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Zoe quer conhecer você, não custei muito tempo para identificar a proposta que Bryan estava prestes a fazer, então pensei em fazermos um jantar

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Zoe quer conhecer você, não custei muito tempo para identificar a proposta que Bryan estava prestes a fazer, então pensei em fazermos um jantar. O que acha?

Suspirei, nem um pouco surpreso.

A volta de Bryan para sua casa já iria completar um mês, e mesmo eu tendo rejeitado sua oferta ele ainda assim queria manter contato. Realmente ele foi legítimo quando disse que se arrependeu e queria ser um pai de verdade. Entretanto, mesmo sabendo da sua intenção nobre, eu não podia mentir e dizer que tudo bem ele tentar se entrecruzar à minha vida. Não era bem assim que a banda tocava. Eu não podia simplesmente esquecer ou superar os 18 anos que estive sem uma figura paterna e sobre os ombros de Aimée. Levaria um tempo para a enorme ferida em meu peito sarar.

Contudo, aceitar aquela ínfima tentativa de aproximação poderia ser como um remédio cicatrizante; em doses consideráveis, eu poderia curar aquela lesão e, quem sabe, um dia, eu conseguiria chamar Bryan de pai.

Um tanto hesitante, posicionei o celular entre os dedos e digitei:

Acho que não seria nada mal. Quando?

Pressionei o botão de desligar antes que o homem me respondesse, guardei o celular no bolso e ergui o olhar até a garota sobre a maca. O tom verde, claro e vívido, que as íris obtinham parecia me perfurar, e não no sentido ruim da frase.

Lhe enviei um pequeno sorriso, me desencostei da parede escura do estúdio e me aproximei dela. Seu suéter azul estava erguido até as proximidades do sutiã pálido, revelando a barriga bronzeada — pelos dias que passou pegando sol — e seca. Havia um homem em frente à ela. Ele segurava uma máquina e escrevia com ela uma frase na lateral da menina.

Desviei o olhar para o seu trabalho. Os arabescos e a fonte bem semelhantes aos que haviam na minha nuca. Estava ficando belíssimo, o que fazia jus à dona.

Retornei a atenção aos olhos da menina. Neles, sua dor estava ficando cada vez mais nítida.

Dobrei os joelhos e peguei sua mão. Ela estava gelada; não sabia se era pela dor, ou pelo ar-condicionado ou pelo nervosismo que devia estar corroendo todo o seu corpo por não saber quais eram as palavras que constituíam a marca permanente que estava sendo escrita em sua lateral.

— Não deve ser uma dor tão intensa, assim — brinquei, inclinando a cabeça para ter uma visão melhor de seu rosto.

Madison uniu as sobrancelhas e um vinco se formou em sua testa. Prendi a risada no fundo da garganta diante sua expressão raivosa.

Ela não retrucou. Talvez duvidasse que eu não iria conseguir ler seus lábios ou interpretar sinalizações do ângulo em que estávamos. Em troca, seus dedos se apertaram em torno dos meus. Um aperto forte e firme, que poderia significar tanto uma vingança quanto uma maneira de aliviar a dor.

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora