Borderline

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"Eu sou feliz incerta, e eu sou triste incerta
Eu sou boa incerta e eu sou má incerta
E eu não consigo me livrar desse medo cantando
Você me viu fora e minha cabeça fica clara
Eu vivo minha vida em grilhões, mas eu sou fronteira livre
Eu costumava ser cego e eu ainda não consigo ver
Em uma ida e volta até você mudar de ideia
Enquanto ninguém interrompe a minha visão" Tove Styrke - Borderline.



O resvalar de sua mão apoiou-se em minhas costas, acarretando o súbito encontro de meu tronco e o seu, induzindo-me a agarrar sua nuca e permitir a passagem de sua língua entre meus lábios. Eu a encontrei numa disputa de território quase medieval, no qual a minha deslizava, enrolava-se e negava-se a se distanciar; explorei sua boca com euforia, em tempo que a minha era desbravada com a mesma ânsia. Quis reivindicar aquele lugar como meu novamente, sem me importar com quais problemáticas teria que lidar tardiamente. E, simultaneamente, desejei ter forças para acabar com aquilo e me decidir em qual caminho trilhar. A encruzilhada parecia não querer me deixar partir. Quanto mais eu tentava fugir, menos eu conseguia me distanciar.

Apalpei seus ombros em busca de sustentação, mas meus dedos repuxaram o tecido de sua camisa em impulso de tirá-la, ignorando a presença dos demais no estabelecimento. Contudo, controlei-me. Jay apossou-se de meu cabelo, repuxando-o prazerosamente com desprezo igual à companhia dos outros clientes. Afastei-me apenas o suficiente para sugar oxigênio e recuperar meu fôlego, arfando desgovernada através da pele de seu pescoço perfumado. Firmei meus dentes com descuido, mordendo-o em vingança da marca que jazia no meu.

— Perigoso. Você sabe o que acontece quando faz isso. –murmurou em partes, em evidente êxtase.

Ti piace? –provoquei-o.

Mi fai eccitare.-correspondeu.

Che cosa desideri?

Voglio fare l'amore con te.

Repreendi um gemido ao fundo de minha garganta.

— Diga-me que aquele depósito ainda existe. –arfei.

Martini deu-me uma piscadela libidinosa.

— Estava aguardando você perguntar.

Levantamo-nos em conjunto, tomando tempo apenas para apanhar nossos pertences sobre a mesa e sumirmos através da penumbra do local. Entre as muitas vozes balbuciadas e perdidas do bar, deparei-me com o grito de minha voz interna pedindo para que eu não me entregasse a aquele desejo insaciável. Não enquanto Hiddleston estava do outro lado da cidade. Não quando ele, embora de forma contida, prometia não desistir de mim. Não faça isso. Não faça.

Porém, equilibrando minha balança de culpa, meu impulso fazia-me querer prosseguir. Faça. Ele comia três de uma vez enquanto estava com você.

Não.

Ele pediu perdão. Pare com isso.

Droga.

Pare com essa dualidade. É apenas sexo.

Sacodi a cabeça, xingando-me em voz baixa.

Desde quando você é uma indecisa sexual, porra? Esse inglesinho está te estragando.

— Por favor, foda-me de uma vez. –me ouvi pedir, tarde demais para interromper. Jaime apertou o cenho em atribulação, notando a seriedade em meu timbre. — Há uma voz gritando em minha mente, me obrigando a ponderar sobre sexo. Algo está errado comigo.

Lanterna dos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora