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Me neguei a ver aquela imagem pois sabia que não veria Madison ali

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Me neguei a ver aquela imagem pois sabia que não veria Madison ali. Ao menos não a que se abriu para mim ontem à noite e que chorou em meus braços. Não aquela.

Contudo, enquanto passava pelos corredores da Southergade e via o quanto que aquela imagem tinha sido repercutida entre os adolescentes, notei que seria difícil não ver, ainda mais quando os jovens viravam seus celulares com a fotografia estampada na tela para seus colegas, as caras atônitas e as bocas escancaradas apenas revelavam o quanto que eles estavam em choque com o babado do dia. Seus lábios se mexiam com rapidez e chegou a ser em vão tentar compreender o que eles diziam, porém, não era impossível sacar que estavam falando coisas impuras e totalmente malvadas sobre Harrison.

Isso é nítido, pensei comigo mesmo.

Espremi minha boca com força e acelerei meus passos pelo corredor. Tinha em mente ir para sala de aula e fugir daquele problema que sequer era meu, entretanto, desejei esbarrar com Madison pelo caminho, desejei perguntar como ela estava e o porquê de ter corrido da minha casa, desejei abraça-la e protegê-la de tudo que ela passaria dali para frente pela escolha que seguiu e que, aparentemente, se arrependeu.

Mas não a encontrei. Nem no corredor, nem na aula que frequentaríamos juntos, muito menos no refeitório. Somente na hora da saída a encontrei, quando percorri os corredores do colégio e a encontrei conversando com um menino negro. Os alunos ao redor a observavam com intensidade e a forma com que ela tentava não se importar era horrenda, não tanta quanto a percepção dos jovens, que engoliram o fingimento dela com a mesma facilidade que encontrei o seu erro: bochechas coradas e olhos piscando excessivamente. Madison não estava nada controlada.

Seu corpo não trajava mais o uniforme das animadoras da Southergade e seus cabelos desciam em uma catarata dourada até a metade de suas costas, onde as pontas estavam meio escurecidas e úmidas, uma evidência de um possível banho.

Ela estava estranha!

Claro, Austin, quem no lugar dela não estaria?!

Tentei dar passos na direção da saída, tentei esquecê-la e não permitir que se tornasse um problema meu. Mas era tarde demais.

Madison já era um problema meu.

Já era a causa que me fez aproximar meu corpo dos armários e esperar pacientemente a garota entregar a jaqueta escura do time ao jogador enquanto o ruivo a analisava a poucos centímetros com intensidade, como se a culpa disso tudo fosse dela.

Quando a loira entregou a jaqueta ao garoto, deu um breve adeus e seguiu pelo corredor com os olhares ainda sobre si, foi que iniciei meus passos atrás dela, e foi quando parei, notando que Blaise ria com o garoto enquanto os lábios pronunciavam algo que me levou ao limite.

— Não acredito que fui seduzido por essa puta — falou entre os risos.

Parei meus passos ao seu lado e quando tudo a minha volta sumiu e minha finalidade se tornou a única coisa que importava, permiti me levar.

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora