Cowboy Casanova

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"Ele é o diabo disfarçado
Uma cobra com olhos azuis
E ele só sai à noite
Dá-lhe sentimentos que você não quer lutar
É melhor você correr por sua vida
....
E eu sei como isso termina
Você não pode fugir
Nem mesmo olhar nos olhos dele
Ele não vai dizer nada além de mentiras
...
Corra, Corra pra longe
Não deixe ele bagunçar sua mente
Ele vai dizer-lhe algo que você quer ouvir
Ele vai quebrar seu coração
É apenas uma questão de tempo" Carrie Underwood - Cowboy Casanova



A delicadeza dos flocos de neve dançando em uma chuva branca do lado de fora da casa acrescentava mais ênfase em nossa isolação para com o mundo. Vislumbrei a paisagem pálida do jardim de Tom pela gigantesca janela da sala, sentindo-me estranhamente pacífica ao fazê-lo. O crepitar das chamas da lareira diante de nós contrastava visualmente a diferença de cores e temperaturas que nos cercava, adornando nossa envolta em um calor aconchegante semelhante a um abraço gigante. A nossa falta de roupas acentuava nossa sensibilidade ao máximo.

Entre a terceira ou quarta xícara de chá e o trigésimo tópico de conversa aleatória, Hiddleston acariciava minhas coxas sobrepostas sobre suas pernas enquanto encarava o teto com uma feição pensativa, essa proveniente de minha mais recente pergunta. Admirei o perfil de seu rosto em contraposição ao fogo em nossa frente, a única fonte de luz com exceção das luminárias da cozinha. As sombras projetadas no contorno de sua face adquiriam vida quando jogadas em suas bochechas marcadas e a curva de seu nariz, dando-lhe a aparência artística claro-escuro de uma obra de Caravaggio.

— Eu não me recordo bem, já passei por tantos momentos estranhos em meus relacionamentos. –disse Tom, respondendo meu questionamento sobre qual foi a sua maior loucura por amor. — Talvez... quando estava lutando para manter meu relacionamento com minha namorada da época de faculdade. Ela havia ido para Paris estudar por seis meses e pediu para que eu fosse visitá-la, mas havia uma audição que impulsionaria a minha carreira. No último momento, joguei tudo para cima, fui até King's Cross e peguei um trem para França. Ao chegar, a encontrei em Luxembourg Gardens, em uma barraquinha de sorvete. –sorriu nostálgico. — Eu fui até ela e sussurrei 'que decisão difícil, não?' e ela quase enfartou.

— Quem em sã consciência faria isso?! –exclamei, indignada. Tom estendeu um olhar desentendido. — Tom Hiddleston, obviamente.

— Por que você fala como se eu fosse uma espécie diferente da sua? –sorriu-me divertido.

— Porque você é inacreditável. Bardo, se eu conhecesse essa garota, eu iria voar no pescoço dela com uma faca.

— Por quê?! –espantou-se.

— Quem diabos sabe que o companheiro vai fazer uma audição importante e ainda o chama para visitá-la, sabendo que isso o colocaria no meio de uma dúvida cruel?!

— Nós éramos dois adolescentes. Adolescentes não são o melhor exemplo de mentes e emocional controlados. –justificou naturalmente, dando de ombros para a minha descrença.

— Nem eu faria algo assim.

Hiddleston bebericou o chá com as pontas dos lábios arrebitados num riso humorado.

— Diga-me a sua maior loucura de amor. –retrucou, apontando para mim com timbre acusatório.

— Ah, céus. –livrei-me de um suspiro pesado, escondendo-me por trás de meus cachos volumosos. — Eu vou te secretar algo que talvez esclareça todas as dúvidas de onde vem a minha relação com clubes eróticos.

Hiddleston formou uma expressão de satisfação quase maliciosa.

— Eu tenho tantas ideias em minha cabeça.

Lanterna dos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora