Capítulo 04: Festa, Beijos no Escuro e Uma Notícia de TV

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Jinhwan não tinha gostado nada do Brasil, principalmente na primeira universidade que estudou, onde sofria todo tipo de bullying por ser asiático. O clássico da mochila cheia de sushi, abrir seu armário e cair peixe morto, ouvir frases como: "Glenn do The Walking Dead me dá um autografo!" ou "Por que você não abre os olhos?". Mas nunca ninguém tinha irritado mais ele do que Carol Castro, principalmente pelo fato dela achar que estava sendo legal e prestativa com ele.

Ir para uma super festa logo nos primeiros dias do período da universidade? Incrível! Ser abordado pela Carol Castro daquela maneira? Nem tanto.

–Meninos, vocês chegaram! –Gritou Carol vindo em sua direção desviando dos bêbados que dançavam loucamente.

–E aí, Carol? –Cumprimentou Renan animado a abraçando. Eles eram grandes amigos, o que Jinhwan estranhava, já que a jornalista parecia só ter olhos para "as minorias". Ela o abraçou apertado e lhe entregou uma garrafa.

–O que é isso?

–Eu pensei que você podia ficar deslocado com essas bebidas e comprei saquê pra você! –Jinhwan abriu a boca super ofendido.

–Nós temos vodka e vinho na Coréia também! Asiáticos não bebem só saquê!!! Toma Renan, fica de presente, vou esfriar um pouco a cabeça e já volto! –E saiu deixando Carol, Renan e a garrafa de saquê pra trás.

–Parece que ele ficou um pouco estressado, foi alguma coisa que eu disse? –Perguntou Carol confusa.

–Esquece isso, Carol. Vem cá vamos beber –Disse Renan abrindo a garrafa. Os dois tomaram longos goles, fizeram caretas e depois riram.

–Ei! Olha quem esta chegando sozinha!

–Quem?

–Seu amor platônico.

Renan engasgou com a bebida e a viu entrar na casa, Roberta Reis era de tirar o folego, ela não era só bonita, era engraçada, inteligente e depois do dia em que foram atacados pelos afetados, soube que ela era boa de pensar sobre pressão. Eles trabalhavam no mesmo laboratório e estudavam na mesma sala, mas seus diálogos sempre foram monossilábicos. Ela o avistou e sorriu e caminhou em sua direção, seu coração acelerou, experiências de quase morte pareciam aproximar as pessoas.

–Oi Renan, oi Carol! –Ela o abraçou! Renan quase revirou os olhos.

–Cadê o David? –Idiota! Por que sua primeira frase foi perguntando pelo namorado dela?! Ele se xingou mentalmente enquanto ela respondeu.

–Parou para conversar com uns amigos, eu disse que queria dançar, mas ele não gosta e tal, aí vi você e pensei, será que ele gostaria de dançar comigo?

Renan abriu a boca, o chão pareceu sumir de baixo de seus pés, aquilo estava mesmo acontecendo? Roberta Reis estava chamando ele pra dançar? Ou seria tudo alucinação por causa do saquê. Ele olhou pra garrafa em suas mãos, mas ela foi arrancada pela Carol.

–Podem se dançar, eu cuido da garrafa –Disse dando uma piscadela pro amigo.

Roberta o puxou pelo braço e foram pra pista de dança, Renan nunca foi um bom dançarino, por sorte as pessoas à sua volta dançavam desengonçadas e bêbadas, mas se divertiam muito. A música era meio sensual, Roberta erguia os braços e se balançava sorrindo sensualmente, Renan a olhava animado, aquela sem dúvida seria a melhor festa de sua vida. Começou a dançar para não ficar com cara de idiota só a assistindo, ela pôs os braços em volta de seu pescoço, o coração do garoto estava à mil.

–Eu não falei pra ninguém sobre a estufa –Ela puxou conversa.

–Nem eu.

–Quase surtei essa semana querendo conversar sobre, mas não tinha com quem, fiquei contando as horas para encontrar você e o Jinhwan para ter certeza que aquilo aconteceu de verdade.

Guerra das AranhasOnde histórias criam vida. Descubra agora