Trégua

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"Oi, tudo bem? Eu sei que você não me conhece, mas meu amigo me desafiou a me apresentar...."

Péssimo, conversa de balada.

"Oi, meu nome é Júlia, eu sou sua fã. Eu só queria dizer que você é muito talentoso..."

Tiete demais?

"Oi, meu nome é Júlia, não deve significar muito pra você... Na verdade nada, mas...."

ARGH.

"Oi, meu nome é Júlia e eu me odeio, tchau."

Eu sabia que ser orgulhosa, principalmente em desafios, acabaria arruinando minha vida. E claro, que o Justin Bieber também faria isso. Dei um sorrisinho forçado para sua expressão de presunção, evitando demonstrar qualquer nível do estresse que eu sentia. Ele devia estar se divertindo muito relembrando a primeira vez que nos conhecemos e minha reação patética. Se não fosse a Lara eu só ficaria encarando sua pessoa até que ele me chacoalhasse para ver se eu havia morrido e esqueceram de enterrar.

Caminhei confiante para dentro do salão embora todos os meus sentidos me alertassem para correr, minhas mãos começavam a suar, talvez eu devesse tratar minha introversão num psicólogo. De início não reparei que não havia mais ninguém se apresentando no palco, só notei o tilintar suave de talheres nos pratos em meio a música de fundo quando estava a três meses de Robert Pattinson. Paralisei e Justin quase se chocou contra minhas costas.

— Mas o quê.... — Arfou.

Uni as mãos com minha melhor expressão de pena.

— Que lástima! Ele está comendo, não seria nada elegante interrompê-lo agora. Talvez mais tarde....

Já me preparava para dar meia volta, mas ele me encarou cético e petulante.

— Ótima desculpa, Giulia, mas não vai colar.

— Você gosta de ser interrompido por fãs quando está comendo? — Perguntei retoricamente, astuta.

Ele deu um sorriso maldoso.

— Se você é tão simpática assim, ele não vai se importar.

Fechei a cara.

— Mas por que eu tenho que provar isso à você?

— Eu não sei, você quem aceitou o desafio.

Desafio, merda. Respirei fundo e marchei espumando para o meu destino, eu cumpriria aquilo na força do ódio. Só retornei ao pânico quando cheguei perto da mesa e todos seus integrantes se viraram por reflexo para me olhar. Teria que ser no improviso, percebi ao encarar os olhos azuis discretos. Ele era ainda mais perfeito de perto, com aquela barba mal aparada contra a pele pálida e os fios de cabelo castanho rebeldes. A boca rosinha era praticamente uma linha, e estava em movimento no momento enquanto ele mastigava. Engoli em seco e falei a primeira coisa que se passou em minha mente, infelizmente antes de parar no filtro da decência:

— Oi... Robert, você... não brilha na luz artificial. — Suas sobrancelhas se vincaram de incompreensão — Digo... como no sol. Você sabe. Crepúsculo.

Pela visão periférica eu vi Justin colocando a mão na boca disfarçadamente enquanto o peito estufava. Robert abriu um sorrisinho e assentiu, do tipo "péssima piada, mas eu sou gente boa". Ele engoliu antes de falar, e eu agradeci aos Céus porque se não me respondesse eu não saberia como sair daquela.

— Fã de crepúsculo? — Muito simpático.

— Sim. — Respondi com energia demais, aliviada pela interação recíproca e despertando o surto abafado — Você foi espetacular no papel de Edward, não consigo imaginar alguém melhor. — Despejei.

Litigious LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora