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Meu corpo estava estático sobre a cadeira

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Meu corpo estava estático sobre a cadeira. Eu não conseguia acreditar que aquelas palavras cruéis, pensadas no calor da emoção, me foram arrancadas e disparadas contra minha mãe.

Quando o arrependimento bateu, escorrendo meus ombros e puxando meus dedos do aperto de Madison, me insultei de todos os xingamentos possíveis em minha cabeça e me preparei para as desculpas; internamente, eu também pediria clemência por ser um filho tão ruim, incapaz de merecer uma mãe como Aimée.

Antes que pudesse afastar os lábios um do outro e lançar o mais verídico pedido de perdão à minha mãe, ela se ergueu e caminhou em passos que estremeceram o chão até a saída do cômodo. Seu destino não foi difícil de presumir: seu quarto, o único refúgio que merecia acolhê-la quando ia pôr as lágrimas para fora quando o assunto era eu — mesmo que indiretamente.

Acompanhei o seu percurso até a porta da cozinha e minha garganta vibrou quando chamei por seu nome, numa tentativa de contê-la, mas que, claro, acabou sendo ignorada pela mulher abatida.

Observei o vão da porta por um momento, enquanto decidia qual seria o meu próximo passo. Eu estava entre dois: pedir desculpas pela minha reação às pessoas ainda presentes no cômodo, que não precisavam reagir aquilo, e deixar Aimée e seu sofrimento de lado; ou realizar a primeira ação da opção anterior e seguir até o quarto de minha mãe, onde poderia pedir clemência e tentar fazê-la me entender, tentar convencê-la a confiar em mim.

A segunda, por razões óbvias, se mostrou a mais sensata.

Espalmei as mãos na mesa e me levantei. Sentia vergonha pelas minhas recentes atitudes com minha mãe, e olhar para Bryan e Madison, que mesmo não sendo suas intenções, me julgavam, foi uma missão quase quimérica.

— Peço desculpas pelo o que presenciaram — pedi, intercalando a atenção entre os dois. — Aquilo foi uma reação totalmente desnecessária que só cabe a mim reverter.

Não esperei eles reagirem para poder me retirar dali. Precisava resolver as coisas com minha mãe o quanto antes, se não a solidão tomaria meu peito em consequência por estar distante da única pessoa que esteve ao meu lado desde o princípio da minha vida.

Conduzi os passos até o andar superior e somente me dei oportunidade de hesitar quando já estava em frente a porta fechada do quarto de Aimée, imaginando-a soluçando intensamente do outro lado pelas palavras cruéis que disparei contra ela.

Ergui a mão e, assim que esta entrou em meu campo de visão, notei o quanto tremia. A fechei numa tentativa de controlar aquilo e me dar coragem. Colidi as bases das falanges médias contra a madeira da porta e de alguma maneira — obviamente pelo nervosismo — o tato daquela simples ação se tornou uma dor aguda que persistiu mesmo quando abri a mão e a despenquei ao lado do corpo.

— Mãe — a chamei —, pode me deixar entrar?

Ela não viria, precisei de longos segundos para chegar a esta conclusão. Soltei o ar preso em meus pulmões, angustiado.

Sintonia Silenciosa | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora