O jatinho sobrevoava as terras de seu padrinho e em poucos minutos, estariam pousando na pista da fazenda Pampas!
Nervosa e com um sorriso leve, de canto de boca, Danyelle procurou os olhos de Vítor, num pedido de ajuda velado. Imediatamente ele segurou em sua mão, a sentindo fria e trêmula.
___ Está insegura?- indagou carinhoso.
___ Insegura não seria bem o termo. Estou apavorada! Não sei o que me espera!
___ Se está assim por causa do meu pai, não se preocupe. A encrenca será apenas comigo. - beijou sua mão.__ Já estou com o aviso no meu Whatsapp: " Quero conversar seriamente com você !!" - e sorriu para deixá-la mais tranquila.
Sabia que a conversa de Augusto com ele não seria nada amigável, mas não poderia fazer Dany sofrer por antecipação. O assunto era delicado, principalmente, por se tratar também, da esposa do pai.
___ Tenho medo que ele ache que foi por minha causa, a sua renúncia ao Senado.
Ele se mexeu se ajeitando melhor na poltrona e passou o nó dos dedos pela bochecha dela, sentindo a pele aveludada, num carinho gostoso.
___ Dany, foi por sua causa. - afirmou.___Não vou esconder isso dele e de ninguém! Eu fiz isso por você, por nossa filha e por mim! Nunca estive feliz fazendo a vontade da minha família. - suspirou se encostando no banco novamente, apertando mais forte seus dedos na palma da mão.
Danyelle descansou a cabeça em seu ombro, fechando os olhos. Vítor tinha assinado sua renúncia na quarta-feira e pediu para que se preparassem, ela, Alice e Nanete, pois na quinta, viria de Brasília para seguirem à fazenda.
A visita deles a Augusto, coincidentemente, se daria nos feriados da Semana Santa e sempre nessas datas, o padrinho de Dany queria a família reunida. Por isso, o encontro com Priscila seria inevitável. Claro, que se tivesse pedido a Vítor para mudar a data, teria sido atendida sem ressalvas, mas achou melhor enfrentar mãe e filha o quanto antes. Se livrar de seus monstros, como Flávio sempre dizia, era imensamente necessário agora. Então, que fosse logo, sob a proteção e o amor de Vítor!
Embora, estivesse insegura quanto a Augusto, estava aliviada por Celeste não estar na fazenda para recebê-los naquela quinta-feira. Vítor ficou sabendo que ela se encontrava em Porto Alegre, com Priscila e que só retornariam de lá no sábado. O que era bom, pois assim, teriam tempo de abrir o jogo com o padrinho de todas a artimanhas da sua esposa.
Isso também era um dos problemas que andava tirando o sono de Danyelle. Augusto sairia muito magoado de toda aquela situação.Já não bastando a renúncia de Vítor ao cargo do senado, ainda teria que sofrer por descobrir ser uma mau caráter, a mulher com quem tinha se casado. Rezava para que aquilo não abalasse a saúde já um tanto fragilizada dele. Uma das insistências de Vítor era para que ele se aposentasse e aproveitasse um pouco mais a vida, porém ele era obstinado na política.
Enquanto voavam, Vítor contou que Priscila era a única herdeira da fortuna de Antônio e que tinha ficado sabendo, falando com um advogado amigo, o qual representava Priscila no testamento da herança, que mãe e filha haviam movido uma ação para alterar o documento. O mesmo dizia que ela deveria casar-se com alguém que também fosse igualmente rico em montante de fortuna, para que pudesse usufruir do dinheiro, negociar as muitas cabeças de gado, as terras, os imóveis em várias cidades, incluindo alguns na capital gaúcha e a sede da fazenda de Antônio Montenegro.
Danyelle não conseguiu segurar sua cara de espanto, diante da avidez de Celeste e Priscila por dinheiro.
___ Esse alguém com muito dinheiro... Elas escolheram você!! Quem mais teria tanta grana assim, para casar com Priscila tão rapidamente?! - bufou irada, por as duas cobras os considerarem completos bobos. ___De quebra, Priscila o teria como sempre quis e Enzo, sendo seu filho, seria o único herdeiro da fortuna do padrinho também. Uma jogada de mestre! Deus, que ganância!
