CAPÍTULO 27 COISAS DO PASSADO

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                CAPÍTULO 27


Luiza


Exatamente às três da manhã, no momento em que terminei de coar o café, fiquei espiando e pude ver uma pessoa saindo de dentro da casa da frente com um pano na cabeça, qualquer pessoa que passasse ao lado não reconheceria, mas eu sabia de quem se tratava. Afinal de contas, não seria a primeira vez que nos encontrávamos escondidas longe das vistas do "povo da rua".

— Entra, Fabiana. — Abro a porta para minha velha amiga.

— Você viu quando eu saí de casa?

— Sim, não conseguia dormir e desci para fazer um café, isso me acalma. Como sei que você também não ia conseguir, fiz um café bem forte para nós, como nos velhos tempos.

Arrumei a mesa ali na cozinha mesmo, peguei minha amiga pela mão e a fiz se sentar. Conhecia Fabiana bem demais para saber que ela não suportava mais nada, tinha chegado no seu limite, era só questão de tempo para começar a chorar.

— As coisas estão muito ruins por lá? — Questionei.

— Pior do que você pensa. — Desabafou enquanto sentava na cadeira demonstrando todo cansaço físico e emocional, estava derrotada. — Até o momento de dormir estava irado e colérico, ameaçando mandar Marina embora para casa dos pais dele. Falando que não vai admitir que ela ande ou fique com uma mulher, que mata ela primeiro, que casa ela com o primeiro macho que encontrar, que se esse menino não fosse homem o suficiente para domar ela, o que não faltava era amigos machos de verdade para botar cabresto nela. Lu, ele fala como se nossa filha fosse uma égua, um bicho, para ser domado. Eu não... Eu não sei do que sou capaz se ele encostar um dedo na minha filha, entendeu?

Ela tomou um gole do café e apoio o rosto em suas mãos, passei minhas mãos por suas costas tentando consolá-la. Fabiana respirou fundo e continuou o desabafo.

— Se ele obrigar minha filha a se afastar da Bia, ela vai ficar arrasada, eu sei que elas são crianças, que um dia isso passa, mas e se não passar? Se elas forem daquelas pessoas que se encontram e suas almas se completam? Sinceramente, eu não sei o que fazer. — Ela me olha em súplica. — Me diga como proceder, você que já passou por isso tempos atrás, eu sei que já comeu o pão que o diabo amassou e deu a volta por cima, me diga o que fazer nesse momento.

― Além de tentar entender as meninas, não podemos fazer nada, ninguém manda no coração, se elas se gostam mesmo, nem eu e nem você pode impedir. E quanto ao Alberto tenho pena dele. — Ofereci mais café para a Fabiana que estava com os pensamentos longe.

— O que foi que você disse? Não estava ouvindo. — Admitiu.

― Que tenho pena dele, por ter uma família incrível, e gastar o tempo com bobagens, se ele bater de frente com a filha, vai perde-la se ela realmente tiver gostando da minha filha.

—  Você acha mesmo que elas se amam?  ou é só namorico? E se depois a Marina quiser namorar meninos? — Estava preocupada com as consequências das escolhas da filha para sua vida no futuro.

— Elas são muito novas para afirmarmos isso ou aquilo. Me diga você, essa Marina é a mesma de antes da Bia vir morar aqui? Antes ela era uma menina namoradeira? Quantos garotos ou garotas ela ficou?  Você sabe?

— Minha filha mudou desde que conheceu a Biazinha. Passou a sorrir mais, ficou mais brincalhona, a guardar segredinhos de mim, ficar até tarde no telefone falando baixinho, às vezes sendo preciso eu mandá-la ir dormir. — Fabiana olhava pensativa a xícara de café, parecia estar refletindo sobre a filha. — Perdi as contas das vezes que Biazinha vai lá em casa depois que Alberto e os meninos saem para trabalhar, com a desculpa de acordar Marina. Quando vou ver as duas estão dormindo bem abraçadinhas da maneira como elas dormiam quando vocês vinham passar as férias e elas eram bem pequenas, troquei até a fechadura do quarto dela por uma com chave, assim dou mais privacidade a minha filha e evito de o Alberto ver coisas ou imaginar coisas. Não, a Marina nunca namorou, ela achava até que era diferente das coleguinhas, sempre achou, nunca tinha beijado antes, dizia que estava esperando alguém especial.

🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora