacionamento?

- Bem, talvez não estamos prontos, e não sei se é o que queremos - falo remexendo meu sorvete.

- Então isso é só uma diversão pra vocês?

- Não, também não é isso, Ah eu não sei explicar Issac - digo balançando a cabeça e dando de ombros.

- Só toma cuidado pra não se machucar, não que o Kian pudesse fazer algum mal a você, até por que acho que ele é um ótimo menino, só que você as vezes complica muito as coisas com essa sua cabecinha aí - diz ele esfregando a mão na minha cabeça..

- Eii, eu sei tá - falo tirando a mão dele de mim - tô agindo com calma.

- Mas vem cá... Vocês só ficam nos beijos mesmo né? - pergunta o Issac fazendo eu quase derrubar o pote de sorvete.

- Meu Deus, claro que sim, o que você acha que eu sou?

- Calma - diz ele dando risada - e ver se não derruba seu sorvete, eu não vou fazer que nem da quela vez de novo.

- Você se lembra? - pergunto sorrindo me referindo a uma lembrança do passado.

- É claro que eu me lembro - diz ele devolvendo o sorriso.

- É que éramos tão pequenos.

- Sim, mas como eu iria esquecer o dia que eu conheci a menina que mudou minha vida de uma escala de boa para maravilhosa.

Flashback(on)

Era uma tarde de sábado e a minha madrinha havia me levado para tomar sorvete, eu tinha em média 8 anos, ela ficou sentada em um banco enquanto eu brincava com o meu sorvete na mão, só que em um momento eu fui correr o que acabou fazendo com o que eu derrubasse o sorvete, assim me pus a chorar,fiquei agachada ali olhando para o sorvete caído no chão, até por que aquele sorvete estava uma delícia.

- Ei menina - ouço uma voz, e ali na minha frente tinha um menino um pouquinho mais alto que eu, ele era louro, sim, ele era o Issac, ele também estava tomando sorvete.

- Oi - falo me levantando ainda choramingando.

- Poxa - diz ele ao ver meu sorvete no chão - toma, não precisa chorar - diz ele me estendendo o sorvete dele.

- Você tá me dando? - pergunto enxugando as lágrimas com as mãos.

- Sim, pode pegar - disse ele sorrindo fazendo um movimento com a mão para eu pegar.

- Tá bom - falo ao pegar o sorvete - obrigada - mas logo percebo que não era de morango e ele olha para  minha cara um pouco decepcionado.

- Ah, o seu era de morango - diz ele olhando pro meu sorvete no chão - mas baunilha também é bom, prova pra você ver - assim eu provei, e é bom mesmo, só não melhor que o de morango, assim eu sorrir para ele.

- Issac, vamos - diz um moço ao se aproximar de nós - Ah, fez uma amiguinha?

- Eu dei o meu sorvete pra ela pai - diz ele sorrindo para o pai como se tivesse realizado uma prova.

- Muito bom, mas não acha que tá muito novo pra tá paquerando as meninas não - diz o pai dele bagunçando o seu cabelo.

- An? - perguntou o Issac confuso.

- Laiza, eu falei pra você não se distancia mui.. - agora era a minha madrinha que havia se aproximado - O que houve? Ela causou algum problema? - pergunta ela ao pai do Issac.

- Não, está tudo bem, ela só estava conversando com o meu filho - diz ele apertando de leve os ombros do Issac.

- Bem, então vamos Laiza? - pergunta a minha madrinha.

- Unhum - murmuro.

- Xau menina - diz o Issac me dando xau com um sorriso no rosto.

- Xau - falo devolvendo um sorriso e tomando um pouco do sorvete.

Logo assim eu e minha madrinha voltamos para o orfanato, passados uns dias descobri que o Issac estudava na mesma escola que a minha, e assim fomos criando uma amizade, e querendo ou não aos sábados o Issac sempre me trás para tomar sorvete.

Flashback(off)

- Você foi muito generoso comigo, mesmo tão pequeno - falo o olhando.

- Sim, e não me arrependo chatinha, agora dê bastante valor, não sou do tipo que dar o meu precioso sorvete de baunilha pra alguém - diz ele dando uma colherada no seu sorvete.

Fico pensando, ele deve senti bastante saudades do pai, na quele tempo eles pareciam ser bastante unidos, é triste ver que esse ciclo foi quebrado por falta de tolerância e empatia.

Ficamos ali conversando tomando nossos sorvetes, eu realmente amo muito o Issac, ele é o irmão que eu nunca tive, e sempre será.

[...]

Quando deu 17:30 ele me deixou na porta do orfanato.

- Em seu castelo princesa - diz ele fazendo uma reverência ridícula.

- Obrigado meu príncipe - falo devolvendo a reverencia rindo dessa cena ridícula.

- Ah, virei o seu príncipe agora? - diz ele cruzando os braços - por que daquela outra vez você me rejeitou como príncipe.

- Aí deixa de ser idiota - falo rindo e ele logo se aproxima de mim, me envolvendo em um abraço.

- Te amo muito - diz ele ainda me abraçando.

- Eu também te amo - falo o apertando mais, por mim não sairia dali.

- Manda lembranças pro Dragão Kian - diz ele cessando o abraço me fazendo rir.

- Que horror, xau palhaço - digo já indo em direção a porta.

- Xau linda - diz ele sorrindo para mim, e assim eu fecho a porta e entro no orfanato.

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