__ Sim, a cláusula do testamento foi o que moveu as duas a fazer o que fizeram... pôr uma criança no mundo sem o meu consentimento! Imaginavam que se meu pai faltasse um dia, elas ficariam, praticamente bilionárias!
Danyelle estremeceu e um arrepio percorreu sua espinha. Alice estava no meio daquele turbilhão de avareza e temeu pela pequena. Aquela velha sensação, de que tudo poderia piorar a qualquer momento invadiu sua mente. Segundo Flávio, isso era resquício de todo sofrimento pelo qual tinha passado, desde que perdera os pais. A mente encarava todo e qualquer momento de felicidade como sendo algo que não merecia, fazendo Dany sempre achar que algum acontecimento iminente poderia tirar isso dela. Se bem que as últimas sensações se tornaram bem reais, mas respirando fundo, fez questão dela mesma se tranquilizar.
" Agora, que conhece bem mãe e filha, o negócio é se manter esperta, Danyelle!"
Ela concluiu a conversa, espichando o pescoço, procurando o garotinho que dormia tranquilo no banco ao lado de Diana
___ Tudo por grana! Cada dia que passa, tenho mais nojo delas!
Bruno sorriu para Dany, enquanto acariciava os cabelinhos loiros e lisos do menino. O convite para que os acompanhassem, tinha sido de Vítor, pois a partir de agora, já que não era mais seu assessor, seria seu sócio no escritório de advocacia que montariam na capital gaúcha.
Vítor já havia planejado tudo e Bruno, assim que voltasse a Porto Alegre, se encarregaria das reformas de um imóvel dos Montenegro, para montarem um escritório de assessoria jurídica.
Uma das vantagens de ser filho de Augusto e primo em segundo graunh de Antônio Montenegro, ambos advogados renomados e conhecidos na política, era de que clientes não lhes faltariam.
___ Ele é um anjinho...tão meigo, tão lindo dormindo...tão parecido com você, Vítor!
Ele mexeu no lóbulo da sua orelha, sorrindo, orgulhoso.
__ De fazer filhos lindos, eu entendo muito bem!
Ela riu baixinho. Conversar espantava um pouco a ansiedade.
___ Ah, é?! E as mães não contam para que os filhos saiam bonitos?
___Contam... - disse com displicência, esboçando um sorriso de canto de boca.__ Espero que não se ofenda..mas não podemos negar que Priscila é bonita.
___ É, e muito! - concordou com amargura. __ A sua beleza sempre foi motivo das minhas lágrimas na adolescência. Cada vez, que via você sair do quarto dela... cada atenção que dirigia a ela... cada olhar de admiração pela sua beleza de moça rica... algo se rasgava dentro de mim... Sabia que jamais teria olhos para uma magrela como eu.
___ Mas uma coisa não pode negar.
___ O quê?
___ Eu gostava de implicar contigo. Gostava de ver você se embaraçar quando eu estava por perto.
___ Sim, gostava e eu ficava péssima!
Vítor passou o braço por cima dos seus ombros, lhe apertando contra seu corpo.
___ Mas isso é passado e agora, só tenho olhos para você e vou querer no mínimo, mais dois filhos bonitos, parecidos com a mãe deles. Uma mulher linda, que amo mais que qualquer coisa na vida! - suspirou satisfeito e feliz por ter tomado as decisões que a estava fazendo feliz também.
___ Dois?? - ela riu espantada.__ Está maluco? Como vamos dar conta de quatro crianças?
___ Dando, ora! Podemos esperar Alice e Enzo crescerem mais um pouco, depois, poderemos pensar em termos mais.O que acha?
___ Hummm...eu acho que só mais um! E como vai ficar a escola de dança que quero montar? Filho exige atenção. Não quero ser negligente!
___ Claro, meu amor... Tudo será no seu tempo. Quero viver isso com você. Ver sua barriga crescer...meu filho me reconhecer e mexer quando falar com ele....mas pra isso preciso que esteja tranquila e com seus sonhos realizados.
Ela se aconchegou mais na segurança de seu abraço quente e forte.
___ Não viveu isso com Priscila, né?
___ Não. Porque não era a mulher que escolhi para gerar meus filhos, embora sempre tenha amado demais Enzo.
__ Vamos viver isso, eu te prometo. Só me dá um tempinho, ok?
Vítor beijou seus cabelos.
__Ok .- e fechou os olhos tranquilo, embora soubesse que a conversa com Augusto traria muitos desgosto ao pai.
Quando desembarcaram do jatinho, duas caminhonetes Frontier os esperavam na pista de pouso da fazenda.
Danyelle fixou os olhos nos verdes do pampa gaúcho. O sol brilhava alto no céu sem nuvens e os Quero-queros estavam agitados, assustados com a chegado do pequeno avião. Impossível foi conter o embargo na garganta ao sentir o cheiro de terra na época do outono e o vento frio tão conhecido dela, tocando seu rosto e esvoaçando seus cabelos. As lembranças dos dias, em que cavalgava livre por aqueles pastos bateram forte. Uma imensa vontade de montar em Vento Negro e sair sem rumo, galopando em liberdade atiçou seus sentidos.
A voz de um dos empregados de seu padrinho chamou sua atenção. Um dos rapazes sorria para eles. Dany correu o olhar, pois não o conhecia. Era bem bonito.Tinha cabelos claros, lisos, corpo forte e olhos expressivamente verdes. Vestia calças jeans de lavagem clara, camisa escura e botas de lida gaúcha.
___ Bom dia, seu Vítor! Fizeram boa viagem? - estendeu a mão para um aperto.
___ Como vai, Alan? - Vítor segurou com firmeza a dele.__Fizemos sim.
Olhou de lado, sorrindo.
__Deixa eu apresentar a vocês dois, Danyelle, minha noiva, que já morou aqui, há algum tempo e Nanete, a moça que cuida da nossa princesinha, Alice. Meninas esse é Alan, está trabalhando com meu pai há um ano e meio. É nosso capataz!
__Como vai, Alan? Muito prazer! Mas o que aconteceu com o Sebastião? - Dany indagou, segurando os cabelos para não se esvoaçarem ao sabor do vento.
Alan se apressou em explicar, simpático.
__ Meu tio aposentou. Está cansado da lida...Pedi uma chance ao seu Augusto assim que saí da faculdade de Administração. Vivi minha vida toda no campo, conheço tudo e tenho formação. Administrar um lugar assim, requer tecnologia de ponta e meu tio não seria capaz de dominar essas "modernidades" como ele diz.
__ Nossa, as coisas mudaram na minha ausência! Acredito que meu padrinho viu potencial em você, senão não lhe confiaria a administração de uma parte de sua vida.
__ Disse tudo, meu amor! Essa fazenda é praticamente, depois da política ,a vida de meu pai! Alan é inteligente e competente, e a fazenda precisa de sangue novo!
Ele sorriu e apertou forte a mão de Dany e depois de Nanete, que não conseguia sequer articular uma palavra. Estava hipnotizada e Alan se demorou mais na mão dela. O outro rapaz cumprimentou a todos com um aceno de cabeça, porém quando Vítor deu atenção a Alice que choramingava querendo sair do colo da babá, ele cravou seus olhos lascivos na silhueta de Danyelle, modelada pela calça preta e pela blusa verde justa. Ela disfarçou, colocando a jaqueta marrom, de couro, que trazia em mãos, saindo logo, em direção a caminhonete, indignada com o atrevimento do rapaz.
Assim como Alan, ele era empregado novato dali.
Conforme seguiam pela estradinha de chão que levava a sede, Danyelle tentava acalmar sua ansiedade, mostrando a babá da filha, o lugar onde havia passado uma parte de sua vida.
__ Está vendo esse corredor, Nanete?- indagou retoricamente, apontando um caminho de pedregulhos na beira da estrada.__ Ao final dele tem uma mata e no meio dela, tem uma cachoeira magnífica. É meu lugar preferido!
Vítor interrompeu a conversa com Alan e virou o pescoço para as três no banco traseiro.
__ É meu lugar favorito também. Pena que está frio, mas com certeza não vai faltar oportunidade pra você aproveitá-la, Nanete, no verão.
Alan se intrometeu.
__ Porém, nada impede que você a conheça, moça. Posso te levar lá...claro, se não tiver medo de montar. O caminho no meio da mata é longo e estreito e uma caminhonete por melhor que seja, não conseguirá se embretar no meio dela.
Nanete concordou com a cabeça, um pouco tímida pela investida do administrador e Vítor piscou para a noiva, que mordeu o lábio para conter o sorriso. Era óbvio que existia ali, uma atração à primeira vista por parte de ambos.
Bruno, Diana e Enzo os seguiam na outra Frontier.
Minutos mais tarde, a sede imponente da fazenda se desenhou em meio as Timbaúvas frondosas que beiravam os muros brancos, que cercavam a sede. O portão eletrônico foi acionado e as Frontiers seguiram até uma ala destinada às garagens. Um bolo na garganta de Danyelle se formou ao avistar ao longe a mulher que esperava parada no final do caminho calçado, que levava a escadaria da varanda. Vítor desceu, abrindo a porta. No entanto, a noiva ignorou a mão estendida em ajuda que ele lhe oferecia. Caminhou com passos lentos, olhando para a figura de cabelos curtos, castanhos claros, de rosto bonito, apesar de marcado pelas rugas. O avental colorido, que não a deixava ser confundida com mais nenhuma mulher dali, daquela fazenda, se destacava sobre a calça escura e a blusa azul de mangas compridas. Danyelle andava, quase não enxergando as lajotas claras. Seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas e então, ela parou em frente à senhora, que também tinha os olhos aguados e a mão sobre a boca, contendo o choro.
__ Rute? - a voz soou embargada.
__ Meu Deus, obrigado, por trazer ela de volta! - a senhora ergueu as mãos para o céu e Danyelle em seguida, sentiu os braços amorosos lhe envolverem. O calor do abraço tirou o nervoso que sentia. Era como se estivesse sob a proteção da própria mãe.
__ Rute, me perdoa, por favor ! Me perdoa por ter te deixado tão preocupada... - pausou para tomar fôlego, sorrindo entre lágrimas.__ É tão bom sentir o seu carinho de novo...me desculpa por nunca ter te ligado.
__ Minha menina do coração.... O que importa é que está bem e que está aqui de novo! Como vai? - afastou-se um pouco, para examiná-la com olhos de águia. __ Está mais bonita do que nunca!
Danyelle sorria mais que feliz, passando os dedos para secar as lágrimas.
__ E você não mudou nada! Esses últimos anos não passaram pra você, Rute!
As duas se abraçaram novamente e as atenções delas se voltaram para Vítor, parado por perto, assistindo a tudo com Alice no colo.
Rute secou as lágrimas com o avental.
__ A sua filha... Você tem uma guriazinha linda!! Meu Deus, é a cara de Vítor! - estendeu os braços para Alice, que não recusou o colo. Rute beijou a face rosadinha da menina.
__ Como é dada! Acho que ela gostou de mim! - agarrou a mãozinha rechonchuda.__Como vai...?
Vítor completou.
__ Alice. O nome da nossa filha é Alice!
Os olhos, já cansados, se voltaram para o rosto da pequena.
__ Alice. Que nome bonito! - abraçou novamente a garotinha.
Vítor passou o braço pelos ombros de Dany e ficaram apreciando a cena. Rute, que sempre quis netos, estava encantada com a menina.
A voz forte os tirou das figuras de Rute e Alice.
__ O bom filho à casa torna!
Danyelle estremeceu. Seu padrinho estava parado, com o semblante sério e as mãos nos bolsos da calça, no alto da escadaria.
Observando-o assim, soube de onde o homem da sua vida tinha herdado a segurança e o porte atlético. Os Montenegro tinham uma masculinidade invejável e suas presenças, aonde quer que fossem, fazia tudo parecer pequeno diante deles.
Ambos esperaram alguma reação e Augusto desceu os degraus lentamente, e em certo momento, parou grudando os olhos na pequena, no colo de Rute. Alice como se pressentisse que precisava conquistar o avô, sorriu.
Por instantes, pareceu que o mundo havia parado. Até o vento cessou.
Vítor se apressou em falar.
__ Pai...
Augusto levantou a mão, num claro pedido para que se calasse e continuou sua descida, os ignorando, parando em frente a empregada, observando atentamente, as feições da pequena Alice.
Rute ofereceu a criança a ele, que a aconchegou em seu peito, sentindo nos dedos, a maciez dos cabelinhos, que brilhavam sob sol outonal.
___ Como vai, princesa? - a voz branda fez a garotinha levantar o olhar inocente.__ Sabia que sou seu vovô?
Alice abriu um sorriso lindo, que enfeitou ainda mais o rostinho angelical.
Com os olhos marejados, ele acariciou com o polegar a face rosada da menina e voltou seu corpo para o casal, que estava apreensivo ao seu lado. Seu olhar enigmático parou em Dany, lhe fazendo estremecer violentamente, sob sua análise.
__ Poderia te dizer muitas coisas ou como padrinho, poderia usar minha autoridade e te dar umas palmadas, bem doloridas no traseiro... - brincou, sorrindo e ela se aliviou.__ Mas diante do que me trouxe, principalmente, depois de ver a morte muito de perto, não posso fazer isso! Sempre quis ter uma menina. - afirmou.__Alice é muito parecida com a avó...- voltou o olhar cheio de carinho para a garotinha.__ É como se enxergasse a mãe de Vítor, nas feições da guria. Só o que posso dizer é que seja bem vinda de volta ao seu lar...mesmo que nunca o tenha considerado assim. Eu sempre a considerei como da família. Eu e seu pai éramos muito amigos...desde a infância...E agora, felizmente pra mim, estou vivo e tendo o prazer de conhecer minha neta.
Danyelle mordeu os lábios, deixando a ansiedade e o medo anterior lhe abandonarem em forma de duas lágrimas grossas, que rolaram pela face.
__ Padrinho... só quero que me perdoe por ter ido embora assim... por ter deixado você e Rute tão preocupados. Vou lhe explicar tudo mais tarde!
__ Não sou Deus para perdoar ninguém, minha filha.- e com a mão livre a puxou para abraçá-la.
Alice agarrou os cabelos da mãe para que chegasse mais perto e Dany envolveu o padrinho e a filha num abraço.
__ Sei que um dos seus motivos para ter feito, o que fez, está parado aí, do seu lado. E é com ele que tenho que acertar algumas contas...Embora, tenha que admitir que meu filho foi responsável o bastante, para te achar e reparar o erro que cometeu! Vamos entrar para que se acomodem e depois, iremos conversar direito.
Com Alice em um dos braços e o outro, sobre os ombros da afilhada, ele as conduziu pelas escadas da imponente sede da fazenda, de paredes brancas e de abertura verde escuras. Vítor e os outros os seguiram.
Dany correu os olhos pela varanda. As coisas ainda estavam dispostas nos mesmo lugares, nada havia mudado. A velha e boa rede, onde o padrinho costumava descansar depois do almoço no verão...as cadeiras de vime com suas almofadas coloridas... As plantas que mantinham seu viço, sob os cuidados de um empregado, que se dedicava somente ao jardim da casa...Tudo estava na mais perfeita ordem.
Augusto deu o lado e a deixou que entrasse na sala mobiliada por móveis coloniais de verniz escuro.
__ Seja bem vinda novamente a esta casa, Danyelle!
Ela o encarou com o lábio tremendo.
__ Obrigada, padrinho!
Pelo tratamento que estava tendo da parte dele, Danyelle pode discernir que ele não sabia sobre nada do que fazia em São Paulo. Celeste tinha preferido não contar. Óbvio, que não seria boba em fazê-lo. Era uma carta, que achava ter contra Danyelle, na manga.Rute acompanhou as garotas pelo enorme corredor de tábuas largas, enceradas e lustradas em vermelho com muito esmero. Danyelle parou em frente ao quarto, o qual foi seu.
Rute estaqueou ao seu lado.
__ Desde que foi embora, nunca mais ninguém dormiu aí. Bem, nenhuma visita ao menos. Preciso apenas te dizer, que a única pessoa que ocupou sua cama foi Vítor. Dormia neste quarto, cada vez que vinha para a fazenda.
Danylle franziu a sobrancelha, como se duvidasse da mulher.
__ Sério?
__ Seríssimo. - afirmou categórica.__ Depois quero que me conte tudo. O que fazia em São Paulo para sobreviver...como ele a achou...
Dany sorriu, disfarçando e olhou para as duas babás, que agora, traziam nas mãos, apenas as bagagens, pois as duas crianças, Augusto tinha tomado para si, lá na sala. Vítor tinha ficado também.
O olhar era um nítido gesto de desespero. Como contar à mulher, que ajudou na sua criação, que a educou para que soubesse se comportar com educação, que a protegeu, que a ninou e lhe deu carinho depois de tantos ataques de Celeste, que dançava como uma vagabunda, numa boate de encontros sexuais? Seu coração se apertou. Talvez, Rute não entendesse pelo que tinha passado.
__ Claro, teremos um bom tempo para conversarmos... - mudou de assunto.__ E sua filha, já foi embora, Rute?
__ Ainda não. - respondeu, abrindo a porta de um dos quartos.__ Este aqui, eu arrumei para as crianças e uma das meninas. __ Andou mais um pouco, pelo corredor e com as três lhe seguindo, empurrou mais uma porta.__ E este aqui, reservei para Diana e Bruno. Sempre quando vêm a fazenda dormem aqui.
Diana agradeceu à senhora.
__ Obrigada, Rute! A senhora é sempre muito gentil conosco. Sempre nos espera com tudo limpinho e cheiroso!
Danyelle passou a mão no ombro de Rute.
__ Ele é muito mais que gentil, Diana. Está sempre preocupada com o bem estar de todos por aqui. Estranharia muito se ela tivesse mudado nesse meio tempo, em que estive fora.
__ Trabalho a tanto tempo aqui, que não saberia viver em outro lugar ou ficar parada. Minha aposentadoria está perto e Lizandra quer me levar para Minas, junto dela, mas não quero, não. Gosto de arrumar as coisas, de cozinhar...Tenho certeza que nasci para isso!
__ E ela está aonde? - indagou Danyelle.
__ Por aí. Tomou café comigo, na cozinha, e disse que iria dar uma volta. Seu Augusto pediu que selassem um cavalo para ela. A casa sem as duas...- baixou a voz, pois se referia claramente a esposa e a enteada de Augusto.__ é só paz e tranquilidade! Até seu padrinho se transforma em outro homem!
Entraram agora, em um dos quartos com suíte.
__ Este aqui, deixei para Vítor e para você. Estão noivos e ele me pediu este quarto para vocês dois. Vocês tem uma filha e as convenções não se aplicam mais!
Dany e as meninas riram, fazendo Diana comentar:
__ Na verdade, essas convenções nem existem mais, Rute! Eu e Bruno, por exemplo, somos noivos e já moramos juntos há três anos. Pretendemos casar, mas acho que isso está bem longe ainda.
Rute torceu o nariz.
__ Ah, vocês e suas modernidades! Na minha época, moça tinha que namorar, noivar e casar! Esses relacionamentos moderno só trazem sofrimentos! Danyelle e Lizandra que o digam! Eu fui feliz por longos trinta anos de casamento!
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Para Sempre No Meu Coração🔞‼️
RomanceA vida de Dany toma um rumo diferente depois que Vítor, filho de seu padrinho, volta de Londres. Ela que sempre teve uma paixão por ele, agora, com 21 anos e com uma aparência completamente diferente, se vê diante, da possibilidade, de conquistar...