Girei meu tronco de um lado para o outro, as mãos atrás das costas unidas em um aperto aflito, como se eu temesse que elas perdessem o controle e tomassem vida própria. Vespas insistentes ferroavam meu cérebro com as mesmas perguntas. Eu ainda podia mudar de ideia e ir embora antes que Justin chegasse. Mas meus pés estavam plantados no chão.
Não demorou muito para que um carro prata sedan estacionasse no meio fio onde eu estava. Só por um segundo pensei em correr, temendo um sequestro, entretanto, a janela do passageiro logo foi abaixada para me dar visão daqueles traços faciais de tirar o fôlego. Ele não perdeu tempo em sorrir para mim, como se eu já não tivesse problemas o bastante para regularizar a respiração.
— Quanto tempo, Lia — disse ele descendo do carro para me receber. Usava uma calça jeans justa nas pernas, folgada no quadril, camisa branca lisa e jaqueta preta.
Inferno de modelo personalizado em tormento.
Uma festa estranha no meu estômago me fez pensar que eu precisava mesmo tomar remédio de vermes.
— Ei — levantei uma mão para acenar sem jeito, ao passo que ele revirou os olhos e puxou minha cintura com uma mão para um abraço desajeitado.
Inspirei brevemente de seu perfume antes de me afastar. Eu poderia deitar a cabeça em seu ombro e ficar ali por horas.
— Pronta?
Contrariando todos os avisos mentais conscientes, respondi:
— Com certeza.
Justin me deixou entrar primeiro, e apesar de saber que ele me observava — e estar nervosa por isso — não tropecei de novo. Por outro lado, tive atenção redobrada, apoiei as mãos com cuidado nos bancos e entrei mais devagar do que o normal. Acomodei-me no canto perpendicular à janela e cumprimentei nosso motorista do dia, um homem de boné de beisebol e pele rosada num rosto redondo. Aquele tipo que dava a impressão de sentar-se no sofá à noite com uma cerveja na mão, assistindo a jogos esportivos na TV.
— Como foi seu compromisso de hoje? — Justin perguntou, logo após se acomodar.
Não devia ter sido tão estranho conversar normalmente com ele coisas banais como aquela. Porém, eu não conseguia me livrar da sensação de que havia alguma coisa faltando — e não era o livro físico que eu deixara com Fani.
Mais perturbador ainda foi descobrir a origem do sentimento. Ele emanava alguma energia atrativa e meu corpo tinha a necessidade de manter o contato físico para completar o mútuo entendimento. Cruzei bem as pernas e braços como forma de me inibir. É de conhecimento comum que não há necessidade alguma do sentido sensorial para ouvintes e falantes se comunicarem, e eu não sou uma exceção à regra.
Independentemente do que eu me dissesse, só fiquei satisfeita quando entramos no jatinho e ele segurou minha mão. De fato, a despeito do meu medo de voar, estive ansiosa para chegarmos ali, esperando que ele tomasse essa atitude.
— É impressão minha ou você está mesmo perdendo o receio de voar? — Avaliou-me com os olhos, tão orgulhoso que me deu a dica de como ele tomava aquele crédito para si.
Parei por um instante para refletir minha resposta.
A questão toda mais tinha a ver com sua presença eclipsar qualquer outra sensação que eu pudesse ter. Isso, por si só, já superava meus medos mais enraizados.
— Hmmm. Você é bom em distrair pessoas.
Seu sorrisinho cresceu antes que ele forjasse uma expressão grave.
— Você sabia que eu tenho um superpoder secreto?
Contive o riso, adivinhando que vinha bobagem por aí. Balancei a cabeça, tentando acompanhar seu tom solene.
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Litigious Love
Fanfiction"Poder Judiciário Estado de Califórnia Cidade de San Diego Carta de Citação Ação de Indenização por Violação de Direito Autoral Requerente Justin Drew Bieber Pela presente, extraída dos autos do processo acima indicado que Justin Drew Bieber move e...