Capítulo 22

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Dois dias se passaram. Dany se ocupou em cuidar das crianças, ajudando Diana e também procurando algo apresentável que pudesse vestir na quarta -feira à noite com Vítor.
Não tinha noção do que poderia usar num evento assim, então Diana a orientou comprar algo discreto e elegante, pois já tinha tido alguma experiência em acompanhar o noivo numa dessas ocasiões.
As duas estavam se dando muitíssimo bem e ela também indicou um salão ali de perto do condomínio, caso quisesse marcar uma hora.
Danyelle bateu perna por muitas lojas, em alguns shoppings, quase que um dia inteiro, até que se deparou com a fachada elegante de um ateliê, no qual encontrou o vestido perfeito. Caro, era verdade, por se tratar de exclusividade, mas que lhe caiu com se tivesse feito sob medida para acomodar suas curvas, sem vulgaridade.
Uma roupa daquelas exigia algo à altura e não se conformou apenas em achar um vestido, mas comprar  também sandálias e acessórios.
O que tinha gastado no cartão de Vítor era praticamente o que ganhava no mês dançando na Butterfly. Não se sentiu em nenhum momento, culpada por isso. Para ficar bonita, como ele tinha exigido, carecia de grana e para Vítor, dinheiro não era um problema.
Nem em sonho, imaginou que pudesse precisar de roupas assim, quando veio à Brasília com ele e a filha.
Conscientemente, Dany queria lhe agradar, queria que ele lhe admirasse e a achasse linda, e se sentisse o homem mais invejado por estar com ela ao seu lado.
As noites com Vítor não saíam de sua cabeça durante o dia e lhe causavam uma espécie de felicidade antecipada conforme as horas iam passando.
A melhor parte do dia era a sua chegada em casa quase à noitinha. A paixão que fazia seus corpos se fundirem era avassaladora, os fazendo recuperar o tempo, em que ficaram longe um do outro. Além do erotismo e das delícias do sexo que os dois se permitiam desfrutar, a ternura dos beijos e dos carinhos que trocavam depois que se amavam foi a linguagem que encontraram, sem usar palavras, para expressarem o amor que sentiam, mas que não confessavam.
Vítor por não querer iludi-la, caso seus planos de assumi-la no futuro dessem errado, não ousava dizer um "eu te amo". A política e a família sempre lhe reservavam surpresas e não queria magoar Danyelle como já tinha feito. Estava sendo mais cauteloso desta vez. Era uma estratégia que não gostava, mas que era de extrema necessidade.
Vítor não se recusou em nenhum momento a usar preservativo, apesar de se ressentir de não ser tão prazeroso e que gostaria senti-la, sem nenhuma barreira. No entanto, era a única opção que se apresentava até ao momento. A consulta médica já estava marcada para o próximo mês para  receitar anticoncepcionais.
Quando chegou a tardinha, Dany estava cansada e sem coragem para nada. Seus pés doíam tanto que arrancou o par de tênis desesperadamente assim que entrou em casa. 
Antes que Diana fosse embora, ela tomou um banho para relaxar e se refrescar. Brasília era abafada nesta época do ano. Enquanto a água corria por seu corpo, ela pensava na sua situação.
Danyelle resolveu que não sofreria por antecipação. Iria deixar tudo rolar, mas mesmo assim, o sondava cada vez que faziam amor sobre o que habitava em seu coração, porém, Vítor não fazia promessas como outrora.  Ela também resolveu que não se declararia novamente. Não, enquanto, não soubesse de seus
reais sentimentos. Pensou que, não deixá-lo tão seguro quanto ao amor que tinha, como no passado, era uma proteção. Manteria sua dignidade caso, ele resolvesse mudar de ideia para com ela.
Antes do banho telefonou para Laura e depois para Brian. E foi com um frio na barriga que falou com seu advogado também.
Ansiosa, temia o que o advogado poderia lhe falar, porque agora, era diferente. Mesmo que ganhasse a guarda de Alice de novo, não queria deixar o homem que amava e mesmo sabendo que a decisão de ficar com ele, esses dois anos, pudesse trazer danos irreversíveis em seus sentimentos e a desaprovação dos amigos, era um jogo, o qual precisava jogar. Embora pudesse sair perdendo, a realidade cruel seriar a última forma de tirá-lo de vez de seu coração matando todas as suas esperanças.
Por enquanto, o pedido de guarda da parte dela , ainda não tinha sido analisado pelo juiz.
Parou diante do espelho, passando a escova em seus cabelos, e ouviu um leve barulho na porta. A visão pousou na figura que tirava toda a sua razão, quando lhe fitava com aquele olhar cheio de magnetismo, que ora era guloso, demonstrando toda a sua lascívia, ora cheio de uma ternura, que fazia seu coração se encher de amor.
Pensou que ninguém no mundo tinha esse poder sobre ela, o de tirar o seu fôlego e fazer com que algo dentro dela quisesse explodir simplesmente, com um sorriso de canto de boca.
Admitiu, contrariando tudo o que tinha decidido, que amá-lo tinha se tornado um caminho sem volta e perigoso. Amargaria ela, mais uma rejeição? Estava pagando pra ver.
Dany se virou e ele se aproximou lhe abraçando por trás, afastando os cabelos macios para o lado, liberando a carne cheirosa pelo hidratante corporal, pousando os lábios em seu pescoço, enquanto a encarava pelo reflexo do espelho.
__ Achei que fosse demorar um pouco mais hoje. - ela disse se arrepiando inteira com o carinho que recebia.
Ele respirou forte em seu ouvido e aquilo a desmanchava. Vítor safado, sabia como lhe tirar do prumo
__ Quem consegue trabalhar em paz sabendo que se tem uma mulher dessas esperando em casa? - disse com os lábios ainda em sua pele, ofegando. Ela se deixou levar, fechando os olhos, mordendo o lábio, para segurar o desejo que lhe assaltava.
Vítor enfiou a mão no nó do roupão e o afrouxou o suficiente para a mão deslizar para dentro, acariciando o monte firme de seu seio esquerdo, roçando o indicador sobre o mamilo.
Ela parou a mão, embora isso não fosse o que queria no momento.
__ Não esqueça que Diana precisa ir embora. Acabaremos esse assunto mais tarde. - virou-se, se escorando no balcão da bancada de mármore rosado.
Ele sorriu, suspirou e mordeu de leve seu ombro, a mão agora, subindo por suas coxas, alisando, parando na bunda, onde cravou os dedos com força, como se quisesse mostrar a intensidade com a qual lhe desejava.
___ Não parei de pensar um segundo em você hoje, mas alguém tem que usar a razão neste quarto. - a puxou pela cintura contra seu corpo para que sentisse o quanto estava duro.__ E confesso que minha razão ultimamente, está na cabeça do meu pau. - se afastou e ela não só pode sentir, como observar por cima do tecido da calça social o efeito que aquelas carícias tiveram sobre ele. Ele estava excitado e ela também já sentia seu sexo formigando, querendo ser comida, preenchida por todo aquele tamanho e depois ser acarinhada de uma forma que só ele poderia fazer.
__ Vou tomar um banho e te encontro  daqui a pouco. - disse saindo de costas, a encarando, em direção a porta do quarto.
__ Porque não trás suas coisas para cá, afinal, dormimos juntos há três noites...Adoraria acordar com o barulho do chuveiro e o seu perfume exalando no ar.  
Ele parou pensando e por milésimos de segundos, ela viu um quê de dúvida nos olhos azuis e então, ele sorriu.
__ Acho melhor não. - ele negou. __Não me entenda mal, por favor! - suplicou.___  Ao menos, assim você tem privacidade. Dividiremos apenas a cama, por enquanto.
Dany acenou com a cabeça em sinal de entendimento e estranhou o fato dele querer se manter assim, mas não indagou mais nada. Não queria bancar a chata e de repente percebeu que nunca tinha entrado em seu quarto. Deu de ombros pensando que era uma bobagem ambos dividirem tudo no mesmo espaço. Não havia um compromisso formal entre os dois. Talvez, com o tempo, isso mudasse.
Meia hora depois, ela estava na cozinha. Tinha escolhido um shortinho amarelo, desfiado nas pontas e uma blusa Goiaba, de alcinhas, de tecido leve. Caminhava , de pés descalços no piso frio.
Vítor apareceu, cabelo molhado e o perfume gostoso e masculino, fizeram seus sentidos entrar em alerta, ainda mais quando se virou, deixando os olhos pousarem sobre o torso nu, parando no elástico da calça de moletom, imaginando o que ele teria feito debaixo da água para acalmar seu amigo íntimo. Ele lançou um sorriso malicioso, como se adivinhasse os pensamentos libidinosos dela e pegou Enzo no colo, lhe dando um estalado beijo na bochecha. 
Alice brincava na porta do balcão e nem ligou para o pai. Estava entretida numa arte nova que aprendera: colocar todas as caixas de gelatina empilhadas e quando caíam, arrancavam um som de irritação de sua boquinha. Dany conhecia bem isso, era a fome que estava dando sinal.
Ele se achegou a Dany que aquecia no microondas o jantar dos dois pequenos e lhe deu um beijo no ombro. Alice resmungou e se agarrou nas pernas da mãe que desceu o corpo para ajeitá-la atravessada na  sua cintura, enquanto arrumava tudo com desenvoltura, usando apenas uma das mãos.
Vítor a observava e ela sorriu, estranhando. Ele então, inquiriu:
__ Preciso te fazer uma pergunta, pode se sentir à vontade para discordar. - estava sendo cuidadoso nas palavras.
Danyelle distraída concordou.
__ Pode falar. Algo importante?
__ É sobre Enzo.
Ela levantou o olhar do prato, onde esmagava algumas batatinhas, curiosa.
__ O que tem ele? Fiz algo de errado?
__ Priscila conseguiu o direito na justiça de visitar o guri. - comentou visivelmente contrariado com isso.__Não quero deixar que ela saia com ele por aí. Não confio em Priscila como mãe. Meu advogado argumentou todos os motivos para ela não chegar perto do filho, mas não adiantou. O juiz impôs uma condição.
Danyelle escutava e acomodou Alice na cadeira de papá, para depois tomar Enzo dos braços dele e fazer o mesmo na outra cadeirinha, depositando os pratinhos  e oferendo a colher aos dois para que se deliciassem com a refeição. Atenta ao que ele queria lhe dizer, deixou que os pequenos se lambuzassem. Fazia parte do aprendizado deles.
Esperou que ele continuasse, mas como não o fez, ela indagou.
__ Qual condição?
O silêncio imperou por alguns momentos e ele desviou os olhos dela, preocupado.
__ E então, o que me diz?- ela insistiu.
__ A condição é que a avó materna a acompanhe na visita, que não pode ser fora dos limites do condomínio. Ou que eu esteja presente.
Danyelle ficou imóvel, tentando assimilar o que aquilo significava.
__ Sinto muito, Dany. Mas entendo que se quiser ir para um hotel durante os dias, em que elas ficarem aqui, com o menino, não vou me opor em hipótese nenhuma.
Suas pernas tremeram e ela sentou na primeira cadeira que encontrou, pensativa. Os dois vudus, voltariam a lhe atormentar com toda a certeza, mas como se tratava de uma criança que sentia falta da mãe, ponderou.
__ O apartamento é seu,Vítor. Como posso impedir Enzo de ver a mãe? Talvez, esses encontros tenham muito mais significado na vidinha dele do que na de Priscila. Eu posso sair com Alice, sem problemas. - disse o tranquilizando.
__ Só que não é só sobre isso. É sobre não poder desgrudar o olho de cima dos dois, entende? À noite, terei que dormir aqui, com o garoto. Poderia muito bem pedir a Diana, mas as duas se desentenderam. Também não posso sair da vida dele por uma semana, porque não gosto de minha ex noiva. Com toda a certeza, Celeste, vai querer visitar suas amigas. São várias que moram aqui e só poderá fazer isso no período em que eu estiver em casa. Eu terei que aturar Priscila. 
Imaginar ele e Priscila no mesmo apartamento, não era nada saudável para suas emoções e uma ponta de ciúmes começou a crescer em seu coração.
Vítor era um homem perspicaz, usava as palavras com cautela, tentando lhe convencer porque sabia que aquilo lhe desagradava.
Ele por sua vez, reconhecia o altruísmo de Danyelle, que primeiro pensou no seu filho ao invés dela. 
Dany era tão diferente da outra, que sentiu vontade de lhe carregar nos braços e lhe amar lentamente, demonstrando todo o sentimento que existia guardado dentro dele. Apesar de tudo, ela ainda se importava com a criança, fruto que causou a sua infelicidade no passado.
Vítor se aproximou e segurando em seus ombros a fez se levantar, passando os braços com carinho em volta de seu corpo num abraço apertado.
__ Prometo que antes de vir para casa eu passarei no hotel para te ver, todos os dias. Em cada atitude sua, eu vejo o quanto você é maravilhosa. - beijou seus lábios com carinho.
Dany apreciou o elogiou, embora nada do que ele dissesse lhe acalmasse o coração. Priscila voltava a assombrar sua vida e de Vítor como no passado.
Aquela antiga sensação de perda, se instalou em seu íntimo, no fundo temia a presença da rival tão perto do homem de sua vida.

Quando conseguiu por os filhos na cama, ela voltou à sala.Vítor lhe esperava e ela se atirou na maciez do sofá se recostando em seu peito.
__ Vítor?
__ Pode falar.- ele baixou o volume da televisão.
__Sobre Priscila...- ela hesitou na frase.
__ O que quer saber? 
__ Porque você tirou o garotinho dela?
Vítor se ajeitou, aquele assunto nitidamente o incomodava.
Danyelle puxou os pés para cima do tecido fofo, sentando em posição de yoga. Não iria esperar mais para saber esse segredo.
Ele passou as mãos no rosto, subindo para os cabelos, respirando pesadamente. 
__ Lembra que disse que era grave? - Dany fez sinal positivo com a cabeça e ele continuou.__Então, ela tem ou tinha um namorado, não sei que fim levou ele.
O safado abusou e bateram no meu filho. Diana me contou tudo. Juntei as provas de que ele era maltratado, mas contra o desgraçado não consegui provar nada. Quando descobri o que ele tinha feito, queria matá-lo. Estou lutando no Senado para aumentarmos a pena para  esse tipo de  crime, que é hediondo. Há projetos em discussão. 
Danyelle escutava com os olhos arregalados, não querendo acreditar no que ele contava.
__ Como pode ela ter feito isso ou ter deixado que isso acontecesse com o Enzo?
__ Também queria entender muita coisa. Diana me contou que o tal sujeito vivia lá na cobertura. Foi ela quem começou a desconfiar dele, até que ela o pegou no flagra. Gabriel tinha tirado a roupa do meu filho, tinha batido nele e já estava com as calças arriadas. - Vítor fez uma pausa para respirar.__ Por sorte Diana, está sempre atenta. Me ligou imediatamente. Fiz o BO, mas não conseguimos prendê-lo porque não houve indícios de abusos e no outro dia, eu trouxe Enzo e Diana comigo. 
__ Estou chocada com isso tudo! E Priscila, onde estava que não protegeu o filho?
__ Priscila, descobrimos com tudo isso, que tinha passado a usar drogas. Cocaína. 
Ela também não gostava do menino, talvez por causa do vício, enxergando ele como um atrapalho em sua vida...Enfim, Priscila, como disse antes, não nasceu para ser mãe. Esse sujeito a levou para essa vida, sabendo que ela poderia sustentar o vício dos dois.
Ela chorou, esbravejou e negou, mas por fim admitiu. Está em tratamento.
__ Deus do céu! Nunca imaginaria uma coisa dessas!
__ Priscila tentou me fazer sentir culpado, embora por um dias tenha me sentido desta forma. Por algumas noites, avaliei se não teria sido melhor para Enzo se tivesse feito o sacrifício de assumi-la.
__ Só acho que se ela amasse o menino de verdade, não se atiraria nas drogas deste jeito. Mães fazem sacrifícios pelos filhos...mas também, estou errada em julgar. Não conheço os motivos que a levaram a isso. Estou pasma com esta história! Pensando no lado do bem estar de Enzo, agiu certo em trazê-lo para junto de você.
Dany estava sendo sincera. Enzo realmente não merecia ser criado por uma mulher assim.
Vítor levantou, indo em direção ao bar, serviu uma dose de uma bebida, sem gelo e empurrou garganta abaixo. Carregava uma tristeza no olhar.
__ Diana, passou a me contar tudo o que presenciava, desde que este tal Gabriel entrou na vida  de Priscila. Ela  chegava a sumir até por 3 dias. Nem se preocupava com o garoto.
Dany saiu do sofá e se aproximou, o enlaçando pela cintura. Era nítido que aquele assunto era pesado demais para ele. Afagou suas costas, subindo e descendo as mãos por elas, encostando a cabeça em seu peito. Ele retribuiu o carinho, largando o copo no balcão do bar e afagando seus cabelos.
__ Penso que te reencontrar foi uma tremenda sorte. E dizer, que quase não fui naquela despedida de solteiro na Butterfly.   

Para Sempre No Meu Coração🔞‼️Onde histórias criam vida. Descubra agora