CAPÍTULO 18 NAMORANDO

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Biatriz

Contém cenas de erotismo

Minha mãe continuava examinando cada gesto meu, para descobrir algo que indicasse se eu estava dando em cima da vizinha. Como não podia me acusar sem provas, resolveu se calar enquanto eu prometia.
- Certo, dona Luíza, nada de enxerimento com a filha alheia, só com as que derem liberdade, e já vou dizendo, mamãe, se a Marina me der uma chance, não tem para a família dela. A senhora me conhece.
- Pois tente não deixar ela saber que tem essa possibilidade, não quero que o cretino do pai dela seja grosseiro com você. - Minha mãe voltou e sentou na cama enquanto eu começava a secar os cabelos com uma toalha enrolada na cintura e outra na mão. Eu fui bem sincera:
― Eu estou é cagando para o pai dela. Se rolar algo, ninguém vai se meter.
― Se rolar ou já está rolando, Biatriz Luise? ― Minha mãe parecia uma policial prestes a me colocar um par de algemas. De repente começou a dizer coisas sem sentido.
― Cacet,e Bia, não se envolva com a Marina, ela vai te fazer sofrer. Eu sei como e isso, parece sina, meu senhor, será que já não basta uma sofrer, isso agora tem que ser com minha filha? Droga. Drogaaa.
― Relaxa, mãe, eu sei me cuidar, não se preocupe, mas a senhora está falando de quem? Quem sofreu foi a senhora?
― Deixa pra lá, é uma longa história. Um dia eu te conto, mas tome cuidado, meu amor, não vá fazer besteira e nem se apaixonar pela Marina.
Agora é tarde, mãe, eu pensei enquanto terminava de me vestir. Minha mãe estava na porta do quarto me esperando e, juntas, descemos as escadas para arrumar a bagunça da noite anterior.
Na sala, havia copos e restos de comida espalhados em todo canto. Limpei tudo bem rapidinho, então o meu celular vibrou e atendi rapidamente:
- Oi! Estava pensando em você agora, aliás, eu não parei de pensar em você.
Minha mãe, vendo-me falando ao celular, saiu balançando a cabeça como se me achasse um caso perdido. Eu voltei para minha ligação, que era bem mais interessante.
- Certo, pode continuar o que estava dizendo, era minha mãe me dando uma bronca. Não, nada sério.

MARINA

- Como eu estava dizendo, passei um susto tão grande hoje no café da manhã aqui em casa. Minha mãe está desconfiada e meu irmão viu a gente chegando de mãos dadas. Querem que eu diga o que está acontecendo - falava bem baixinho, com a mão em concha na boca unindo-a ao celular para o som do outro lado sair alto.
- E você vai dizer a verdade? Falei com a minha mãe, ela me disse que com sua mãe era fácil contar, mas o seu pai ia criar caso.
- Eu sei, principalmente com o fato dele achar que as filhas dele são umas santas e as filhas dos outros é que são erradas e também ele não percebe que já cresci, ainda me vê como criança.
- Mas você é quase uma criança, amor.
- Chama de novo. - Amei a forma carinhosa com que ela me tratou, me dando coisas e friezas na barriga.
- Chamar o quê, minha pretinha?
- Deixa pra lá. Quando você chamar de novo, eu te aviso. - Fiquei com vergonha de dizer.
- Se você não me disser o que é, como eu vou saber? - Ela tinha razão, eu é que era envergonhada.
- Depois eu digo.
- Por favor, amor. Fala...
- Isso.
- Isso o quê, amor?
- Isso. Você me chamar de amor. Acho gostoso e, cada vez que você fala, eu sinto uma frieza dentro de mim, como se eu tivesse no alto de uma roda gigante - falei tudo de uma vez para não travar.
- Mas é isso que você é para mim, o meu amor. Meu amor sonhado. Minha linda princesa que eu quero só pra mim. Quer ouvir mais?
- Quero, sim. Se eu disser uma coisa, você não vai rir? Nem me achar boba? - Conversar com ela era tão fácil.
- Nunca, nunca vou rir de você, mas posso rir para você.
- Eu queria te chamar de vida, minha vida. É muito melado?
- Claro que não. São formas carinhosas com que os casais que se amam se tratam.
- Acha que a gente se ama? Não é muito cedo para falar de amor?
- Tem pessoas que foram feitas umas para as outras e eu acho que nós duas somos desse grupo. Mesmo assim, vamos viver aos poucos, um dia de cada vez.
- Está certo. Eu também quero ficar com você e fazer dar certo.
- Amor, estou morrendo de saudade da sua boca. Queria que você estivesse aqui comigo.
- Vem pra cá. Você pode falar para a minha mãe que vamos estudar juntas. Traga livros - convidei, pois eu também queria os beijos dela.
- Estou chegando...
Desligamos e corri para me arrumar. Passei a mão na cama para organizar e fui até a minha mãe:
- Mamãe, a Bia está vindo para me explicar umas coisas de matemática do segundo ano.
- Está certo, traga os livros para cá - ela sugeriu e claro que eu não aceitei.
― Não, mamãe, aqui os meninos fazem bagunça. Eu vou estudar no meu quarto, aliás eu vou expulsar ele da sala lá de cima. ― Eu não me sentia bem mentindo para minha mãe, queria tanto ter coragem de falar.
― Convide a Biazinha para almoçar aqui. A mãe dela nunca cozinha. Assim ela come uma comida decente. ― A voz da minha mãe vinha da cozinha, de onde só dava para ver a cabeça que ela colocou na soleira do portal para avisar.
Fiquei na sala aguardando a campainha tocar. Em poucos minutos, eu vi Bia atravessando a rua com dois livros na mão. Abri a porta e esperei ela entrar. O portão fechou às suas costas e, quando ela entrou na sala, subimos para o meu quarto.
Mal fechei a porta, já fomos nos beijando. Tirei os livros de sua mão e coloquei em cima da cama. Os beijos estavam mais ousados, eu estava descobrindo sensações que antes só conhecia de livros e filmes, mas sentir Bia toda colada no meu corpo, esfregando seu corpo no meu, a sensação era alucinante e a temperatura do meu corpo ia para as alturas.
― A porta tem chave? ― Bia passou a mão na porta, procurando o metal para trancar.
― Não, eu não tranco. Nunca tranquei. Todo mundo aqui bate antes de entrar. A chave deve estar lá embaixo junto ao molho de chaves da casa ― eu respondia no intervalo entre um beijo e outro.
― Então é melhor parar por aqui... antes que nos peguem. ― Suas mãos levantavam minha saia e ela passeava os dedos com experiência e perigo, subindo para bem próximo à minha calcinha.
A avalanche de sentimentos bombardeava meu coração, que batia acelerado. Uma dor fininha latejava nas minhas partes íntimas e, para ser bem sincera, eu queria muito que ela colocasse as mãos entre minhas pernas. Queria muito, mas não falei nada. Além de não ter coragem, não queria que ela pensasse que eu era oferecida ou vulgar, mas se todas as garotas sentem tudo isso, agora eu entendia por que as pessoas diziam que "fulaninha era uma depravada", ou que "fulaninha era oferecida", mas o que fazia a diferença do que eu estava sentindo para o que elas sentiam? Eu não sabia nem entendia.
― É melhor mesmo... ― eu consegui falar, mas falar e fazer eram duas coisas diferentes. Discretamente, joguei meu quadril para frente, em busca de mais contato. Bia enlouqueceu com o gesto e me prensou mais na parede. Parecia querer entrar em mim. Suas mãos pegaram minha bunda e me puxaram mais para cima dela.
― Marina, posso entrar? - Não sei como pulamos tão rápido. No momento em que minha irmã entrava, olhei para Bia. Ela estava olhando um livro e eu, com as pernas bambas, não sabia onde enfiar a cara ou para onde olhar. Vivi ficou em pé no quarto, olhando para mim, que não conseguia me recompor.
― O que foi? Por que você está com essa cara de enterro? ― Como eu nada falei, Bia respondeu em meu lugar, também de cabeça baixa:
― É uma aposta ,a primeira de nós duas que se mexer perde a aposta.
― Ah, então tá, mas você já perdeu, minha irmã é muito boa nisso. Mamãe está chamando vocês para almoçar. ― Vivi ficou em pé no quarto, esperando uma resposta.
― Marina, melhor dar o jogo como empate, precisamos descer. ― Bia jogou o livro na cama e esperou eu sair do estado de pedra morta em que estava. Eu não sabia como ela conseguia fingir tão bem, nem parecia a mesma que momentos antes estava me beijando com loucura.
― Perfeito, mas eu ganhei. Você se mexeu primeiro. ― Acho que minha voz saiu com raiva, pois imediatamente Bia me olhou e, na hora em que saímos, ela segurou o cós da minha minissaia e sussurrou no meu ouvido:
― Qual o problema, por que está assim?
― Me diga você. Parece que deu graças aos deuses pela interrupção, como se não importasse o que estávamos fazendo ― falei e aproveitei que minha irmã já estava descendo as escadas para puxar a mão dela com força para soltar a minha saia.
Biatriz segurou com mais força e me empurrou para um canto da sala do andar de cima.
― Dei mesmo, amor. Se ela não tivesse aparecido, eu teria perdido a cabeça. Você me enlouquece, minha pretinha. Anda, desmancha essa carinha, eu te adoro, bombom de chocolate. ― Bia me cheirava enquanto falava. Eu passei os braços em seu pescoço na hora em que começamos a nos beijar.
― Marinaaaaaaaa ― o grito da minha mãe veio com eco. Rimos e descemos de mãos dadas até o meio da escada, então soltamos as mãos para que ninguém visse.


🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora