CAPÍTULO 33 AMEAÇAS

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CAPÍTULO 33

Contem cenas de:
Homofobia

MARINA

Fiquei encarando meu pai decepcionada com o que ele dizia, talvez tivesse uma verdade em tudo que ele falava, talvez as pessoas fossem me apontar quando eu passasse, talvez eu perdesse muitos amigos pela escolha que estava fazendo, mas no fundo eu sabia que estava tomando a decisão certa, era minha vida que tinha se ajustado, meu primeiro amor que tinha me encontrado, e eu não fugiria em hipótese algunha por medo de ser apontada, a vida talvez fosse mais difícil para mim e para Bia, mas eu queria esta vida, queria viver esse amor, por isso não entendia a insistência do meu pai em não ver a verdade.

― Minha filha, pare com isso, ainda dá tempo! Eu pago uma viagem para você, você vai para Gramado com sua mãe como sempre quis. Passe lá o tempo que quiser e quando voltar, vem curada dessa loucura.

― Eu não estou doente papai! - Tentei mais uma vez fazer ele entender como eu era. - Eu só gosto dela e sei dentro de mim, do meu coração, que sou igual a Bia. Eu sou lésbica! Dá para o senhor entender? - Meu pai parecia estar vendo assombração, olhava para mim como se eu não visse seus olhos arregalados, e cabeça balançando de um lado a outro em negação, mas não calei e soltei de vez tudo o que tinha dentro do meu peito. - Minha vida só começou a fazer sentido quando comecei a me conhecer. Eu sou assim! Queria muito que o senhor gostasse de mim do jeito que sou, mas se não puder, eu não vou mudar para lhe agradar. - As lágrimas começavam a se formar em meus olhos, percebi que Bia queria vir até onde eu estava para me abraçar, mas eu pedi com o olhar que não fizesse isso, eu precisava terminar. - Antes da Bia, eu nunca tinha beijado ninguém, todas as minhas amigas já tinham trocado de namorado um monte de vezes e eu nem beijada tinha sido. Porque eu não queria! Achava que para beijar tinha que desejar e eu não desejava, mas no dia que eu olhei para ela eu não quis outra coisa e tinha vergonha de querer tanto! - Voltei meu olhar para minha namorada e sorri, mas ainda não havia acabado. - Eu vigiava seus passos, fazia de tudo para ficar perto e se alguma menina dava em cima dela eu morria de ciúmes. Tive medo de dizer a ela e levar um fora, fui eu que dei em cima dela, fui eu que corri atrás. Ela nem queria, cheguei até a brigar com a minha mãe. Não sei quanto tempo vamos ficar juntas ou se a Bia vai me trocar pela primeira que aparecer, mas eu vou viver isso o tempo durar. E isso só Deus sabe.
Os seus irmãos sorriram ao me verem tão feliz. Então Bia então se voltou ao meu pai.

- Seu Alberto...

- Eu não quero ouvir sua voz, sua aberração! - Ele gritou.

- Lave a boca para falar da minha filha, seu doente! - Luíza, como uma leoa, se levantou para defender a filha.

- Doente é você, que sempre fingiu gostar de homem para entrar na minha casa e ficar perto da minha esposa, cuidando dela, a vendo nua. - Alberto começou a cutucar a ferida. - Quantas vezes desejou minha mulher? Quantas vezes passou a mão nas partes dela com desejo fingindo cuidados de amiga?

Um tapa estrondou no ambiente e uma Luíza segurava a mão machucada, enquanto Marcelo e Matias seguravam o pai no local.

- Respeite nossa mãe, senhor Alberto e respeite a dona Luíza. - Matias se interpôs.

- Vocês não veem seus babacas, que ela baba pela mãe de vocês? - Rosnava Alberto como um animal.

- Isso é um problema delas e não nosso. Se nossa mãe quiser ir embora com uma mulher e estiver feliz, eu vou deixá-las aonde ela quiser, e não vou ter um pingo de remorso, Sr. Aberto. - Marcelo o enfrentou.

- Marcelo, me respeite eu sou seu pai!

- Nós também temos a mesma opinião. Se nossa mãe não estiver feliz com o senhor, vamos ajudar no que pudermos para que ela seja feliz. E se for com uma mulher, e daí? Nós também não temos cada um uma mulher? Por que minha irmã ou mesmo minha mãe não podem ter a delas? - Matias voltou a defender.

🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora