>><<
O sangue subiu a cabeça, meu estômago parecia dar voltas e senti minhas pernas bambas.
Todos, sem exceção, olhavam pra mim, esperando uma reação ou uma resposta da minha parte. O silêncio estava me matando.
Eu levanto minha mão e com minha individualidade, atraio seu corpo como um ímã até mim. E depois o prendo contra a parede. Midoriya tenta me tocar, mas com minha outra mão mudo o ponto de gravidade para atrás dele e o menor é atraído para longe, se chocando contra as cadeiras da sala de aula.
— Morra, seu bosta! — Bakugou olha animado para Monoma sendo esmagado pela força que o puxava contra a parede.
— Não vai querer arrumar problemas no seu primeiro dia, certo? Shiro, pare com isso! — Yaoyorozu diz.
— Nós não nos importamos com o que ele diz, deixe-o ir. — Midoriya também fala.
— Shiro, se acalme, por favor. — Uraraka diz.
Eu hesito antes de soltá-lo. Ele cai no chão e põe as mão nas costas.
Eu olho em volta e todos da sala parecem assustados.
Esse olhar familiar...
De medo.
Era o que eu queria evitar. Mas eu acabei perdendo o controle. Agora eles acham que eu sou uma assassina. Será que vão me tratar como vilã daqui pra frente?
Bem, eu pedi por isso não é? Quis afastá-los. Era para eu me focar nos estudos, certo? Por que estou me importando com o jeito que me olham?
— Lute comigo, vamo ver quem é mais forte! — Bakugou se vira pra mim. Ele estende a mão e delas saem algum tipo de faísca.
— Como eu já sabia. — Monoma diz ainda no chão. — São inferiores. Se rebaixam a esse ponto.
Com minha individualidade eu o arrasto para fora da sala num piscar de olhos e bato a porta.
Eu me viro e me dirijo para minha carteira.
— Já acabou? — Shouta pergunta no canto da sala em um saco de dormir.
— Já. — Passo por ele.
— Aizawa-sensei estava aqui esse tempo todo? Como ele chegou ali? — Uraraka balbucia.
>><<
Após o meio-dia quando as aulas normais acabaram eu fui ao refeitório. Coloquei minha comida em uma bandeja e tentei procurar uma mesa vazia. Me sentei e comecei a comer sozinha.
Não esperava que ninguém se sentasse comigo, não depois do que aconteceu hoje. Além de ser acusada de assassinato publicamente, reagi da pior forma possível. Acho que vou ficar sozinha daqui pra frente por um bom temp-
— Posso me sentar aqui? — Levanto o rosto para ver quem estava falando comigo. Era Todoroki.
— Hun?
— Ei, você está aqui. Você saiu da sala tão rápido. — Midoriya anda até nós e se senta. Todoroki faz o mesmo.
— Sim, estava com tanta fome assim, Shiro? — Uraraka se senta ao meu lado.
Eu fico confusa.
— O que estão fazendo? — Pergunto.
— Estamos almoçando. — Todoroki diz.
Eu penso em xinga-lo por ser irônico mas...ele não estava sendo. Seus olhos transmitiam pura inocência. E aquilo me acalmou instantâneamente.
— Mas...depois de hoje...eu achei que...na verdade eu tinha certeza que...— Eu pressiono os lábios. — Por que caralhos vocês continuam vindo falar comigo? — Eu me levanto da mesa.
— As vezes você soa como o Kacchan. — Midoriya diz.
— Por que pergunta? — Uraraka começa. — Você não quer que a gente converse com você?
— Vocês acreditaram em Monoma? — Pergunto.
— Nós deveríamos? — Todoroki olha pra mim.
— Não! Quer dizer...sim... Mais ou menos, na verdade. — Eu desvio o olhar.
— Podemos confiar em você? — Todoroki pergunta.
Eu não sei o que responder. Eu não sei se quero eles por perto.
— Sim, mas...Isso não significa que eu queira ser amiga de vocês. Todas as amizades que eu tive algum dia foram pelo ralo. Muitos devem achar que eu estou morta agora. Eu vim pra essa escola para estudar, ter onde ficar e o que comer, e não para criar laços sendo que vou perdê-los um dia. Não suportaria ver isso acontecendo outra vez...
Eu levanto meus olhos e todos pararam de comer para me ouvir.
Droga.
Acabei dizendo tudo que estava em meu coração. Falei mais do que deveria.
— Me desculpem. — Me viro para sair mas algo me segura.
Viro o rosto rapidamente e vejo Todoroki segurando minha mão para que eu não fosse embora.
— Eu posso imaginar, até entendo um pouco. No começo eu não queria criar laços com ninguém mas isso é algo inevitável. — Ele diz.
MINHA MÃO! SOLTE MINHA MÃO! TODOS ESTÃO OLHANDO! SINTO MEU ROSTO RUBORIZANDO!
— Eu...
— Somos bons amigos, confie em nós e nós confiaremos em você, estaremos com você. — Ele continua.
SERÁ QUE ELE NÃO TÁ PERCEBENDO??
— O-okay. — Eu puxo minha mão e ele finalmente me solta e volta a comer tranquilamente.
SERÁ QUE NINGUÉM AQUI RESPEITA MAIS O ESPAÇO PESSOAL?
Todos na mesa nos olham de olhos arregalados sem entender muito bem o que aconteceu.
Eu me sento novamente e continuamos o almoço conversando e mudando totalmente de assunto.
>><<
VOCÊ ESTÁ LENDO
Can I be a Hero? • [Boku No Hero]
Teen FictionApós finalmente terminar o seu 1° ano na escola de heróis UA, Iwasaki Shiro vê sua vida desmoronar diante de seus olhos quando é acusada da morte de seus pais. Ela some no mundo, vivendo na rua entre becos por 2 anos. Mas um encontro inesperado c...