Base Militar de Hawkins - 4 de abril de 2022
Jane
10m07s.
Observo mais uma vez a contagem numérica no cronômetro, enchendo e esvaziando os pulmões com tanta velocidade, que mal podia me manter de pé.
Será que aquele aparelho estava com defeito?
Eu havia melhorado minha habilidade de ataque em cerca de quatro segundos. Quatro segundos mais rápida.
Espalmo a mão contra a mesa de metal com ira, fazendo o barulho ecoar pelo cômodo fechado e o número 011 brilhar no meu pulso, aproveitando-se da luminosidade.
Eu não me lembro de com quantos anos ao certo eu tinha ganho a tatuagem, mas ela me acompanhava há tanto tempo que provavelmente fora feita logo após o meu nascimento. Papa tinha me dito que aquela era a marca da minha consagração nas Forças Armadas, quando eu fui escolhida, desde muito cedo, para servir ao país. Para seguir seus passos e os da mamãe.
Eu não tinha treinado tantos dias para melhorar em tão pouco. Não aceitaria sair dali sem reduzir o tempo para, pelo menos, dez minutos completos. Segundos podem parecer besteira para alguém, mas com certeza não para mim e nem para o resto dos militares. Em questão de um segundo você poderia salvar ou perder a sua própria vida.
Nem aceitaria, nem o papa jamais permitiria que eu descansasse enquanto não ficasse boa o bastante para participar das patrulhas pela cidade.
Era para aquilo que eu vinha dando tudo de mim nos últimos meses e não poderia fraquejar quando faltavam apenas três dias para a Cerimônia, onde eram escolhidos os melhores soldados para atuarem como patrulheiros das Forças Armadas de Hawkins.
Eles agiam nas ruas, atrás dos Fugitivos e na defesa da população contra os Demogorgons, monstros com sede de sangue que tinham saído de um Mundo Paralelo por um descuido de um dos nossos cientistas, uma longa e complicada história que me cansa a mente só de lembrar.
Papa dizia que a mamãe foi uma patrulheira e desde a primeira vez que fiquei sabendo disto, dediquei minha vida ao sonho de seguir seus passos. Eu não pude conhecê-la, ela faleceu ao me dar a luz; nunca tinha visto nem mesmo uma única foto sua.
Meu pai falava que Terry Ives não era muito adepta aos meios fotográficose isso me fazia feliz de alguma mínima maneira, pois mais uma vez reforçava o quão nós éramos parecidas. Talvez eu tivesse a "síndrome do flash" ou talvez fosse só por não gostar da minha auto imagem. Não me achava exatamente feia, porém sempre evitava encarar muito o meu próprio reflexo. De alguma forma muito difícil de explicar, aquela não parecia o meu verdadeiro eu.
Havia mulheres que ficavam muito bonitas com seus cabelos curtos e encharcados de laquê, e por mais que o visual fechado me desse um jeito mais poderoso, eu não me vestiria assim se pudesse escolher.
A população feminina da Base Militar não podia se dar ao luxo de usar os cabelos soltos e longos como bem quisessem. Eles sempre eram curtos e bem fixados como os meus ou completamente raspados. Fios longos atrapalhavam na hora de combates e lutas.
Também não era permitido ter relações com os Fugitivos, nem mesmo se este fosse um parente. Laços, de família ou não, eram cortados quando um membro da sociedade era escolhido para servir às Forças Armadas. Estávamos destinados a morrer pelo país e por mais ninguém.
Se relacionar com os infratores era caso de expulsão da Base e, vai por mim, era melhor enfrentar a morte do que os castigos por infração à Lei Militar.
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Mileven: Two Worlds
RandomE se na verdade, os poderes telecinéticos pertencecem ao Mike? E Dustin, Lucas e Max também tivessem habilidades especiais? Na conturbada cidade de Hawkins, jovens que serviram como experimento para o governo e falharam em suas missões, são obrigad...