Naquele mesmo dia quando eu voltei do hospital, acreditava que tudo estava resolvido e que as coisas voltariam à ser o que eram em pouco tempo - mas quando eu ouvi o meu pai me chamar para conversar - tive certeza que a minha vida nunca mais voltaria a ser como era.- Posso pelo menos tomar um banho antes? - Perguntei, ríspida.
- Não - respondeu, segurando um copo de whisky. - Tem que ser agora.
Suspirei e assenti, indo em direção ao escritório.
Estava tão cansada, ainda vestia o uniforme do colégio e não havia comido nada o dia inteiro. Meu celular vibrou e eu peguei para ver o que era. Minha irmã Anica estava me ligando - provavelmente para me dar um sermão sobre o que acontecera - mas eu não tinha tempo para aquilo naquele momento, por isso recusei e me joguei na poltrona.
Meu pai foi até o bar e se serviu mais um pouco de whisky, me oferecendo em seguida.
Nos últimos tempos ele havia mudado tanto, sempre estava tenso; como se estivesse aguardando que algo de terrível acontecesse. Nem parecia mais o meu pai.
- Sabe, às vezes eu acho que fui muito duro com você - indagou.
Suspirei.
- Você poderia, por favor, cortar a parte dramática? - Respondi. - Eu estou exausta e não tenho tempo para isso.
Ele se sentou em sua poltrona e soltou um riso fraco.
Minha mãe adentrou o escritório fumegando.
- Christian, não ouse fazer isso - disse ela, aparentemente com raiva.
Encarei ela, confusa. Me levantei da poltrona e encarei-os.
- Fazer o que? - Perguntei sem entender. - O que está acontecendo aqui?
Meu pai olhou para mim, sorrindo maliciosamente. Senti os cabelos da minha nuca se arrepiarem.
- Querida, está na hora de você descobrir uma coisa.
Minha mãe continuava em negação e eu sem entender absolutamente nada.
- Eu vou ir embora daqui - falei, indo em direção à porta.
- Não vai não. - A voz dele ecoou nos meus ouvidos. - Eu sei que você quer saber o que aconteceu entre mim e o seu namoradinho - deu uma pausa. - E por isso você não vai.
Soltei a maçaneta da porta e me virei.
- Então fala - cruzei os braços. - Qual é a rixa de vocês dois?
A mulher no canto do cômodo já havia desistido de debater com o marido. Meu pai se levantou na poltrona e girou o copo.
- Você conheceu os pais do seu namorado? - Perguntou.
Revirei os olhos.
- Sim - respondi. - E ele não é meu namorado.
Ele resmungou alguma coisa indecifrável.
- E o que eles acharam de você? - Perguntou novamente.
Revirei os olhos novamente.
- Não sei, o velho passou mal - perdi a paciência. - Essas perguntas vão servir de que? Estudo científico?
Meu pai soltou uma gargalhada inesperada.
- Vejo que o Miguel continua o velho fracote de sempre.
Ergui a sobrancelha.
- Desde quando você conhece os pais do Leonard? - Questionei.
O rumo que aquela conversa estava tomando não estava me agradando.
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Morgan's - No Olho De Liz
Fiksi RemajaVocê tem dezessete anos. É rica, tem uma família perfeita composta por uma irmã mais nova e outra mais velha, seu pai e sua mãe. Adora surfar e é líder de torcida. Você é Lizandra Morgan, uma das garotas mais cobiçadas da pequena cidade de Charlesto...