CAPÍTULO 41 DE ALTA

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                                                                CAPÍTULO 41

                 DE ALTA

Capítulo 41

Contém:

Relatos de abuso físico.

Violência  domestica.

Assim que o dia deu sinal de estar acordando eu levantei e fui fazer minha higiene pessoal, a água estava um gelo, tomei um banho rápido ouvindo os sons que vinha do refeitório, carrinhos com as primeiras refeições dos pacientes começaram a circular nos corredores silenciosos.

 Tive um final de noite mal dormido, quando tudo ficou em silêncio e as luzes foram apagadas dava para ouvir  pessoas gemendo, enfermeiras andando, sons de remédios serem colocados nas bandejas  e a respiração da minha filha, que sempre que se virava na cama gemia com dor, cada vez que isso acontecia eu segurava sua mão, e cantava uma canção de ninar, ou dizia palavras carinhosas em seu ouvido, para que ela não acordasse, meu corpo estava quebrado, e eu morrendo de fome, sai do banho já de roupa trocada e aguardei que trouxessem o café da manhã. Não demorou muito  passou o carrinho do café, uma senhora em seus 50 anos bem humorada deixava a bandeja de café em cima de cada mesinha ao lado da cama. 

Quando a senhora saiu, fui dar uma olhada no que tinham trazido como refeição. Um mingau de aveia, uma fatia de mamão, outra de melancia, três torradas, café leite e um carioquinha com manteiga. Comi a metade de tudo, já me sentindo bem melhor, peguei o mamão e uma colher e amassei bem, depois fui acordar Marina.

— Meu bem, acorde. — Aguardei minha a filha abrir o olho, ainda sonolenta. — O soro tinha sido retirado na madrugada, mas o catéter e o escalpo ainda estavam na sua veia da mão. — Trouxeram mingau para você coma esse mamão primeiro, já  amassei para você. — Raspei uma colherada e botei com cuidado na sua boca para não machucar ainda assim ela fez cara de quem sentia dor. — Tá doendo onde? — Fiz uma massagem no dorso de sua mão próximo ao catéter que estava um pouco inchada acho que por conta da pressão dos esparadrapos ali fixada para segurar a agulha na veia.

— Dentro da minha boca, parece que eu mordi a bochecha por dentro na hora que cai, vou mastigar desse lado aqui. — Bateu levemente com a mão do escalpe na face para que eu direcionasse a colher para aquele lado, com dificuldade e paciência comeu todo o mamão e a melancia.

― A médica falou, disse que era um corte pequeno, nada demais, mas que ia doer na hora da mastigação. ― Arrumei os travesseiros em suas costas com os olhos cheios de lágrimas ao ver os vergões por onde o cinturão tinha passado, mas foi ao ver as costas toda cheia de marcas escuras, que por segundos coloquei minha mão na boca para não gritar de dor, demorei um pouco e quando fiquei de frente para minha filha que me olhava no semblante não permitir ela ver minha dor bem escondida e disfarçada num sorriso fraco.

― Pegue tome um pouco de café com leite, você adora e não está tão ruim. ― Entreguei o copo descartável na sua mão ela bebeu um pouco de café preto, se olhou na câmera do celular e fez careta com a imagem que via. Agora de sangue frio, seu rosto parecia mais inchado.

— Pára de ficar olhando, isso só vai te deixar com essa cara aí de enterro  acho você linda. ― Eu sabia o que ela estava sentindo ao ver seu rosto todo inchado.

— Mamãe, na hora que eu estava sendo atendida a doutora falou que eu posso pedir uma medida de proteção contra a pessoa que fez isso comigo, para que essa pessoa não chegue perto.

― Você falou que foi seu pai?

― Fiquei com vergonha, eu quero pedir a medida porque eu sei que ele vai tentar de novo, e eu tenho medo dele e não sei me defender, me bate um nervoso que nem correr eu consigo. Eu quero tirar o nome dele do meu. Um pai não faz o que ele fez comigo. — Marina me olhava com aqueles olhos idênticos aos meus amarelo mel, e parecidos aos meus boiando em lágrimas de dor, decepção e raiva. Abracei minha filha com cuidado e nem hesitei quando respondi. 

🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora