- Nem eu quero ir... Vou esperar saber como minha filha está. Eu sou pai, qualquer pai tem o direito de corrigir o filho quando está fazendo algo errado, está certo eu me excedi, mas elas estavam agarradas no portão da minha casa, foi uma falta de respeito, o que o povo não vai falar da nossa família? É melhor cortar o mal pela raiz. ¬ Alberto não abria mão do seu direito de pá na sua visão destorcida de como um pai poderia Seri.
- O senhor está preocupado com a língua do povo? Ninguém tem nada a ver com o que nós fazemos, não devemos satisfação a nenhum deles, e o senhor deveria antes de tudo conversar pai, conversar, não espancar como o senhor fez. A Marina é mulher e menor, a lei está do lado dela, o senhor já pensou nisso? Que pode perder o direito de ser o pai dela pela sua agressão e que pode ser processado? Pensou? - Marcelo tentou abrir os olhos do pai para o erro dele.
- Bobagens, eu sou o pai dela, não tem lei que proíba isso. Qualquer pai com um pingo de decência faria a mesma coisa que eu fiz, eu sempre apanhei do meu pai e nem por isso ano menos meus pais, ou fiquei revoltado. _ ele se justificou para os filhos que o olhavam perplexo.
ENQUANTO ISSO NO HOSPITAL:
Já fazia duas horas que sua filha tinha entrado para a sala de cirurgia com um corte no supercilio que pegaria, segundo a enfermeira, oito pontos internos e quatro externos, um corte no lábio interior, uma clavícula fraturada e hematomas nos braços e costas.
Fabiana estava uma pilha, já tinha dado aproximadamente umas vinte voltas, andava de uma ponta a outra da sala chorando, inconsolável, sem dizer uma palavra, só chorando. Luíza deu à amiga todo espaço de que ela precisava enquanto consolava a filha e Virgínia, que não tinha largado a mãe um instante, estava de coração partido ao ver duas crianças serem vítimas de tamanha violência dentro da própria casa, local onde deveriam ser protegidas.
Virgínia, como a mãe, só chorava e se assustava a cada passo pesado de alguém no piso do hospital e se encolhia toda na cadeira. Alberto não tinha noção do estrago que havia feito na família. Não no corpo, esse cicatriza, mas as feridas que não são visíveis, essas ele nunca saberia.
Os dois irmãos menores foram tirados de dentro da casa por Roberta, que os tinha levado para a casa da frente. Estavam apavorados vendo a irmã sair em uma ambulância e a mãe aos prantos. Do outro lado, os irmãos mais velhos segurando o pai que parecia fora de si, não era uma cena agradável para duas crianças presenciaram, disso tinha certeza.
- Quem é a mãe de Marina Linhares de Barros? - A médica, muito ruiva e muito novinha de um sorriso acolhedor, perguntou da porta.
- Sou eu, Doutora, como minha filha está? - por segundos Fabiana parou de chorar se aproximando da medica.
- Consciente, foi feita uma pequena cirurgia no supercilio. Nos lábios não foi preciso, o corte foi pequeno e por dentro da boca, só com cuidados para não machucar o local na hora da mastigação e limpeza já é o bastante. Ela sofreu uma fratura transversa na clavícula, nada com que se preocupar, por isso vai estar imobilizada com uma tala no ombro direito para evitar movimentos bruscos, ficará entre 4 a 5 semanas usando e quando retirar, 20 sessões de fisioterapia. Tem também um coágulo na cabeça no lado direito, já tiramos um raio-a e esperamos que não seja nada sério, mesmo assim vamos ficar com ela em observação.
Fabiana ouvia com atenção, a doutora esperou um pouco mais para continuar com as informações.
- A senhora já pode entrar, em seguida os outros podem entrar um de cada vez, Pode ficar só um acompanhante e a senhora vai ter que realizar um boletim de ocorrência na polícia, já está sendo providenciado um laudo de corpo de delito dado aqui pelo hospital, notificando o estado físico e mental no qual a jovem chegou a esse pronto-socorro, eu mesma assinei. A senhora tem que levá-la no IML para fazer um exame mais detalhado. Preciso da autorização da senhora para avisar a delegacia da Mulher e a delegacia da infância e juventude.
Ela apenas concordava com a cabeça. A assistente social do hospital que nesse momento estava ao lado da medica que entendeu Marina, trazia nas mãos um punhado de papel nos quais estava notando umas coisas, olhou para mim e fez a pergunta direta sem rodeios.
- Me desculpe senhora, mas pode falar quem foi o agressor? Para a equipe medica Não parece com assalto sem contar o fato dela ser menor de idade e mulher ela parece ser muito novinha, onde senhora, nós descartamos um possível namorado. Então, quem foi o agressor?
- O pai dela, doutora. O pai dela fez essa barbaridade - Fabiana respondeu sem titubear com uma dose de raiva o que não passou despercebido pela assistente social.
- O que de tão grave essa menina pode ter feito para ser agredida dessa maneira?
- Há pouco tempo ela se assumiu lésbica e namora com aquela mocinha ali. - Apontou para Bia que estava com a mãe, também apreensiva. - Ele não aceita que ela viva essa vida e hoje perdeu as estribeiras.
A doutora respirou fundo, pediu licença para a mãe e foi até Bia.
- Boa noite, eu sou a Doutora Samia Portela. Você também é menor?
- Sim, doutora, eu sou. Me chamo Biatriz Louise Mallet de Carvalho vou completar dezessete anos daqui a quinze dias.
- Suponho que a senhora deva ser a mãe, as semelhanças são gritantes - cumprimentava Luíza enquanto sorria - Bem, a senhora pode entrar com um processo junto com o da família, ou em separado por injúria, homofobia e damos morais. Eu também sou lésbica e odeio esse tipo de gente.
- Obrigada, doutora.
- Bem, Dona Fabiana, - novamente se voltou a morena - aconselho a senhora a procurar ajuda de um psicólogo para a sua filha, para ela conversar sobre tudo o que ela sentiu, ou possa estar sentido, esse tipo de violência deixa marcas profundas das quais ela vai ter que enfrentar e aprender a viver com elas da melhor forma possível. Só com a ajuda de um profissional ela pode superar.
Após ter certeza de que ambas as mulheres entenderam suas instruções ela se despediu:
- Agora, se me ser licença, tenho outros pacientes para cuidar. Boa noite senhoras e meus parabéns pela namorada valente que você tem. Coloque esse cretino na cadeia antes que ele faça coisa pior, animais como ele devem ser tirados do convívio com a sociedade. ¬ piscou o olhou, ajeitou a pilha de papeis no braço e foi para outro quarto.
Fabiana foi a primeira a entrar e quando viu o estado em que sua filha estava, quase cai, não fosse os braços da amiga amparando e mantendo-a firme no chão.
- Olha o que ele fez Lu. O tanto que eu pedi para ele não encostar nos meus filhos, a bichinha parecia um animal no chão sendo espancada, meu senhor, você precisava ver.
- Mamãe... - Marina começava a acordar.
- Sim, meu anjo, diga.
- Mamãe, ele não é mais meu pai. a Eu quero uma maneira legal que impeça ele de chegar perto de mim, nunca mais eu quero olhar na cara dele. - Marina chorava.
- Eu sei meu bem. Vou fazer tudo que a justiça mandar e vou procurar um advogado para tomar tudo que ele tem. Ou eu não me chamo Fabiana - enquanto falava beijava a mão da filha que estava cheia de pomada devido às escoriações.
Deu uma examinada clínica de mãe que conhece cada pedacinho da sua cria, deu para notar o olho com curativo inchado no local uma faixa na cabeça e outra no ombro. Ele tinha destruído fisicamente a beleza da filha que ia demorar uns dias para voltar ao normal, já que as feridas emocionais essas talvez não voltassem mais.
- Fabiana eu vou em casa e trago tudo que você precisar. Suponho que não vá querer sair de perto dela - Luíza falou com a metade do corpo para dentro do quarto e outra metade do lado de fora.
- Daqui eu só saio quando ela receber alta, vou precisar de umas coisas. Vou ligar para o Marcelo e avisar o que vou precisar e dar notícias da irmã para eles.
- Enquanto isso, eu vou dar um jeito. Os gêmeos e vivi vão dormir lá em casa com o Bernardo e a Virgínia comigo, ou com uma das meninas com quem ela achar mais confortável. Não se preocupe com nada, amanhã quando for deixar Bia no local da prova eu venho para você poder descansar.
- Fala para a Bia ficar um pouco aqui, ela deve estar desesperada - Fabiana sabia como a garota estava se sentindo, pois as duas amavam a mesma pessoa.
CONTINUA....
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🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)
RomanceSINOPSE Marina tem tem 15 anos faltando 4 meses para completar 16 é uma garota como outra qualquer. Negra assumida tem orgulho da cor, de uma família numerosa e cheia de amor, como toda adolescente é cheia de sonhos, e...