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— Vai passar Diário De Uma Princesa hoje

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— Vai passar Diário De Uma Princesa hoje. Tá a fim? — Minha mãe estava sentada a minha frente, olhando-me com uma diversão evidente em sua face.

Ergui minhas sobrancelhas em sua direção, apontando o indicador na direção dos livros e cadernos abertos no travesseiro em meu colo.

— Vamos lá! — choramingou, retirando o livro de Física do meu alcance e o fechando.

Soltei um ruído, inaudível para mim.

— Não quero que fique tanto tempo estudando, querido — disseram seus lábios, assim que a mulher pegou meus lápis e canetas espalhados pela cama e os organizaram em meu estojo.

Ri falsamente, cedendo ao começar a ajuda-la. Peguei meus matérias escolares e os guardei em minha mochila, colocando-a entre a cama e a mesa de cabeceira, onde ela estaria bem presente no fim de semana, além do mais, eu também precisava dar uma revisada básica nos conteúdos que cairiam nos exames.

Um sorrisinho leve se esboçou em meus lábios quando me perguntei mentalmente se Madison já havia começado os seus estudos.

— Aimée — chamei minha mãe pelo nome e ela desviou seus olhos castanhos em minha direção, suas sobrancelhas se arqueando quando teve noção da brincadeira que eu soltaria em breve. —, você é a pessoa que menos se qualifica para ser mãe. — Deboche preencheu a face bonita da mulher e seus braços se cruzaram. — Mães de verdade instigam os filhos a estudarem e não a assistirem filmes onde uma garota se descobre uma princesa.

Aimée inclinou sua cabeça para trás e gargalhou, todavia, eu só pude analisar sua boca aberta com a língua tremendo e a úvula balançando. O silêncio que se estalou permanentemente em meus ouvidos jamais me permitiria ouvi-la, mas sentir a cama levemente se remexendo me fez ter uma pequena noção que a risada da mulher devia ter sido alta o bastante para reverberar pela casa inteira.

Ao se recuperar, minha mãe se voltou a mim, o perfil ainda avermelhado pelas gargalhadas e pela vontade contida de continuar emitindo-as.

— Querido, estudar demais leva à loucura — brincou, e apesar de não ter ouvido pude me deliciar rindo com sua piada. — Vamos lá, momento mãe e filho. — Um sorriso acolhedor tomou seus lábios volumosos, e a mulher jovem e de aparência boa abriu os braços para mim, convocando-me para um abraço.

Esbocei um fraco sorriso e me lancei contra seus membros, me anilhando em seu peito e me permitindo relaxar sob o seu calor convidativo. Lentamente, pude sentir o enorme peso da última semana se esvair de meu corpo, entretanto, não poderia esperar menos; Aimée Dawson tinha esse dom, podia facilmente me acalmar em qualquer lugar e a qualquer momento. Ela, sendo o meu único porto seguro, era a luz no fim do meu túnel, a coisa a qual me agarro e ponho 100% de minha confiança sem pensar duas vezes, além do mais, sendo sincero comigo mesmo, o que eu poderia esperar da minha única pessoa no mundo, da minha única família?

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora