Sombra

Damon

Damon

Eu estava correndo pela floresta em direção à clareira. Apesar de eu estar longe do local onde eu encontrara a humana ruiva, eu ainda podia sentir o cheiro dela. Meu instinto assassino me dizia que eu deveria me alimentar daquela humana, mas meu lado humano não queria que eu fizesse mal àquela jovem. Eu nunca havia desistido de uma vítima antes, nem mesmo quando eu encontrava uma mulher muito atraente no meu caminho. Se a moça misteriosa não tivesse tanta semelhança com Katherine, eu teria sugado sua vida no mesmo instante em que eu a encontrei naquela praça. Eu estava disposto a tirar seu sangue até o momento em que ela me olhou, revelando seu rosto. Por pouco, eu não a matei. Mal ela sabia que havia encontrado a fera mais terrível de Olímpia e sobreviveu.

Enquanto eu corria na trilha, a imagem dela persistia em minha memória. Eu via seu rosto em cada árvore.

Em um momento, cheguei perto da casa dentro da floresta. Eu estava ofegante. Eu ainda sentia desejo pelo sangue daquela humana. Mas pelo menos, ela já não estava mais ao meu alcance.

Eu retirei a foto de Katherine do bolso do paletó e comecei a compará-la com a desconhecida da praça. Será que era a própria Katherine?, pensei comigo mesmo. Abandonei essa conjectura logo após. Já havia se passado mais de um século desde o dia em que me separei dela. Katherine não estava mais viva. Talvez a garota da praça fosse uma descendente de Katherine, mas a semelhança entre elas era inegável. O rosto e o formato do corpo daquela humana eram iguais aos de Katherine. Até a maneira de olhar era igual. Parecia o clone da minha antiga noiva. Será que os deuses me deram uma segunda chance?, pensei comigo mesmo.

A presença daquela estranha bagunçou meus nervos. Eu estava procurando uma vítima nos arredores quando aquela humana cruzou meu caminho, então tudo ficou confuso. Senti uma tristeza naquele momento enquanto olhava para a velha foto.

Nesse momento, Caroline, Josué e Simão apareceram no local onde eu me encontrava. Eu os encarei com surpresa. Não esperava que eles aparecessem.

Ela me olhou desconfiada. Caroline perguntou:

- Onde você esteve, Damon? Procuramos por você há vários minutos.

- Eu estava rondando a praça em busca de alimento - eu respondi.

- O que? Como você pode fazer isso, Damon. Quantas vezes eu disse que não devemos ir à praça. Você não pode se expor dessa maneira - disse Simão, indignado.

- Você quer me controlar, Simão? - eu indaguei, aborrecido.

- Ele só está preocupado contigo e com nossa segurança - disse Josué.

- O que pode acontecer se eu for à maldita praça? - eu perguntei, olhando para Josué.

- Essa cidade pode estar cheia de caçadores de vampiro. Não podemos chamar a atenção dos humanos - disse Josué.

- Eu não vi nenhum caçador. A área parecia segura - eu falei.