♧♤ - Bizarramente estranho

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• LEONARD ♧

A felicidade do meu irmão refletia através dos seus olhos; e eu não podia estar mais orgulhoso.

- Meus parabéns, garotão - disse meu pai, pegando Henry no colo.

Eu não tinha uma memória do meu pai me pegando no colo, mas isso não vinha ao caso. Josh, meu irmão mais velho, estava de pé ao meu lado - Henry não gostava dele.

- Quem foi a outra garota que venceu? - Perguntou o homem.

- Uma tal de Líris alguma coisa - quem respondeu foi a minha mãe. - A apresentação dela também foi linda.

Meu pai murmurou alguma coisa e ficou brincando com Henry. Cansado, decidi subir para o meu quarto.

- Vejo vocês mais tarde - disse eu.

Josh disse alguma coisa que eu não fiz questão de escutar. Subi as escadas e entrei no quarto. Tirei as botas e o boné e me joguei na cama.

Minha família era formada por quatro homens e uma mulher, desigual, talvez. Mas ela valia por nós quatro, me fazendo ter a certeza de que se um dia ela não estivesse mais presente, a família Beck estaria acabada.

Meus pais trabalhavam comprando e vendendo empresas - nunca entendi muito bem como se chamava isso. Josh, meu irmão mais velho, também trabalhava com eles, mas não vivia em Charleston. Havíamos nos mudado para a cidade em menos de um mês, era a cidade natal do meu pai. Vivíamos em Los Angeles antes, e eu não queria ter ido embora lá. Poderia ter ficado, mas não queria me afastar da minha mãe e do meu irmão mais novo.

Desde os quinze anos, não me dava bem com o meu pai e com o meu irmão mais velho. Mal nos falávamos direito, e, sinceramente, não queria reatar os laços.

Fiquei deitado na cama encarando a rua pela minha janela. Aquela cidade era chata, mas as praias eram lindas. Eu ainda não possuía amigos ali, o que tornava tudo ainda mais insuportável.

Uma garota de vestido azul florido passou do outro lado na rua. Era ela, a garota que estava me encarando no festival de cães. Ela estava passando ao lado de outra garota loura e uma criança, a mesma que ganhara o prêmio também. Elas eram irmãs; a fisionomia era evidente.

Os olhos eram azuis e as posturas eretas - era estranhamento satisfatório vê-las andando lado à lado. A outra adolescente, provavelmente uma amiga, ria escandalosamente. Eu queria saber seus nomes, especialmente da garota de vestido azul. Mas sabia que se eu fosse até lá só para perguntar isso, pareceria um maníaco - bem que era ela que me encarava durante o festival.

Me aquietei. Aquela cidade era pequena demais, uma hora eu iria encontra-la; e sentia que não ia demorar muito.

Ao anoitecer, tomei um banho e peguei a chave do carro, descendo as escadas em seguida.

- Para onde está indo? - Perguntou minha mãe.

Na mente dela, eu ainda era um garotinho de sete anos.

- Vou dar uma volta, mãe - respondi.

Josh estava sentado no sofá mexendo no celular.

- Cansou de dar uma de depressivo, maninho? - Seu tom era irônico.

Revirei os olhos.

- Quem sabe você não encontra uma distração por lá - continuou.

Minha mãe me olhou, pedindo calma. Eu não sei como ela ainda aguentava aquilo.

- Você também precisa de uma distração - Ele olhou para mim. - Quem sabe com uma boceta você não me esquece.

A mulher levou a mão à boca, espantada. Josh sorriu, provavelmente iria dizer alguma coisa, mas eu já havia batido a porta.

Morgan's - No Olho De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora