As férias de verão chegarão em alguns dias, e com elas, as preparações para a faculdade. Era nítido ver a ansiedade pairando nos olhos diversos dos alunos naquela sexta-feira, e fiquei estridentemente feliz por isso. Focados em seus futuros promissores, aqueles que só souberam me lançar olhares julgadores e raivosos retiraram seu foco de mim e me proporcionaram um dia de aula completamente normal, sem fones que soassem músicas para me retirar da realidade e nem tristezas, só... normalidades.
Hoje estava ensolarado, e poderia ser considerado um crime não aproveitar desse sol comendo ao ar livre com o canto dos passarinhos como companhia, por isso, após pegar uma poção de batatinhas fritas, refrigerante e uma sopa de letrinhas, segui para a região externa do colégio, onde cadeiras longarinas e mesas de pedras se distribuíam pelo gramado. Alguns alunos, pelo visto com a mesma ideia que eu, ocupavam alguns dos assentos. Entre eles, Blaise, Harper e o grupo das animadoras e dos jogadores. O casal principal estava agarrado enquanto conversavam alegremente com os demais. O sorriso que tatuava seus lábios me fez questionar se Harper tinha perdoado e voltado com o ruivo assim... tão rápido, como se a traição nunca tivesse existido. Ao menos, não do lado de Blaise.
Não me demorei muito neles, e logo voltei a correr meus olhos pelos outros jovens, procurando um assento vazio ou alguém em si, que logo encontrei sentado numa das mesas sob a sombrinha que uma árvore vivíssima proporcionava.
Conter o sorriso aliviado foi impossível, e, sem demora, diminuí os metros entre a gente com passadas longas e decididas.
Ontem, quando acordei mais uma vez entre os braços do garoto que jurei jamais passar de ameaças e chantagens, hesitei em voltar para casa, e, após ter ouvido minha confissão e reconhecido o que poderia me esperar quando voltasse para minha própria residência, Austin não ponderou mais que um segundo em me oferecer um pequeno espaço ao seu lado em sua cama durante toda a noite. Não fizemos nada durante a madrugada, nada além de carícias e beijos no escuro, e mesmo tendo dormido algumas horas à tarde, estar com Austin, sob seus carinhos e selinhos, não me foi difícil retornar ao mundo dos sonhos. Entretanto, tudo o que é bom dura pouco, e isso não seria diferente; ao acordar e ter que retornar para casa, encontrei meus pais furiosos comigo. Perguntaram onde eu estava e por que não cumpri com o meu castigo, mas, naquele instante, só respondi futilidades: um “na casa de um amigo” e um “sinto muito” roucos, que conseguiram convence-los — meu pai ao menos. E depois de tomar um banho e vestir-me, pedi carona à minha mãe, que, sem sequer olhar na minha cara, aceitou ao reconhecer que eu tinha esquecido meu carro no estacionamento do colégio pelos acontecimentos do dia anterior. O clima no carro também não foi dos melhores, minha mãe não puxou assuntos e nem me deu um bom dia ou um ótimo dia de aula quando me retirei do carro, e mesmo ainda estando triste e receosa pelo o que ela me fez, não posso negar que fiquei magoada por isso.
Pousando a bandeja sobre a mesa e atraindo os olhos pretos do garoto, tomei o assento à sua frente, um sorriso contente tatuava meus lábios quando peguei uma batatinha e mordi sua ponta.
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Sintonia Silenciosa | ✓
Teen FictionMadison Harrison achava que o condutor das rédeas de seu destino estivesse de brincadeira com ela. A beleza, sem dúvida, era uma de suas principais qualidades, a razão pela qual atraía tantos olhares pelos corredores da Southergade High School e, de...