[ POV'S AKAYUKI ]
— O RESULTADO É 27, VOCÊ É BURRO POR ACASO? — Meu pai gritava.
— EU AINDA TÔ NA SEGUNDA PARTE DA CONTA! EU PEDI PRA ESPERAR! VOCÊ TEM ALGUM PROBLEMA COGNITIVO POR ACASO?
— Eu deveria tacar você pela janela.
— Eu deveria jogar um sofá na sua cabeça. — Respondi.
— Ah, já chega. Estou cansado, vou tomar um banho e ir dormir. — Ele se levanta, espreguiçando-se por conseguinte. — Termine isso e arrume suas coisas para se deitar também.
— Okay... — Digo de forma manhosa.
— Boa noite, pirralho. — Ele afaga meus fios brancos desengonçadamente antes de beijar minha cabeça.
Eu mantenho os lábios selados e sinto meu rosto corar um pouco, mesmo meu pai fazendo isso todas as noites. O loiro deixa meu quarto e entra no banheiro nos fundos do corredor.
— Boa noite, velhote. — Balbuciei sozinho no cômodo.
Continuo focado na atividade de matemática que estava bem fácil. Meus pais eram muito inteligentes e sempre me ajudaram em meus estudos, por isso nunca tive dificuldade em nenhuma matéria.
Paro de escrever quando ouço o bagulho de algo sendo quebrado. Não pude deixar de pensar se algo tinha acontecido na cozinha. Eu me levantei e sai para olhar no corredor. Pensei em chamar minha mãe pelo nome, mas o silêncio absoluto na cozinha me deixou em alerta, podendo ser ataque de algum vilão. Pensei também em ir até meu pai, mas o chuveiro já havia sido ligado e até eu conseguir chamá-lo eu iria fazer muito barulho.
Andei sorrateiramente pelo corredor e desci as escadas para a sala de estar. A luz da cozinha era a única que estava acesa, e para lá me dirigi.
Fico perplexo ao ver minha mãe, ajoelhada no chão, parada e com um olhar completamente perdido. Enquanto Hoshi segurava deu pescoço com muita força.
Eu comecei a tremer, tentei gritar mas minha voz não saia. Levantei minhas mãos em sua direção e projetei um pequeno ponto de explosão perto de seu corpo.
Ele se afasta da minha mãe, que cai no chão e respira com brusquidão numa tentativa de recuperar o ar.
— Eu vou... matar... você! — Disse ele antes de correr em minha direção com um semblante assustador estampado em seu rosto.
Eu me recomponho, apesar de não saber exatamente o que estava acontecendo aqui. Eu precisaria colocar em prática todos os ensinamentos de minha mãe e meu pai sobre luta e controle da minha individualidade. Me ensinaram desde pequeno o básico para que eu pudesse me defender e conseguir fugir, já que, por sermos uma família de heróis, estaríamos propensos a vários ataques de vilões.
O garoto estende sua mão para me tocar, eu me concentro e projeto uma explosão em minha mão para me esquivar.
Projeto outro ponto perto de seu rosto, mas desta vez foi ele que conseguiu fugir. Arrepiei de medo ao vê-lo emanando uma áurea assassina, surgindo dentre a fumaça provocada pela minha individualidade.
Com a outra mão, sem que ele percebesse, coloquei um ponto bem embaixo de seu queixo, fazendo-o recuar. Ele vem pra cima de mim novamente e eu projeto outra explosão para fugir de seu toque.
— PARE DE FUGIR! — Ele grita correndo até mim.
— FIQUE LONGE DA MINHA FAMÍLIA! — Eu corri em sua direção também.
Ele estendeu sua mão para mim, abrindo um sorriso oblíquo.
— Eu venci... — Disse ele quando estava perto o suficiente.
Mas antes de receber seu toque, projetei uma pequena explosão, que me jogou para cima, fazendo-me pular por cima dele.
— MORRA!!! — Gritei antes de desferir uma grande explosão em suas costas.
Após o ataque, eu caí sentado no chão, meu peito subia e descia por causa do cansaço. Encarava, em estado de choque, o garoto pelo qual eu chamava de amigo, desacordado no assoalho danificado pela minha individualidade.
— AKAYUKI! — Meu pai desceu às pressas pela escada. Ele para no lugar assim que vê o estado que a casa ficou, andou mais um pouco e finalmente viu Hoshi desmaiado.
— Você chegou atrasado, velho de merda. — Eu disse ao me levantar e ir até a cozinha. — Mamãe, você tá bem?
— Iwa! — Meu pai corre para ajudá-la. — Que merda aconteceu aqui?
Minha mãe estava atônita, respirava com dificuldade enquanto lágrimas escorriam pelas suas bochechas.
— Vocês são reais? — Ela pergunta.
Meu pai rapidamente envolveu seus braços fortes pelo corpo trêmulo de sua esposa. Ela agarrou-se nele como se nunca mais fosse soltar.
Eu me levanto e me afasto de ambos, tento não deixar transparecer toda minha culpa pela situação, já que era eu quem havia trazido Hoshi para minha casa.
— Eu vou ligar para alguém. — Eu disse antes de me afastar. — Vou pedir ajuda!
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[ POV'S SHIRO ]
Eu ainda estava um pouco atordoada pelas coisas que tinha visto e escutado na noite anterior por causa da individualidade daquele garoto. Não tinha conseguido dormir mesmo depois de terem levado Aokami de casa. Então no começo da manhã, eu fui para o hospital, com as cordas vocais inchadas devido ao enforcamento.
— Olá! Quando eu soube que era você que estava aqui eu vim imediatamente! — A mulher de olhos vermelhos e cabelos azuis acinzentados entra na sala de hospital.
— Olá, Eri! — Eu disse com dificuldade antes de sorrir.
Posicionou-se na minha frente, pondo suas mãos em minha garganta, o pequeno chifre em sua testa começou a brilhar e logo minha garganta estava completamente curada.
— É bom te ver. — Ela diz.
— Realmente. Deveríamos sair novamente. — Falei — Mas é bem difícil achar algum horário em que estamos livres.
— Sim, eu sempre trabalhei aqui no hospital, mas desde que assumi a ala médica da UA a vida tem sido muito mais agitada que o normal. — Ela respondeu antes de soltar um suspiro. — Mas enfim, o que aconteceu?
— Trouxe o assassino de heróis pra minha casa por acidente. — Digo sem mais rodeios.
Eri fica alguns segundos inerte em suas ações para processar o que eu tinha acabado e falar. Sua cabeça cai levemente para o lado e uma expressão confusa toma conta de seu rosto.
— Que...?
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Mais uma vez eu me encontrava, observando pelo vidro, a sala de interrogatório. Aokami estava lá, chorando e pedindo desculpas por tudo que a "outra pessoa havia feito".
— Não consegui nada. — Izumi entra na sala. — Não faço ideia do que está acontecendo e nem como esse garoto conseguiu mentir para Liedy.
— Me deixa falar com ele. — Eu peço.
— Você tem certeza mesmo? — Katsuki perguntou com um tom de preocupação e eu confirmei com a cabeça. — Okay, se aquele pirralho de merda tentar alguma coisa contra você eu vou explodir ele em pedaços.
Eu respirei fundo antes de sair do cômodo que eu estava e entrar na sala de interrogatório.
Sentei-me a frente do garoto que nem conseguia ao menos me olhar nos olhos.
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Can I be a Hero? • [Boku No Hero]
Roman pour AdolescentsApós finalmente terminar o seu 1° ano na escola de heróis UA, Iwasaki Shiro vê sua vida desmoronar diante de seus olhos quando é acusada da morte de seus pais. Ela some no mundo, vivendo na rua entre becos por 2 anos. Mas um encontro inesperado c...