Tear You Apart

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"Mas seu lábios se encontraram, e as vergonhas começaram a passar
Será que isso é apenas por uma noite ou isso pode durar?
Do mesmo jeito que ele a queria isso era ruim
Ele queria fazer coisas com ela, e isso o deixava louco
Agora uma pequena atração se tornou gostar
E agora ele quer agarrá-la pelos cabelos e dizer:
Eu quero segurá-la perto
Pele apertada contra mim
Continue deitada, e feche seus olhos, garota
Tão amável, me sinto tão bem
Eu quero segurá-la perto
Seios macios, o coração batendo
E eu sussurro em seu ouvido
Eu quero te despedaçar" She Wants Revenge - Tear You Apart



Ainda sem compreender a súbita chegada de minha amiga e suas intenções, obedeci seu pedido feito com firmeza acima do normal e banhei-me com direito a sais de banhos. E após o que me pareceu ser uma eternidade, me vi ser aprisionada diante do espelho, à mercê de seus pincéis de maquiagem e diálogos extensos sobre temas diversos.

— Eu vi o André no pub ontem e ele parecia cabisbaixo. Nem notou a presença do Tom. -mencionei, lembrando-me do estado catastrófico do dono do Pub, que ficara responsável pelo local no último dia. — Ele não superou seu envolvimento com o Mike?

Lúcia forçou uma tossida. Olhei-a de esguelha.

— Ele nunca superou o fato de eu ter pedido demissão. -revelou, causando-me um súbito.

— Você o quê? Quando?!

— Semana passada. Sinceramente, você acha que eu mereço viver como garçonete o resto da minha vida? Cansei dessa repetição cliché de trabalhar para o meu ex-ficante. -abriu uma paleta de sombras, revezando a atenção sobre as cores e minha pele. Tive vontade de abraçá-la em identificação.

— Sei como se sente. Você fez bem. -balbuciei.

Lúcia, entretanto, reagiu com um arfo de infelicidade.

— O que nós somos? Inutilmente capazes de arriscar sair de nossas zonas de conforto ou fodidamente problemáticas para isso?

— Eu acho que nossas vidas são complicadas demais e trabalhar para pessoas que conhecemos é uma forma de suprir nossa necessidade de conforto. -opinei com intimidade, admitindo minha própria fraqueza.

— Também é perigoso. Comodismo.

— Às vezes tenho vontade de fugir para bem longe, levar apenas meus livros e tentar escrever o qual abandonei desde que conheci Tom.

— E eu me arrependo de ter saído do Brasil com a ilusão que me sairia melhor aqui. -inclinou-se sobre mim, balançando o pincel em mãos. Fechei os olhos.

— Você quer voltar para o Brasil? -inquiri.

— Definitivamente.

Arfei lentamente, assimilando sua vontade e reafirmando para mim mesma que compartilhávamos do mesmo desejo.

— Eu também, mas tenho medo de reencontrar meu pai e... o infeliz que me abusou. -gaguejei.

— Você fugiu para cá com medo deles? É isso o que demorou tanto para nos contar? -havia traços de preocupação em seu timbre. Assenti.

— Alessandro está tentando colocar o caso de volta à justiça para prendê-lo, mas provavelmente o dinheiro o salvará de novo. E se eu retornar agora, serei um belo alvo novamente, não acha? -questionei. Não pude ocultar um riso de descontentamento e agonia, notando o quão presa me encontrava. Em Londres, ameaçada pela família de Jay. No Brasil, por minha própria família e o maldito estuprador.

Lúcia acariciou meus ombros, consolando-me.

— Então nos manteremos aqui por enquanto. Sobrevivendo, como sempre fizemos. -sussurrou em aproximação, suscitando-me uma reviravolta estomacal com seu leve perfume adocicado. — E o seu coração?

Lanterna dos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora