— Pensei que tivesse sumido após o meu claro “não” — continuei, não acreditando que minha mãe permitiu a estadia desse homem aqui.
Bryan despertou tão assustado que presumi que minhas palavras haviam sido realmente altas. Seu breve semblante assustado quase me arrancou um sorriso maléfico.
Ele respirou fundo, tinha a mão esquerda espalmada no peito e os olhos fechados.
Esperei ele se recompor e abrir as pálpebras para continuar, mas assim que ele fez isso e me observou com seus olhos semelhantes aos meus, eu já não tinha mais palavras. Engoli em seco e hesitei.
Como alguém pode se parecer tanto com outra pessoa, ainda que tivesse a vantagem de ser o pai dela? Eu reconhecia que não tinha tantas características físicas herdadas de Aimée, mas não considerava ser tão parecido assim com meu genitor. Chegava a ser como vislumbrar meu próprio reflexo num espelho que me retrataria anos mais velho. Era assustador!
Bryan desviou o olhar até a mesinha de centro e estendeu o braço. Estava tão atônito que demorei a entender que ele tinha buscado o celular e que agora estava digitando, assim como Madison mais cedo.
Quando pronto, ele virou a tela do telefone para mim.
Sua mãe quer dar continuidade à conversa, por isso me pediu para dormir aqui, li sua mensagem e pisquei, notando que eu tinha razão com o que disse a minha namorada mais cedo, que aquela discussão ainda não teve um ponto final.
— Você perdeu seu tempo, então — vociferei. — Já dei minha resposta e ela é não! Eu definitivamente não quero um centavo seu, muito menos a sua ajuda. O que eu quero é que suma da minha casa e faça aquilo que fez durante toda a minha vida: fingir que eu não existo. Eu te garanto, Bryan Hayes, que estava muito melhor assim.
Respirei fundo e observei o homem fazer o mesmo por alguns segundos. Ele pareceu hesitar antes de voltar a teclar no celular, e quando o fez, desabei na poltrona que havia atrás de mim, a espera.
Compreendo sua raiva por mim e suas dúvidas por eu estar aqui, mas juro que minha intensão é verídica, ele escreveu e o observei sobre o telefone, minhas pálpebras semicerradas.
Bryan retornou o telefone em sua direção novamente, prestes a digitar mais uma, foi quando intervir.
— Pode falar — pedi, e ele ergueu o olhar para mim. Dei de ombros, um pouco constrangido. — Sou um ótimo leitor labial, contanto que fale um pouco devagar, vou te entender.
O homem ergueu minimamente as sobrancelhas, parecia surpreso. Acho que mamãe esqueceu esse detalhe no resumo que obviamente fez sobre mim para ele antes da minha chegada.
Bryan balançou a cabeça, concordando, e afastou o celular do corpo, o colocando na mesa de centro.
— Eu me arrependo de ter abandonado você e sua mãe — confessou, as sílabas das palavras ditas lentamente, assim como Madison falava anteriormente, e o riso que fugiu por entre meus lábios foi inevitável.
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Sintonia Silenciosa | ✓
Teen FictionMadison Harrison achava que o condutor das rédeas de seu destino estivesse de brincadeira com ela. A beleza, sem dúvida, era uma de suas principais qualidades, a razão pela qual atraía tantos olhares pelos corredores da Southergade High School e, de...