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A presença daquele indivíduo pesava mais do que qualquer outra naquele espaço entre a sala e a cozinha, eu a sentia como se fosse um carregamento que possuía o peso igual a uma tonelada, se não mais

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A presença daquele indivíduo pesava mais do que qualquer outra naquele espaço entre a sala e a cozinha, eu a sentia como se fosse um carregamento que possuía o peso igual a uma tonelada, se não mais. Era sufocante, assim como a perturbação que me dominou quando notei certas características que aquele homem obtinha, como olhos e cabelos cor de ônix, bem como os meus.

NÃO!, minha própria mente gritou, ela continha a voz que me lembrava de ter quase três anos antes, e como um castelo da idade média e dos filmes medievais, fechou seus portões em busca de proteger e preservar o que havia em seu interior: minha sanidade.

Desviando a atenção daquele sujeito e me focando na mulher ao seu lado, busquei uma mísera reação que me provasse que a teoria estúpida que circundava minha mente estava errada e que aquilo não estava acontecendo. No entanto, o que eu encontrei foi uma Aimée nervosa e ansiosa, que abraçava o próprio corpo em busca de consolo e escape.

— Quem é esse homem? — o questionamento aproveitou o suspiro que havia fugido do fundo de minha garganta para escapar, confirmei isso quando minha mãe se endireitou e se preparou para me dar a resposta, mesmo que não parecesse apta nem mesmo para estar em pé, dividindo comigo o peso que era a presença daquele desconhecido.

Assim que seus lábios inchados se distanciaram um do outro, prestes a dar as palavras que formariam a minha resposta, foquei toda a minha concentração neles, ainda que fosse difícil dada as circunstâncias daquele instante, e torci para não errar em minha leitura labial, embora isso seja quase quimérico. Eu era um ótimo leitor labial, mas como todo mundo, tinha meus limites: nomes próprios, palavras em outros idiomas e frases ditas numa velocidade rápida demais ultrapassavam em abundância eles. E pelo nervosismo notório que preenchia minha mãe por inteira, cri que ela consequentemente acabou esquecendo dois desses tópicos quando disse uma frase totalmente ininteligível para mim.

Após seus lábios mexerem ligeiramente e nada além de “o nome dele é...” e “... que iremos conversar” parecer tangível, senti minhas sobrancelhas se franzirem e lancei um olhar totalmente confuso à única pessoa que me manteria sã em qualquer circunstância e situação.

Madison estava intercalando o olhar entre mim e o sujeito com uma feição perturbada, e logo que notou meu olhar pairando sobre seu rosto, seu susto foi nítido e, se fosse em outro instante, teria me roubado uma risada.

— O que ela disse? — questionei, ignorando sua perturbação e sequer me importando em me desculpar pelo susto. Agora não era o momento.

Minha namorada piscou as pálpebras e respirou fundo para em seguida dar um passo em minha direção, abrir a bolsinha que carregava no ombro, enfiar a mão dentro do acessório e retirar seu celular dali. Esperei enquanto ela abria o mesmo documento no Word que usou para conversar comigo pela primeira vez e me obriguei a não cair em déjà vus por isso. A loura necessitou de alguns longos e torturantes segundos para escrever e, ao terminar, virou o aparelho celular em minha direção. A mensagem em que me apresentava e que lhe dizia para conquistar o meu silêncio jazia acima da recém escrita.

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora