♤ - Esconderijo

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• LIZANDRA ♤

 
   Despertei abrindo os olhos lentamente. Leonard estava me abraçando por trás. Tirei seu braço devagar para não acorda-lo. Eu estava muito cansada, exausta para ser mais precisa. Era como se houvesse um caminhão de areia sobre a minha cabeça. Meus olhos estavam avermelhados e inchados. Quem acredita que ressaca alcoólica é a pior coisa do mundo, com certeza nunca ficou com ressaca de choro.

   O relógio marcara 8:15. Vou até o banheiro e depois sigo para cozinha, se no dia anterior eu não  tinha noção do que fazer, naquele momento eu já tinha.

   Comecei a preparar um café da manhã repassando mentalmente o que eu faria ao decorrer do dia. Acredito que por conta do barulho, Leonard despertou.

- Ei - ele estava parado perto do balcão, com a mão no cabelo e uma expressão confusa. - O que está fazendo?

   Encarou com ceticismo.

- Cozinhando, não é obvio? - Rebati, irônica.

   Leonard se aproximou e se sentou em um banco do balcão.

- Eu sei, mas ontem você estava tão... - Deu uma pausa. - Abalada.

   Repassei a palavra na minha mente.

- Abalada - pus os ovos no prato. - Pois é. Estava. Mas agora não posso mais me dar o luxo de estar nada.

   Ele parecia surpreso, até mesmo assustado.

- Tudo bem então - respondeu. - Precisa de ajuda?

   Neguei e continuei fazendo o café. Leonard foi até o banheiro, quando voltou eu já havia terminado. Nos sentamos no balcão para comer.

- Então - indagou. - Como está se sentindo?

   Suspirei.

- Honestamente? Exausta. - Respondi. - Mas eu preciso ir até à minha casa e pegar as minhas coisas - falava enquanto olhava para o prato. - Ir no banco, pegar o que eu tenho e procurar um lugar para morar.

   Ele levou um bacon à boca.

- Por que você não fica aqui? - Lançou.

   Parei de comer e encarei-o.

- O que?

   Leonard me encarou como se fosse óbvio.

- Pensa comigo: eu fico aqui sozinho nesse apartamento que para mim é imenso - disse ele. - E nós já temos intimidade o suficiente para isso.

   Encarei-o perplexa.

- Leonard, isso não é uma coisa simples - argumentei. - Estamos falando de casar, praticamente. E nós ainda nem namoramos.

   Ao me dar conta do que disse, senti minhas olheiras esquentarem. Ele sorriu largamente e fez menção em se levantar.

- Não seja por isso - se levantou e se ajoelhou diante mim.  - Lizandra Morgan, você aceita namorar comigo?

   Pisquei mais de cinco vezes para entender o que estava acontecendo diante dos meus olhos. Eu estava sendo pedida em namoro, e isso não poderia ser a coisa mais incrível - e assustadora - do mundo. Porque pela primeira vez eu tive certeza do que eu queria, e eu queria ele. O homem que me ajudara nos momentos que eu mais precisei, o homem pelo qual eu me entreguei por completo, estava ali diante mim me pedindo em namoro.

   E essa não poderia ser a melhor coisa que poderia acontecer em meio aquele caos que eu chamava de vida.

- Não, quer dizer sim, claro que sim! - Respondi animada. - Isso está mesmo acontecendo?

Morgan's - No Olho De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora