Capítulo 27

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Na manhã de sexta-feira, Dany, no quarto, arrumava algumas coisas de Alice na mala. Iriam para um hotel não muito longe dali.
Celeste e Priscila chegariam perto das duas da tarde e ela se adiantou para sair do apartamento antes que chegassem. A última coisa que queria no momento, era encontrá-las ou que viessem a conhecer a filha.
Ouviu um barulho da porta se abrindo e a voz inconfundível, que tinha o poder de abalar suas estruturas, indagar:
___ Está pronta?
Ela virou se deparando com os olhos azuis, mais lindos do que nunca, realçados pela cor Marinho da impecável camisa de manga longa, dobrada nos braços, que usava.
Vítor também a analisou, percorrendo seu corpo de alto a baixo. Ela tinha escolhido um vestido preto, básico e casual de malha que deixava seus ombros à mostra, estilo ciganinha e nos pés rasteirinhas enfeitadas com pedrinhas coloridas. Os cabelos, prendeu uma parte atrás da nuca, com uma presilha e algumas mechas caíam nas laterais emoldurando o rosto bem desenhado. O conjunto todo a deixava com ares de menina e era difícil, alguém que a visse assim, imaginar que fosse tão insaciável quando se entregava às carícias das mãos experientes de Vítor.
___ Irei almoçar com você no hotel, depois volto para esperá-las aqui no apartamento.
___ Ok. - no último dia, suas respostas eram monossilábicas.
Vítor continuou puxando assunto.
___Não vou poder me demorar com vocês, preciso estar de volta às duas horas, para Diana ir embora.
Dany acenou indicando que tinha entendido.
Desde a discussão anterior que mal se falavam. Ela não fazia questão de conversar nada porque já estava cansada daquele seu jogo sujo.
Vítor caminhou pelo quarto, lentamente, sem tirar os olhos de seus movimentos e se escorou num móvel de gavetas em frente à cama, com os braços cruzados. O olhar que trocaram fez Dany engolir em seco. Sabia que as cenas da noite anterior, habitavam os pensamentos de ambos e imediatamente, desviou o foco, voltando a abaixar a cabeça, ocupando as mãos em dobrar algumas peças de roupa. Durante o tempo em que fazia isso ela o espreitava de esgueira.
A segurança e o poder que Vítor emanava como homem, fez com que se desse conta que o jeito extrovertido e as brincadeiras de Fabiano parecessem infantis e tolas. O novo amigo não passava de um menino bonito que a encantou por partilharem o gosto pela dança.
Alice em cima da cama, travessa, fazia o desserviço de retirar o que era posto dentro da mala. Dany a repreendeu e ele se sentou na cama para distrair a filha.
"Os dois são tão parecidos..".- pensou com amargura."Porque as coisas tinham que ser tão dificultosas para eles?" Mordeu o lábio, concluindo que o seu sonho de menina apaixonada, tinha se transformado numa série dramática de temporada sem fim. A determinação de viver um dia de cada vez com ele, caiu por terra. Não aguentaria dividir o homem que amava com outra, esse foi um dos motivos que a levaram para longe da fazenda no passado. Vítor a mortificou quando disse que repensaria se ela ficaria ou não na sua vida. Respirou e engoliu a mágoa.
__Quanto tempo acha que vai demorar? - ainda era cedo, mas ele queria sua atenção, indagou passando o queixo na planta do pezinho de Alice para arrancar uma gargalhada dela.
__ Só o tempo de acabar aqui e poderemos ir. - as palavras saíram fracas, prova da habilidade que ele tinha em perturbá-la.
Estava magoada e ferida com a descoberta de que ainda mantinha uma relação com Marcela e do que lhe fizera na volta da festa. Como pessoa ela não significava nada para Vítor. Simplesmente, ele era indiferente a dor que sentia. Sexo e posse era o que o movia.
Na madrugada anterior, Vítor havia considerado o desejo que tinha por seu corpo como um fator importante para continuar a usá-la. Seu amor, ela, agora, tinha a certeza, que nunca teria e enxergou isso claramente, na sua dúvida que tinha em assumi-la ou não.
__ Até quando vai ficar de birra comigo? Dormimos na mesma cama e nem me olha na cara. - questionou, em meio ao tempo que deitava ao lado de Alice.
Dany continuou dobrando as pequenas peças de roupa e tentava dar um ar casual a conversa. Foi em direção agora, ao seu guarda roupa, tirando algumas roupas suas de lá. Se virou para responder parando com os cabides na mão, fincando os olhos, séria, em Vítor. A intensidade com que ele devolveu a mirada, fez com que se desconcertasse e a obrigasse a olhar para as roupas em suas mãos.
__Até que me peça desculpas pelo que me fez na madrugada. É tão difícil?
__ Da próxima vez, não se esfregue em qualquer um. - replicou.
Ela ergueu a cabeça surpresa por conseguir encará-lo com tranquilidade para devolver o desaforo.
__ Da próxima vez, não foda com sua amiguinha alucinadamente no seu gabinete. Espero que use preservativos com ela, porque comigo, parece que faz de propósito. Nunca tem um à mão. - desabafou.__ Você é incapaz de admitir que errou, não é mesmo? Vai ser bom ficar um pouco longe de você. Não pretendo manter um relacionamento com alguém que tem acessos de ira, que me tranca num quarto para me machucar, trepa comigo de manhã, com a amante, à tarde; à noite se deita na minha cama e dorme de conchinha como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Vítor parou de brincar com Alice e voltou a olhá-la, mantendo seus olhos azuis nela, como se a ficha tivesse caído.
__O problema todo, então, foi Marcela... - ele concluiu.__ Provavelmente, mentiu a você.
Dany riu sarcástica com a audácia. Ele realmente, acreditava que ela era uma boba.
__Porque voltou a minha vida?- suspirou, jogando um biquíni dentro da mala de qualquer jeito. __Porque me propôs um acordo que é incapaz de cumprir? Não precisaríamos estar vivenciando tudo isso, se apenas, tivesse reivindicado seus direitos para visitar Alice. Mas não, você quer dominar, ter poder sobre meu corpo.
Dany achou que ele iria dizer qualquer coisa, negar, arrazoar, mas ficou em silêncio e desviou o olhar do dela e com um sorriso de canto de boca, cínico, levantou e segurando a filha no colo, saiu do quarto.

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