♤ - Hora de dizer adeus

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LIZANDRA

 

- Onde a senhorita estava na noite em que Meredith Morgan foi assassinada?

   O investigador que dizia se chamar Alex Gonçalves era brasileiro e tinha o senso de humor muito frágil. Eu estava jogada naquela cadeira de metal à quatorze horas, dando pausas apenas para ir ao banheiro.

- Já disse que estava em minha formatura - respondi, impaciente. Quantas vezes eu já havia dito aquilo?

   Alex olhou para mim como se estivesse lendo os meus olhos.

- Testemunhas alegam que viram você saindo do salão por volta da meia noite - afirmou. - Onde você foi?

   Suspirei.

- Ao píer, estava me sentindo mal - não era de um todo mentira.

   O pai de Cecília adentrou a sala com uma expressão nada boa. Tio Henrique vestia um terno e segurava uma maleta. Me dei conta naquele momento que quase nunca o vira se vestir com trajes... informais.

- Henrique Menezes - disse se aproximando. O investigador Alex se levantara. - Quem lhe deu autorização de conversar com a minha cliente sem a presença de um advogado? - Perguntou, o cenho franzido.

   Alex pareceu assustado e também um pouco surpreso. Se eu não estivesse em uma situação tão lastimável teria rindo de toda aquela situação. Tudo aquilo parecia uma piada de muito mal gosto.

- Só estávamos conversando - argumentou Alex.

- É o que vocês investigadores dizem - rebateu meu advogado. - E sob qual prova estão deixando uma garota de dezoito anos presa à quatorze horas?

   O clima estava tenso, parecia que eles iriam se socar a qualquer momento. Me peguei pensando que, se antes Alex e o tio Henrique não tinham nada contra o outro, agora a história é outra.

   Tio Henrique se sentou ao meu lado.

- Vamos tirar você daqui, Liz - disse ele para mim. - O que você disse a ele?

- Apenas o necessário - respondi.

   O homem assentiu e raspou a garganta, chamando a atenção de Alex, que estava em pé tentando disfarçar que não escutara nada da nossa breve conversa.

- Agora gostaria que você me mostrasse quais provas tem contra a minha cliente.

   Alex se sentou em uma cadeira na frente do meu advogado e pôs as mão sobre a mesa, apertando os dedos.

- Dois pescadores acharam o corpo de Meredith Morgan boiando no mar, ela foi morta entre doze e meia e uma hora da manhã - deu uma pausa. - A autópsia mostrou que a causa da morte foi uma perfuração na garganta, morte instantânea. Sem sinais de luta corporal, a vítima não teve tempo de se defender.

   Claro que não teve, estava com uma arma apontada na minha testa.

   - Ainda não achamos a arma do crime - continuou. 

   Meu advogado parecia impaciente.

- Então que provas há contra ela? - Questionou. - Meredith era a sua tia.

- Já vi muitos casos entre familiares, Sr. Menezes - replicou Alex. - Com a senhorita aqui não pode ser muito diferente. Ela tem um histórico muito conturbado para uma adolescente.

   Ele estava quase sorrindo. Cerrei os dentes.

- Você está me acusando de que agora? Vocês me arrancaram da casa do meu namorado às onze da manhã, quase não me permitiram vestir uma roupa para me deixar aqui sentada até essa hora me falando esse tipo de absurdo? - Berrei, raivosa. - Tudo que eu fiz até aqui eu tive um motivo muito bom.

Morgan's - No Olho De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora