23 (parte 2)

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- Você está bem?

- Não.

- Quer algum remédio?

- Não.

- Precisa de algo a mais? Quer que eu chame seu pai?

- Não.

- Posso mandar o garoto que lhe trouxe entrar?

Hesitei.

- Não.

- Eu já volto, espere aqui.- Assenti.

A enfermeira saiu, me levantei torcendo para não cair ou fazer barulho.

Pela janela transparente vi Bailey ao longe, de costas falando no celular.

Empurrei a porta devagar, e andei apressadamente sem que ele pudesse me ver.

Andei em direção a saída, e segui sem rumo.

No ballet, para as piruetas não lhe deixarem tonta, é preciso focar em um ponto fixo.

Isso te impede de cair muitas vezes.

Nos últimos dias eu achava que meu ponto fixo era Bailey, mas eu estava errada.

Eu estava errada sobre tudo.

Nesse momento eu me sentia fazendo diversas piruetas sem um ponto fixo para olhar, prestes a ficar tonta e cair.

Me forcei a pular o muro, atravessei o local que pensei que não retornaria.

E parei diante ao túmulo de minha mãe.

Me sentei em frente a ele, deixando meus pensamentos tomarem conta.

Eu havia perdido todos, sem nem perceber.

Meu pai, eu nunca tive, Joahanna não iria mais me proteger depois de descobrir o que havia acontecido.

Eles não eram importantes.

Mas Joalin e Bailey sim, eu precisava deles mais do que de qualquer pessoa.

No entanto, Bailey havia mentido pra mim e Joalin não iria mais querer se quer me ver.

Me permiti ficar imersa nas memórias: A Joalin ouvindo tudo, minha discussão com Bailey, e então o coração acelerado, o pânico, a falta de ar, a tontura, tudo junto.

A sensação de desmaio, mesmo que de alguma forma, eu me sentisse acordada.

Percebi a presença de outra pessoa ao meu lado, eu sabia quem era.

- Você sumiu.

- Não queria ver ninguém.- Indaguei.

- Me assustou, fiquei preocupado.

- Poderia ter morrido, e ainda assim, eu não estaria nem um pouco me importando.

- Vai voltar a ser tudo como era antes? Você me odiando? Parou para pensar que eu estava exatamente com medo disso?

- Não importa, você prometeu.

- Nós dois prometemos coisas e não cumprimos.

- Eu sei, e nesse momento estou prometendo tirar você da minha vida.- lhe observei ficar ainda mais tenso.- E dessa vez vou cumprir.- levantei.

Bailey também levantou, e segurou meu braço para que eu não fosse embora.

- Preciso de você, eu não tenho mais ninguém, eu gosto muito de você, sei que deveria ter apagado mas tive medo que fosse embora.

Puxei meu braço, lhe encarando completamente brava.

- Engraçado... Eu estou indo embora de qualquer jeito.

- Não vai.

- Sabe Bailey, eu esperei que você fosse a pessoa que iria arrumar meus diversos corações partidos, a cola para isso. Eu confiei em você, mesmo com todas as circunstâncias, e a única coisa que eu precisava era que confiasse em mim.

- Você já me machucou mais vezes do que consegue se lemvrar, e eu perdoei você.

- Então faz as coisas que faz, esperando algo em troca?

- Não, mas mesmo com tudo que aconteceu eu estive disposto a não te afastar, por ser a porra de um cara completamente apaixonado por você.- Meu coração acelerou com sua última frase.

Ignorei essa sensação.

- Você não tem ideia de como esse áudio vai bagunçar minha vida.

- Você faz ideia do quanto bagunçou a minha?

Me peguei pensando em suas palavras, e pela primeira vez eu não tinha argumentos para responde-lo.

Ele tinha razão.

Mas hoje não.

- Parece que temos mais isso em comum, somos especialistas em machucar um ao outro.

Vi algo morrer no rosto de Bailey, ele engoliu a seco colocando as mãos nos bolsos.

Encarando o chão.

- Vai acabar assim?

- Nunca deveria ter começado.

Senti deixar a Shivani feliz dos últimos dias para trás, apenas seguindo para o que eu deveria a chamar de casa.

A raiva de Bailey era grande.

Mas a verdade é que eu estava descontando nele, a raiva de mim mesma.

Por não ter lhe escutado desde o início e contado a verdade.

A raiva das consequências que aquilo teria.

Meu dia havia começado com meu maior pesadelo sendo realizado, um ataque de pânico, que eu já não tinha a meses, e terminaria de uma forma que eu já previa.

Passei pelos seguranças, e girei a maçaneta, sem força para absolutamente mais nada.

Eu havia me dado como vencida.

Na sala, notei Joalin sentada, com os olhos vermelhos, na escada.

Joahanna ao seu lado, indagava coisas desesperada.

Meu pai estava no sofá, com as mãos na cabeça.

Vi chateação, quando seus olhos me encontram.

Aquilo era o fim de algo.

Sinceramente, eu não queria descobrir o que estava por vir.

Sinceramente, eu não queria descobrir o que estava por vir

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24/7 -Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora