Dany acordou com alguém sacudindo seu ombro. Assustada, abriu os olhos.
___ Moça, o ônibus já está chegando na rodoviária de São Paulo. - a mulher morena, que viajava ao seu lado anunciou.
___ Ah, claro, dormi que nem vi nada! - se mexeu passando as mãos no cabelos para ajeitar.
Olhou para fora, sentindo um enorme frio na barriga. Tinha chegado ao seu destino e dali para frente, seria a dona de sua vida, porém não tinha nenhuma noção de como isso aconteceria.
O burburinho das pessoas andando apressadas, carregando bagagens, de familiares à espera dos desembarques, o barulho dos carros nas avenidas próximas fez com que Dany ficasse confusa e com um certo pânico.
Parou com a mochila nas costas, olhando tudo aquilo, sem saber que rumo tomar.
Respirou fundo e correu os olhos à procura de um lugar para comer.
O letreiro vermelho chamou sua atenção anunciando o que o recinto servia. Apressada caminhou até lá, sentando num dos bancos da lanchonete e sorriu para atendente.
O cheiro do café e de queijo derretido invadiu as suas narinas e sua barriga deu sinal de uma fome maior do que ela pensava estar tendo.
___ Um café e aquilo ali, que sua colega está fazendo. - apontou a moça que trabalhava na chapa.___ Como chamam aqui?
___ Misto quente. - respondeu a atendente de olhos verdes.
Dany balançou a cabeça e sorriu.
___ No RS, chamamos de torrada.
Ela se aproximou lhe alcançado a xícara com o líquido fumegante.
___ É gaúcha, então? Veio fazer o que, aqui em São Paulo? Estudar?
___ Sim, sou gaúcha. Pretendo arranjar alguma coisa para fazer e retomar meus estudos.
___ E sabe fazer o quê? Tem algum curso profissionalizante ao menos?
___ Não tenho formação nenhuma. Vivi minha vida inteira servindo os outros. Por acaso, sabe de algum emprego ou de algum lugar barato em que eu possa ficar?
___ Depende. Sabe fazer o quê?
___ Limpar, cozinhar... dançar...Amo a dança.
___ Fala ali, com aquele sujeito, é o dono. Talvez te arranje alguma coisa. Ele tem uma queda por mulher bonita. - disse passando um pano no balcão de granito cinza.
Dany seguiu com os olhos o homem baixinho, de camisa xadrez, sentado atrás do caixa.
___ Ele paga quanto pra vocês?
___ Depende...- ela repetiu torcendo o nariz.___ Se você der para ele, te paga muito bem. Agora, se não quiser nada, te paga mal. Eu particularmente, ganho mal pra caramba! Tô saindo no mês que vem, tenho proposta melhor de trabalho. Se é para dormir com alguém, que seja pra ganhar muito mais do que esse traste oferece. - a voz saiu baixa.
Dany observou a atendente. Debaixo da touca branca e daquele uniforme , provavelmente, tinha beleza, pois seu rosto era muito bonito.
___ E vai trabalhar com o quê?
___ Algo que me permita ao menos pagar meu aluguel, sem precisar contar as moedas. - desabafou.___ Moro com mais duas amigas e um amigo... Uma delas faz 3 meses, que não paga a sua parte das despesas. Já dei o ultimato, ficará lá até a semana que vem. Depois, fora!
Ela postou o prato com o misto quente na frente de Dany.
___ Tem uma pensão logo aqui, saindo da rodoviária, dobrando a primeira esquina a direita, cerca de duas quadras pra frente. Sei que ali, os preços não são altos... só que é um pardieiro, já adianto.
___ Só preciso de um lugar para tomar um banho e dormir, logo vou me ambientar à cidade e acabo achando algo melhor.
___ Cuidado, São Paulo é violenta! - disse saindo para atender outro cliente.
Dany comeu e se dirigiu ao caixa, entregando a comanda ao homem de camisa xadrez que lhe encarou.
___ São 15,00!
Danyelle abriu a mochila, tirando um cartão e enfiando na maquininha indicada por ele.
O pouco dinheiro que tinha, vinha de uma indenização dos pais, que recebeu quando morreram. Augusto havia depositado numa poupança para que, quando atingisse a maioridade pudesse retirar. Já tinha gasto uma parte dele com o curso de dança há um ano e agora, com as passagens para vir embora da fazenda, não tinha sobrado muito, por isso arranjar algo que lhe provesse um ganho era de extrema necessidade.
Sorriu formando as duas covinhas nas bochechas, demonstrando sua simpatia.
___ A moça me disse que talvez esteja precisando de uma pessoa para atender na lanchonete...
O homem sorriu de volta, mostrando os dentes amarelos do fumo do cigarro.
___ Aquela ali, vai sair, está de aviso. - passou os olhos de alto a baixo sobre a figura de Dany.___ Vou precisar, se quiser vir fazer uns dias de teste...
Dany respirou aliviada, porém não tinha gostado do jeito que ele lhe olhou. Ela virou o rosto e a atendente escorada no balcão os observava.
___ Posso vir amanhã mesmo se o senhor quiser! Não tenho experiência, mas tenho boa vontade, posso aprender!
___ Amanhã, então. Abrimos às 6 horas. - girou na cadeira e chamou a moça de touca branca e olhos verdes. __ Laura! - ela se aproximou.___ Esta moça estará amanhã, sob suas ordens. Vamos ver se dá para a coisa! Como é mesmo seu nome?
__ Danyelle Mathias.
Laura sorriu para ela simpática.
___ Ok, Danyelle, te espero amanhã bem cedinho.
___ Obrigada, senhor...?
___ João. Sou o dono da lanchonete.
___ Até, senhor João! Obrigada pela oportunidade!
Ele balançou a cabeça assentindo e Danyelle tomou o rumo da saída da rodoviária, seguindo a indicação que Laura havia lhe dado. Não demorou muito, enxergou a pensão e entrando pediu um quarto.
O lugar não era grandes coisas, mas serviria até ela dar um rumo em sua vida e o preço estava dentro do seu orçamento. Mesmo que Laura não tivesse comentado sobre os assédios de João, o teste na lanchonete não a agradava, mas, no momento, era o que tinha. Aprenderia a se defender! Assim que começasse a conhecer a cidade e pegasse algum tipo de experiência no trabalho, arranjaria coisa melhor.
O quarto pequeno, de lajotas frias, tinha uma cama de solteiro, adornada com uma colcha Madrigal verde, desbotada e uma cômoda de verniz escuro, o cheiro de mofo era insuportável e o banheiro coletivo, contava com azulejos de várias cores, não cheirava muito bem e ficava no final do corredor.
___ Não servimos nenhum tipo de refeição aqui e também não é permitido cozinhar nos quartos. Lá, nos fundos, tem uma lavanderia, se quiser usar. - a senhora, carrancuda, dona da pensão avisou.
___ Tudo bem. Obrigada! - disse trancando a porta e abrindo a janela de venezianas que davam para um quintal.
Dany tirou o par de tênis dos pés e se deitou, estava cansada e já eram 2 horas da tarde. Descansar para renovar as forças, era preciso.
Fechando os olhos, a primeira imagem que veio a sua mente foi a de Vítor. Respirou fundo, trocando de lado, para que o sono chegasse, porém sua mente devido a excitação de estar em lugar totalmente desconhecido não parava de funcionar.
Era triste descobrir como um amor pode machucar e arrasada era uma palavra que a definia bem naqueles últimos dias.
Os conselhos de Rute vieram aos seus pensamentos. Porque não os ouviu? Vítor fez com ela o que a amiga disse que faria. Como foi ingênua em acreditar nas palavras dele! Como ousou sonhar tão alto, achando que um homem como ele iria se apaixonar por uma pobre coitada como ela?!
Desde o dia do encontro na cachoeira, Vítor começou a lhe procurar sem dar trégua e não disfarçava os olhares de desejo por ela.
Os passeios diários a cavalo começaram a ter a companhia do homem que sempre amou.
O gosto do primeiro beijo ainda se fazia presente em sua memória e as coisas realmente começaram a acontecer numa tarde, a sombra de uma figueira, longe dos olhos dos empregados da fazenda.
___ Esse calor está insuportável! - ela reclamou, amarrando o cavalo num arbusto, sentando com as costas escoradas no tronco da árvore.
Vítor sentou ao seu lado e fixou os olhos nos dela.
___ Não tem vontade de sair daqui? Viajar, conhecer pessoas...
___ Talvez, um dia, eu faça isso.
___ Nunca me falou se tem ou que esteja interessada em alguém...
Dany sorriu sem jeito. Como dizer que a única pessoa em quem pensou durante toda a sua vida foi ele.
___ Tenho. - ela desviou o olhar. ___ Mas é impossível, segundo Rute, ele nunca vai se apaixonar por mim.
___ Como ela pode ter certeza? Você é linda e só um imbecil não notaria isso! Nunca teve um namorado?
___ Somos de mundo diferentes e não, nunca tive.
Ele gargalhou alto. Ela se irritou como deboche sobre seus sentimentos.
__ Está rindo porque? Porque não sou igual as garotas com quem é acostumado a conviver? Nunca saí da fazenda para ter uma vida social e ela se resume ao que vê. Porque o espanto de nunca te,r sequer, beijado alguém? - se levantou, virando as costas, as lágrimas encheram os olhos.
Ouviu a voz mansa atrás dela.
__ Desculpa, não quis te magoar...é que simplesmente, acho muito louco, uma mulher como você nunca ter beijado um rapaz. Certamente, não foi desejo da parte deles para que se mantivesse assim.
___ Não foi mesmo. No curso de dança...havia alguns rapazes..me convidaram várias vezes para sair, nunca quis.
___ E porque? É tão apaixonada assim pela pessoa impossível, que nunca quis beijar outra?
___ Deve estar me achando uma idiota, não é mesmo? E sou sim, louca por ele... desde a minha adolescência e...
Dany sentiu as mãos de Vítor em seus ombros nus, o calor do toque queimava sua pele, forçando para que ela girasse, ficando face a face com os olhos azuis que desmoronavam qualquer barreira e como num passe de mágica, sentiu os lábios macios dele se movendo sobre os seus delicadamente, mordiscando a carne do lábio inferior para depois possuir devastadoramente, sua boca, exigindo que se abrisse para receber a sua língua.
Dany não sabia muito bem como agir, mas foi guiada pelo instinto de mulher apaixonada e relaxou. Nunca pensou que receber um beijo de Vítor, tivesse o poder de lhe deixar naquele estado. De repente, todo seu corpo reagiu de uma forma inimaginável e ela o abraçou pela cintura, enquanto a mão dele se enterrava em seus cabelos. Quando seus lábios se desgrudaram, Vítor encostou a testa na dela, a respiração de Dany estava ofegante, seu coração pulava no peito e suas pernas quase não a sustentavam.
Tinha sonhado e imaginado milhares de vezes com aquele beijo e o que sentiu superou sua expectativas.
Ele se afastou, passando a mão pelos cabelos, virando de costas deixou escapar um palavrão baixinho.
Dany abriu os olhos, aturdida.
___ Foi tão ruim assim me beijar!? Eu sei que sou inexperiente e que... - ela parou de falar quando Vítor girou o corpo, sem jeito, com um ar de piedade.
___ Claro que não! É que acho que me excedi, afinal acabou de me dizer que...
___ Que sou louca por uma pessoa?
___ Sim, é isso! Desculpa!
___ Não! Não quero suas desculpas! Eu esperei muito tempo...
Ele se aproximou do cavalo, montando e ela calou. Sua expressão tinha mudado e Dany se perguntava o que tinha feito de errado.
___ Vou voltar para a sede. Não tinha o direito de ter feito isso com você!
Vi, praticamente, você crescer...e está errado!
Girou o cavalo e saiu em disparada. Ela ficou observando ele sumir nas coxilhas.
Dany se atirou com destreza em cima de Vento Negro e o seguiu, galopando, desesperada e lhe alcançou.
___ Espera! - ela gritou.
Vítor puxou as rédeas e fez o animal parar, ela encostou Vento Negro ao seu lado. Furiosa indagou:
___ Acha que pode me beijar e fugir? Porque? A desculpa de me conhecer desde pequena não cola. Sou, como disse, uma mulher, não sou mais criança!
___ Te disse, está errado! Você é linda, mas ingênua e inocente. Detestaria saber que possa se iludir comigo! Não sou homem pra você!
____ Mesmo sem me prometer nada e nem sequer olhar para mim...eu me apaixonei por você! Eu te amo desde o primeiro dia em que te vi! - confessou.___ Esperei todo esse tempo para que isso, que aconteceu há pouco, fosse com você!
Vítor desceu para o chão, estendendo os braços para ajuda-lá a sair da cela e sem tirar as mãos de sua cintura, ficou muito próximo dela.
___ Nem sei o que dizer! A desculpa não foi por ter te beijado, mas porque não quero te iludir e também porque não me controlei, aliás, quando estou perto de você isso se torna difícil!
Você se transformou numa mulher linda, além disso, é diferente ...não tem malícia ....nos papos que tivemos nunca mencionou ter interesse em dinheiro e apesar de nunca ter estado em uma universidade, é inteligente e domina vário assuntos...resumindo, não vejo nada de fútil em você! Acredite, eu me sinto atraído demais por você.. estou confuso! Nunca me senti assim em relação a ninguém! Existe uma mistura de sentimentos dentro de mim, desde o dia em que te encontrei naquela cachoeira!
Dany se aproximou ainda mais dele e tomou a iniciativa. Aquelas palavras eram como música ao seus ouvidos. O beijou. Vítor não rejeitou, muito ao contrário, apertou os braços ao redor de sua cintura, fazendo com que ela viesse mais ao encontro de seu corpo e Dany se deleitou ao sentir o seu coração batendo forte contra seus seios. O sol da tarde queimava, mas nada disso importava para eles . O suor escorria por entre o vale dos seus seios, seu corpo tremia inteiro e Dany pode sentir a protuberância de sua masculinidade. Ela provocava o desejo dele. Era virgem, mas não boba. Sabia o poder que uma mulher exerce com seu corpo sobre um homem e estava disposta a tudo para ter o seu amor.
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Para Sempre No Meu Coração🔞‼️
RomanceA vida de Dany toma um rumo diferente depois que Vítor, filho de seu padrinho, volta de Londres. Ela que sempre teve uma paixão por ele, agora, com 21 anos e com uma aparência completamente diferente, se vê diante, da possibilidade, de conquistar...