Stefan

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Stefan

Eu estava voltando do trabalho. Era pôr do sol. No caminho, encontrei um boteco. Eu olhei para um homem que estava segurando um copo de cerveja. Havia uma mulher sentada em seu colo. Eu me perguntei se eu me tornaria como ele algum dia. Então, tive uma reflexão filosófica. Quando eu era mais novo, eu gostava da minha vida. Nada me afligia. Eu não tinha complexos de inferioridade e nem preocupações. Meu mundo era róseo e bonito. Eu não via nada de errado com minha família. Mas esse estado de espírito durou pouco. Quando minha mente acordou, por assim dizer, aos 7 anos de idade, comecei a perceber que o meu mundo não era tão róseo. Meus pais costumavam discutir muito. Papai gritava e mãe uivava. E quais foram as causas desses confrontos? Papai bebia demais. E que batalhas eu testemunhei! Eu me lembrei de uma das brigas dos meus pais.

Mamãe gritava: "Que tipo de marido você é quando você fica no bar com aquelas vagabundas; você quase não passa tempo com sua família, você desaparece por horas para Deus sabe onde, deixando todos para trás! Quanto tempo você gasta comigo? Vou lhe dizer quanto tempo: você não passa tempo comigo! Eu preciso de amor, atenção".

Ele gritava: "Pare de me atormentar, sua estúpida! Estou farto das suas lamúrias!"

Mamãe gritava ao mesmo tempo: "Que tipo de pai você é? Você está sempre bêbado e sempre se socializa com idiotas bêbados. Como você acha que nosso filho reage quando ele vê o pai interagindo com as pessoas mais indecentes e repugnantes?"

Ele disse: "Você se atreve a me perguntar por que deixo esta casa por tantas horas? É claro que quero sair de casa — é porque não suporto a repulsa que sinto por você!"

Meus pais estavam brigando mais e mais.

Eu tinha uma vida de possibilidades aparentemente intermináveis, mas a vida da minha família foi marcada dia após dia pelo alcoolismo. Eu permanecia arrasado quando assistia o meu pai beber uísque todos os dias.

O fato de papai nunca passar tempo comigo realmente me machucou e se fez sentir inseguro. Eu realmente precisava da companhia dele quando criança e até a adolescência, mas, infelizmente, ele nunca estava interessado em sentar e conversar comigo nem por um minuto.

Passei os meses que antecederam a separação dos meus pais com raiva. Furioso por causa de alguém que poderia jogar sua vida fora. Um trabalho de sucesso por mais de 10 anos na mesma empresa, uma família maravilhosa com dois filhos e uma esposa. Eu procurava sempre um vislumbre de esperança de que papai tivesse um dia de lazer comigo, mas ele gastava quase todo seu tempo com bebida e farra.

Meu mundo inteiro caiu no dia em que meu pai foi embora para nunca mais voltar.

Eu parei de refletir quando escutei a dona Madalena me chamar de galinha-morta. Havia risos ao fundo.

Vicki passou na casa minha casa por volta das 7 horas naquela noite. Havíamos combinado de ir a um show de uma banda de rock. Eu não queria sair de casa naquela noite, mas decidi ir, pois eu tinha medo de ser agredido por minha maldita namorada. Quando eu não fazia o que ela queria, a bruxa me chamava de nomes feios e até rogava praga para mim. Ela me dava medo. Meu relacionamento com ela era um pesadelo. Vicki destruiu a confiança que me restou, dizendo-me coisas horríveis, ameaçando com todo tipo de coisa, inclusive se matar. Ela era super louca por controle, não me deixou tirar um tempo para mim, porque eu tinha que estar ao telefone com ela o tempo todo e se eu desligasse, ela encontraria uma maneira de me encontrar.

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