CAPÍTULO 17

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                   DEPOIS DO BEIJO



                  Quando Bia entrou na sua casa, subi correndo a escada e, quando cheguei ao banheiro, tirei minha calcinha. Ela estava toda molhada. Passei a mão nas minhas partes íntimas. Ai, senhor, será que eu tinha feito xixi na calcinha sem nem sentir? Fiquei fazendo uma viagem mental de tudo que me aconteceu. Olhei minha saia para ver se estava molhada, não, estava bem enxuta, o que me levava a crer que não tinha feito xixi. Então de onde vinha aquela água? Eu só podia ter sentado em cima de algo molhado.
Espantei os pensamentos bestas e me foquei na lembrança dos beijos. Eu não era mais BV, tinha quebrado esse lacre e, para ser bem sincera comigo mesma, estava adorando a sensação de desejar alguém com o coração e o corpo ao mesmo tempo. Eu não era doente, só ainda não tinha conhecido a pessoa certa. Eu era uma adolescente normal, cheia de medos e desejos e com um mundo todo para descobrir. E eu ia fazer essas descobertas sem pressa, mas, enquanto não desbravava a vida, prendi meu cabelo para tomar banho. Detestava dormir com o cabelo molhado.

No dia seguinte...

                Acordei com um enorme sorriso no rosto. Olhei no celular e estava marcando oito horas. Fiquei recordando os acontecimentos da noite passada. Finalmente, eu beijei alguém e... Que beijo foi aquele! A minha criação de borboletas no estômago se alvoroçou, voando todas no mesmo sentindo, me dando a sensação de quem sobe de repente um elevador.

                 Pulei da cama e procurei no YouTube a música “Talismã” da Iza pelo celular. Pluguei o celular no meu aparelho de som do quarto em um volume bom e fui para o banheiro. Deixei a porta aberta para o som invadir o ambiente, fiz minhas necessidades e higiene pessoal, em seguida entrei debaixo do chuveiro para lavar meu cabelo. Depois de tudo feito e banho tomado, optei por vestir uma blusa simples de alcinha e um short jeans rasgadinho nas pernas. Eu me olhei no espelho da parede, estava linda. Eu estava me sentindo linda.

                Quando cheguei à mesa para o café da manhã, meus irmãos já estavam no fim do deles e prontos para sair. Meu pai já estava na garagem, ligando o carro dele e gritando que os meninos chegassem antes das dez.

— Bom dia, minha flor. O que foi que aconteceu que eu estou vendo um brilho diferente em seu olhar? — Minha mãe passou e se sentou na cadeira da frente, me observando detalhadamente.

Eu me engasguei com o café e espirrei café para todo lado. Era como se ela tivesse dito: “Eu sei que você andou beijando uma garota”.

— Na-nada, mamãe! Não aconteceu nada — gaguejei, meio sem jeito.

— Seu olhar tem um brilho que não estava aí ontem, mas tudo bem, não quer contar, não conte, mas lembre-se que sou sua mãe e sua amiga para conversar sobre qualquer coisa. — Não disse mais nada e se empolgou com alguma coisa no celular.

Fiquei com o coração na mão. Quando levantei a cabeça e olhei ao redor, Matias, meu irmão número 03, estava batendo um Raio-X de mim e veio sentar bem junto a mim.

— Eu vi você e a Bia entrando aqui em casa de mãos dadas, já era tarde da noite. Então... Quer me contar alguma coisa? — Eu me engasguei novamente e quase sufoquei.

Depois de ter levado uns tapinhas nas costas, bebi uma jarra cheia d’água e consegui respirar. Olhei, desesperada, para o meu irmão, fazendo gestos com olhos para ele se calar. Nesse exato momento, minha mãe olhou para nós.

— Posso saber o que os dois tanto cochicham? — quis saber quando desligava o celular para dar total atenção a mim.

— Nada não, minha mãe. Só estava pedindo à Marina para falar com a Rosely um lance aí, coisa minha. — Ela olhou, olhou, olhou outra vez e fingiu que acreditava.
Eu já não sabia onde colocar a cara.

🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora