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Ironicamente já vivo num silêncio, mas se quer tanto ele, no sentido que sabemos bem, tome-o

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Ironicamente já vivo num silêncio, mas se quer tanto ele, no sentido que sabemos bem, tome-o. Conquiste-o. Prazer, me chamo Austin., li e reli, e reli, e reli até que meu cérebro digerisse que a merda realmente estava acontecendo.

É a primeira vez que ele escreve para mim e é isso? E nem ganho a droga do seu silêncio em relação ao que ocorreu atrás do colégio? Merda!

Abaixei o celular e lancei um breve olhar para a porta, onde, segundos atrás, o garoto saíra, pensando incansavelmente no que poderia fazer para que nada disso piorasse e meu coração amenizasse suas batidas frenéticas.

O que eu tinha na cabeça quando cedi a Blaise tão facilmente? O que tinha na cabeça quando iniciei toda essa merda com ele?!

Passei meus dedos por entre os fios de meu cabelo claro, sem esconder minha inquietação aos terceiros que pudessem me lançar olhares.

Após o garoto, Austin, segundo a mensagem, sair da área traseira da escola, chorei intensamente, tanto que ainda sentia meu rosto grudento pelas lágrimas que há muito secara, e Blaise simplesmente jogara a culpa toda em mim. Por eu o ter enlouquecido, o seduzido, e que agora estava em minhas mãos concertar o “erro” que eu o fiz cometer. Naquele momento, pela primeira vez, minha palma coçou atrás de queimação; queria se chocar contra o rosto do ruivo com todas as suas forças, mas a contive. Tive que a conter. Marcas de dedos no rosto do namorado seria um baita mistério para Harper, e não queria que isso ocorresse. Ao menos, não naquele instante.

Lancei um olhar para Blaise, que, apesar de tentar se socializar na mesa, mantivera o seu olhar sobre mim e o garoto por toda a nossa breve “conversa”. Engoli em seco quando sua cabeça levemente se inclinou e a sua mandíbula trincou com mais força; ele me cobrava, me culpava. Desgraçado.

Me ergui rapidamente, deixando o meu lanche sobre a mesa mesmo e seguindo para fora do refeitório. Meu coração batia com força, tanta que era possível senti-lo pulsar na ponta de minha orelha e, se fizesse um pouco mais de esforço, poderia até mesmo ouvir suas batidas. Assim como todos os centímetros de meu corpo, minha respiração também não deu trégua: estava ofegante, tanta que chegava a ser difícil respirar, o que acelerava ainda mais o meu coração.

O que eu tinha na cabeça?!

— Maddy! — A voz conhecida ecoou atrás de mim assim que adentrei nos corredores repletos de armários azuis.

Me virei e encontrei os olhos oceânicos de Harper, fitando-me em confusão.

— O que foi aquilo lá no refeitório? — cobrou, parando ao meu lado enquanto o seu cabelo castanho ondulado ainda balançava de um lado para o outro, preso num rabo de cavalo.

Meu coração errou uma batida, minha respiração sumiu e as palavras fugiram de minha boca.

Logo, pensamentos negativos tomaram minha mente. Primeiro, ela faria o que qualquer mulher traída faria ao encontrar a amante de seu amado: me bofetearia. Depois, me xingaria e diria que nossa amizade fora uma verdadeira mentira. Contudo, notando que nada além de confusão a tomava os olhos, pude relaxar e tirar isso da cabeça.

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora