O dia do meu aniversário chegou. Quando meu celular tocou, insistente, eu despertei. Procurei por cima da cama, embaixo dos travesseiros, passei a mão em todo canto e nada, só o barulho da chamada persistia. Eu me debrucei na cama, olhando embaixo dela, e o avistei lá em um cantinho, vibrando. Eu devia tê-lo derrubado enquanto dormia. Desde que comecei a namorar, não soltava mais o celular para nada. Agora ele dormia embaixo do meu travesseiro e muitas vezes amanhecia no chão. Peguei-o com dificuldade e atendi:
— Oi, amor, faz tempo que está ligando? ― Despertei de vez. Com o celular preso entre meu rosto e ombro, tentei, sem sucesso, prender os cabelos.
— Bom dia, minha namorada linda. Essa é a terceira vez que ligo, e feliz aniversário. Tenho uma coisinha pra você ― ela falou, cheia de mistérios.
— Não preciso de nada. Só você já me basta. ― Eu estava sendo sincera, meu maior presente era ela fazer parte da minha vida.
— Um dia, quando eu estiver bem velhinha de óculos usando chapa, os cabelos caindo e de bengala, eu quero que me diga essas mesmas palavras. — Quando Bia terminou de falar, nos duas estávamos às gargalhadas.
— Te amo e amo mais ainda por me querer na sua vida até velhinha. Pode descer e vir pra cá. Quero passar o dia do meu aniversário todo com você. — Seria a gloria, era meu primeiro aniversário namorando alguém.
— Só tomar um banho e vou correndo para aí. Guarde café, vamos tomar juntas. — Só deu tempo de mandar beijinhos e ela desligou. No mesmo instante, ouvi batidas na porta. Por pouco a família não pega no flagra e eu saía do armário antes do que planejamos.
— Entra ― gritei, colocando o celular dentro da gaveta da mesinha.
Meu quarto foi invadido literalmente por todos os irmãos, pai e mãe, que pularam na minha cama. Meu pai ficou em pé, observando tudo.— Feliz aniversário, minha flor! Trouxemos duas bandejas porque tem o Marcos e o aniversario é dele também. — Minha mãe tinha os olhos marejados.
Nas duas bandejas de café repletas de guloseimas, tinha um café preto fumegante do jeito que eu gostava, suco de graviola, torradas e queijos, tudo que o Marcos gostava.
Mamãe foi a primeira a me abraçar apertado assim que depositou a bandeja no lado da cama. Ela me presenteou com uma corrente de ouro com um pingente de rosa. Cada um de meus irmãos me deu uma lembrança. Meu pai foi o último. Meio sem jeito, sentou na minha cama, me abraçou e colocou uma caixinha na minha mão.— Você e sua irmã são minhas princesinhas. Mesmo que nunca diga, vocês duas são o motivo do meu orgulho. Feliz aniversário, minha boneca.
Eu só tinha olhos para meu irmão, que sempre foi rejeitado pelo meu pai e eu não entendia o porquê. Já que éramos gêmeos, as palavras de amor eram para ser divididas, mas, para o papai, parecia que filhos eram só eu e Virginia. Marcos fingia que não ligava, mas eu sabia que ele ficava chateado, por isso fiz questão de chamá-lo para sentar comigo na cama e o abracei.― Feliz aniversário, irmãozinho. Você é a minha parte livre, sem medo. E eu te amo por tudo isso. ― Meus olhos encheram de água. Marcos tinha tudo que eu queria ter: coragem para viver como bem entendesse.
― E você é a melhor parte de mim, maninha. ― Ele me abraçou e beijou. Em seguida, levantou-se. — Já vou logo avisando não quero bolo, mamãe. Pode colocar minha vela no bolo da Marina e, na hora dos parabéns, a gente apaga junto.
― Amo todos vocês, família, e, se pudesse escolher, nasceria novamente nessa família. — Não consegui dizer mais nada. Um bolo se fez no meu estômago, sabendo que eu os estava enganando e com medo do que meu pai faria quando descobrisse que sua boneca estava apaixonada por outra boneca. Ele ia pirar e só pensar nisso me deixava triste. De coração partido.
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🏳️🌈Marina Ama Biatriz (Meu primeiro amo)r Vol. 01 ( Romance Lésbico)
RomanceSINOPSE Marina tem tem 15 anos faltando 4 meses para completar 16 é uma garota como outra qualquer. Negra assumida tem orgulho da cor, de uma família numerosa e cheia de amor, como toda adolescente é cheia de sonhos, e...