Unbreakable

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"Quando você estiver perdida e a luta estiver acabada
Seu coração começará a quebrar
E você vai precisar de alguém por perto
Feche os olhos enquanto coloco meus braços ao seu redor
E faço de você inquebrável
Ela fica na chuva apenas para afastar-se de tudo
Se algum dia você pensar em partir, eu não vou deixá-la ir
Eu juro que vou encontrar seu sorriso
E colocarei meus braços em sua volta
E farei de você inquebrável
Eu farei de você inquebrável
Ela possui o coração que eu tanto quis
A musica que eu ouvi no rádio
Me fez parar e pensar nela
E eu não posso, não posso me concentrar mais
Eu preciso, preciso mostrar para quê seu coração serve
Ele tem sido gravemente maltratado
Agora seu mundo certamente está caindo aos pedaços, caindo aos pedaços" Jamie Scott - Unbreakable.


[PONTO DE VISTA DO TOM]


Os ferimentos profundos no rosto de Amélia não eram o suficiente para deixá-la menos atraente do que sempre a achara. Os olhos envoltos de manchas arroxeadas, pontos e suturas em seus cortes e algumas notáveis marcas esbranquiçadas sobre sua pele castigada assustaram-me como um inferno na primeira vez que adentrara seu quarto. Vê-la desacordada, tão pálida, com a máscara de oxigênio sobre sua face, demarcando sua respiração fraca e o irritante apitar da máquina ao lado fez-me tremer as mãos e obrigar-me a sentar bruscamente numa poltrona.

Doía-me de uma forma indizível observar todo o maltrato em seu corpo e doía-me muito mais permitir que minha mente imaginasse como ela adquirira cada uma daquelas feridas. Os ossos sobressaltados de sua clavícula esboçavam o peso perdido e, um pouco acima, um hematoma retilíneo rodeava seu pescoço. Dra. Fabiana dissera que ela havia sido asfixiada com algum tipo de corda ou fio resistente aplicado por uma força suficiente para esmagar sua traqueia se mantido por mais alguns segundos. Havia uma pequena concussão em sua cabeça, proveniente de um choque contra alguma superfície dura e, além de sua condição alimentar, sofria de desidratação e sinais de um resfriado. Ela passara frio intenso. Fome. Sede. Tortura. Privação de sono.

Em fato, ela nomeou a sobrevivência de Amélia e do bebê um milagre.

Mesmo que, enfatizado por ela, a vida do pequeno ser era passageira. Muito em breve ele partiria.

Já se faziam cinco dias desde a prisão de Martini e nenhuma notícia de sua me alcançou. A carteira e o celular deixados por ele jaziam sobre a pequena mesa ao lado do leito de Amélia, à sua espera. Objetos que jamais teriam a capacidade de exprimir tudo que acontecera durante tantos meses e que, agora, traziam uma mensagem de despedida. No dia seguinte a partida dele, Illya adentrara pouco contente no hospital com uma pequena bolsa de couro escuro. Trazia algumas roupas e produtos pessoais para Amélia e eu. A julgar pelas etiquetas, eram novos. Neutros. Nada que exaltasse a personalidade dela, como suas camisas de estampas aleatórias e calças apertadas. Nem mesmo algo que remetesse à mulher que a cada encontro me atirava uma novidade diferente e um estilo ainda mais divergente do último.

— O enterro será amanhã. -sua voz carregada soava rouca e sucinta, até mesmo controlada demais para notificar um evento fúnebre. Ergui os olhos para ele, já parcialmente acostumado com a falta de cor em seus cabelos.

— É uma pena que Martini não esteja presente. -maneei a cabeça, lamentoso. — E, ao mesmo tempo... é bom que ele não veja esse final.

— Não vai doer para sempre. -murmurou. As íris de um verde excessivo me encararam com sobriedade. — A morte é como uma passagem apenas de ida para uma ilha deserta e sem preocupações. Tenho certeza que Jeremy está melhor agora do que esteve desde que Catarina morreu.

Engoli em seco, aquiescendo.

— Notificou a família dele?

— Seus pais já faleceram e ele não havia vida social fora da organização.

Lanterna dos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora