Capítulo 8

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Quando os amigos receberam a mensagem que Dany estava indo para a UTI devido a uma hemorragia na hora do parto de Alice, Laura escorregou aos poucos, sentando na cadeira branca, do corredor daquele hospital público, em lágrimas, e a primeira coisa que pensou foi em pedir a Deus que a salvasse.
A revolta contra Vítor foi mais forte que seu senso de justiça. Tinha uma vontade imensa de localizá-lo e de culpá-lo por tudo o que estava acontecendo à Danyelle e à pequena Alice. Dany não merecia um destino de morte!
Lamentou, soluçando, com o rosto escondido no peito de Miguel.
___ Pobre Dany, será muito injusto se não puder conhecer sua filha!
Alice, tinha nascido de sete meses e meio e por ter baixo peso, foi levada direto para a CTI Neonatal. A enfermeira informou que a menininha passava bem, mas que a mãe, somente poderiam dizer o mesmo, se conseguisse passar as 48 horas decisivas.
Dany tinha perdido uma quantidade grande de sangue na hora da cesárea devido a eclâmpsia.
Miguel passou o braço por cima dos ombros dela e Brian, acocorado em sua frente, também limpava as lágrimas, apavorado.
O medo de perderem Danyelle tomou conta dos amigos, Miguel tentava ser otimista.
___ Calma, vai ficar tudo bem! Eles pediram que nos reuníssemos para doar sangue. Vamos confiar, ela foi forte até o momento, vai sair desta com certeza!
___ Vou entrar em contato com aquele crápula, filho da puta! Danyelle precisa de atendimento melhor e ele pode pagar! - fungou. __ Não podemos deixar ela se ir assim! Somos, como ela diz, sua família!
Miguel ponderou:
___ Este hospital é público, mas é um dos melhores da rede. Não faça nada. Danyelle vai sobreviver e não vai gostar do que fizemos. Se for preciso, eu pagarei as despesas. Vou contatar o médico de plantão e pedir indicação, para que um outro particular a acompanhe enquanto estiver na UTI. Ao menos, o dinheiro que ganho de modo imoral servirá para alguma coisa!
Laura o abraçou mais forte e pensou nas tantas vezes, em que Danyelle a aconselhou a parar de fazer birra com Miguel. Se estavam juntos hoje, felizes, foi por que ela intermediava nas brigas, sempre.
Três horas mais tarde, pediram a enfermeira se poderiam entrar para visitar Alice, o que foi permitido, já que Dany não tinha parentes ali em São Paulo.
Laura e Miguel foram os primeiros a enxergarem a criaturinha pequenina ligada a monitores vitais. Brian, um pouco mais atrás, ainda vestia a roupa esterilizada para entrar na CTI.
Alice, encolhidinha, de bruços, com os canos do oxigênio no nariz parecia ser tão frágil, que Laura achou que se a tocasse poderia quebrar seus ossinhos.
Miguel limpou uma lágrima teimosa que caiu do olho. Estava emocionado e ao mesmo tempo temeroso que aquele serzinho, enrugadinho não sobrevivesse.
A enfermeira se aproximou dos três, sorrindo.
___ Ela é tão frágil! - Brian sussurrou.
___ Parecem frágeis, mas contrariando todas as lógicas, são extremamente fortes. Já vi bebês, que nasceram prematuros, as mães estavam com 5 ou 6 meses de gestação, pesando menos de meio quilo, sobreviverem. Hoje estão vendendo saúde e alegria. - a enfermeira contava, enquanto seus olhos brilhavam, no óbvio amor pela profissão. ___ Alice vencerá todas as batalhas, minha experiência garante!
Brian com a mão na boca abafava o choro.
A moça continuava a explicar, como se isso pudesse ser um consolo para eles.
___ Ela é forte, apesar do seu baixo peso, cerca de 1.600Kg! Respira bem e os primeiros exames mostraram ausência de infecções.
Os três se olharam espantados diante dos dados.
___Na sala de espera tem um mural com fotos de alguns que ficaram aqui conosco, nas incubadoras, vários deles, por alguns meses. Tem fotos de como nasceram e de como estão hoje. Vale a pena olhar. Garanto que se sentirão esperançosos!
Os três ficaram ali, admirando por um tempo a menininha, pelo vidro da incubadora, cada um com uma prece silenciosa no coração.

Vítor se revirava na cama. Danyelle sorria para ele. Deus, como estava linda, sentada em meio às pedras naquela cachoeira! Sua voz ecoou em meio ao barulho da água, o fazendo se atirar no riacho.
___Vítor, meu amor! Porque está demorando tanto? Estamos com tanta saudades suas!
Ele se aproximou, subindo as pedras, tentando tocá-la. Sentia um amor tão grande que o sufocava. Ela sorria mais e se escondia atrás da cortina d'água que caía lá de cima.
__ Dany, não fuja, por favor! - ele se debatia, suando.
Acordou em meio as sacudidas no seu ombro, abrindo os olhos assustados e se deparando com os cabelos loiros e os olhos verdes de Priscila.
___ Vítor, está tendo um sonho! Vai cair da cama deste jeito! Escutei seus gritos lá da sala!
Ele sentou na cama, passando as mãos pelo rosto parando nos cabelos, encarando os olhos da noiva. Sua voz ainda no pensamento e sentia seu perfume no ar. Uma sensação estranha no peito, um aperto, um alerta de perigo o assolava.
__ De novo sonhando com ela? - era uma pergunta com tom de reprovação.___ Quando vai cair na real, que se ela o quisesse, já teria entrado em contato. Uma mulher realmente apaixonada não entrega seu homem assim, de mão beijada e foge! Eu estou aqui, grávida de um filho seu, quero e necessito de atenção! - se queixou.
Vítor suspirou, um pouco sem paciência.
___ Já conversamos milhares de vezes, Pri. Amo meu filho, quero o melhor para ele. Se casarmos, isso será ainda mais prejudicial a ele. Nunca te iludi, nunca te amei de verdade. Nós nos dávamos bem na cama e só!
___ Então? Atração física também conta. Podemos transformar em sentimento... e só você dar uma chance! Está criança precisará de uma família!
___ Não notará a diferença, já vai nos conhecer separados. Você sabe bem, só está aqui, comigo, porque está quase nos dias do seu parto. Não vou abandonar Enzo e nem deixar de cuidar de você!
Priscila usava a acusatória para argumentar.
___ Só está fazendo isso por causa da eleição!
___ Engano seu! Estou fazendo isso porque não fujo das minhas responsabilidades, mesmo que não houvesse pleito eleitoral em jogo, daria todo o apoio que precisa!
Jogou as cobertas longe e levantou, enquanto Priscila voltava contrariada para o seu quarto. A barriga de quase 9 meses sob a camisola curta de seda, o lembrava a todo momento, que nunca deixara de usar preservativo com ela, no entanto o bebê era dele, os exames comprovaram isso.
Priscila, fechou a porta atrás de si, o maxilar trancado de raiva, com a certeza que ele nunca esqueceria Danyelle. A odiou ainda mais por isso! Todos os planos que fizera para sua vida ao lado de Vítor, tinham sido estragados por ela. Até em seus sonhos ela estava presente!
Vítor saiu para a sacada, o frio do mês de agosto, arrepiou sua pele, porém não se importou. Já havia sonhado, outras vezes, com ela, mas não assim, com essa sensação enorme de perda. Sentou na sacada do apartamento, em Porto Alegre e chorou silencioso, sentindo a falta do seu toque, do seu beijo, do seu gosto quando faziam amor, sua risada... A sensação de vazio era insuportável e a cidade, mostrando suas luzes, parecia lhe esmagar o coração, numa agonia intensa. Teria que aprender a conviver com a dor de nunca mais vê-la. O ar gelado começou a fazer efeito no seu sangue, começou a tiritar de frio e entrou.
Correu os olhos pelo quarto e pela cama, que ocupava sozinho, apesar da insistência de Priscila em ficar com ele. Não transava com ela, preferia sair e arranjar alguma mulher desconhecida, a qual no outro dia nem lembraria o nome. Tinha mergulhado de corpo e alma na campanha para tentar esquecê-la, tentando guardá-la em algum canto do seu coração, mas a cada dia ficava mais difícil! O tempo era cruel!

Para Sempre No Meu Coração🔞‼️Onde histórias criam vida. Descubra agora