Há uns meses, antes de... tudo, enquanto rolava o feed do Instagram, me deparei com uma frase. As palavras que a consistiam diziam que aeroportos viam mais beijos sinceros que casamentos. Na época, não me obriguei a concordar ou discordar delas, eu apenas as consumi e as guardei. Basicamente, senti que deveria fazer isso, senti que em algum momento da vida eu precisaria relembrar delas e ter minha comprovação. Ou invalidação.
No fim das contas, eu estava certa. E a frase também.
Austin transpirava entre meus dedos, mas seu suor se misturava com o meu e por essa razão não poderia caracterizá-lo como uma prova concreta de que ele estava tão nervoso quanto eu. Todavia, se eu me esforçasse um pouco, poderia sentir seus dedos tremendo e, indo mais além, seu coração palpitando.
Mas não me dei esse luxo. Não quando estes eram nossos últimos minutos juntos.
Nossos últimos minutos antes dele e Aimée adentrarem no avião e eu e meu pai, em outro.
Nossos últimos minutos juntos antes que ele estivesse a milhares de quilômetros de distância de mim.
Deixei de abraçar seus dedos e afastei a mão dele. Com o coração apertado, me pus a sua frente, encarando aquela imensidão escura e cheia de brilho, como o céu, que eram suas íris. Ele sorriu, um tanto triste. Um tanto nervoso. Um tanto com medo. Da mesma maneira que eu.
Meu pai e Aimée estavam a metros de nós, fazendo o check-in — e nos concedendo segundos milagrosos a sós —, então não pude deixar essa oportunidade passar batida.
— Isso é muito ruim — sinalizei, bem melhor nesse quesito que semanas atrás.
Austin suspirou com força e segurou meus ombros com firmeza. Seus olhos se firmaram nos meus, e foi impossível não imaginar o meu verde se mesclando à sua escuridão.
— É uma bosta, eu sei — ele murmurou —, mas vidas diferentes precisam de rumos diferentes. Não significa que não iremos dar certo, nós iremos dar. Já demos.
Bufei.
— Você tem 18 anos, Austin. Não 60. Pare de falar como um vovô que já viveu muito mais que nós dois juntos — tentei brincar, mas meu tom de voz, e pelo visto minha feição também, não eram as ideais para alguém que gostaria de descontrair. Austin interpretou meu rosto, por isso não riu, somente permaneceu com aquele sorriso neutro.
Ele escolheu ignorar minha fala.
— Relacionamento à distância será um baita desafio — continuou. — Vai ser impossível desapegar do hábito de acordar de manhã, ao seu lado. Ou acordar e quase de imediato marcar de te ver. Nós nos acostumamos muito mal, sabia? Mas faremos dar certo — ele sorri, agora brincalhão. — Começaremos com uns nudes diários.
Me permiti fantasiar e rir da cena.
— Uns packs do pezinho... — considerou, e gargalhei.
Abracei a cintura dele e diminuí o espaço entre nós. Apoiei a testa no seu pescoço e me deixei fechar os olhos e expulsar todo o ar preso em meus pulmões pelas gargalhadas. Não sei quanto tempo me concedi ficar assim, tão perfeitamente conectada com meu namorado, só sei que foi o suficiente para obrigá-lo a nos separar.
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Sintonia Silenciosa | ✓
Teen FictionMadison Harrison achava que o condutor das rédeas de seu destino estivesse de brincadeira com ela. A beleza, sem dúvida, era uma de suas principais qualidades, a razão pela qual atraía tantos olhares pelos corredores da Southergade High School e, de...