Inacreditável

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(((Autora: Playlist muito necessária nesse capítulo, está no link externo, começando com Dive do Edzinho, boa leitura!!!)))

— Então você já fez muitas festas privadas aqui? — Fani seguiu em seu interrogatório exaustivo para Justin, muito direta para parecer totalmente educada. Por ora nenhum de nós havia conseguido tomar a palavra.

Justin estava sentado confortavelmente no sofá grande de couro marrom no formato de um retângulo sem um dos lados, o único tipo de assento do local. Ele havia conseguido o mais distante, atrás das grades na altura de nossa cintura. O local todo parecia uma espécie de imitação profana de templo, colunas em cor chumbo se espalhavam do piso ao teto, os móveis e carpete tinham o mesmo tom de marrom escuro, e a única parede divisória tomava o formato de quatro janelas seguidas de igreja do teto ao chão com abertura suficiente para as pessoas passarem entre elas. De fato, eu jurava que podia ver a imagem de Nossa Senhora acima de uma delas. Nas paredes, círculos com desenho de cruz com as pontas arredondas. Grandes holofotes de luz no teto moldavam-se como mosaicos. E eu supunha que quando a noite avançasse, eles apagariam as luzes claras e comuns para sua iluminação dançante em azul, amarelo, verde e derivados. Uma decoração questionável. A parede oposta possuía um palco razoável portando a aparelhagem de Dj's. Justin havia nos informado que o jantar prosseguia até 9 horas e então o ambiente se transformava numa balada.

Até o momento, havia somente uma música aleatória de fundo, e conseguíamos nos ouvir bem. De qualquer forma, eu e as meninas estávamos de costas para a parede, já Ryan e Justin ficaram com a ponta na nossa diagonal a direita. A mesa de centro pouco conveniente para um jantar brasileiro decente, ostentava petiscos e pequenos lanches a nosso dispor, bem como um balde de bebida. Eu engoli meu refrigerante com energia ao passo que joguei um olhar de clemência para minha empresária. Ela me ignorou.

— Ah, não. Você gostaria de fazer alguma festa aqui?

Fani forçou um sorrisinho, "engraçadinho".

— Mas imagino que já tenha frequentado muito o lugar — e virando-se para mim, crítica — Inclusive Júlia deve saber disso, para ter escolhido justamente aqui. Que coincidência, hein?

Ryan enfiou um punhado de batata na boca, ainda intercalando, com seus impressionantes olhos azuis de oceano, entre os dois como se assistisse uma novela. Eu ainda apreendia o fato de que ele era mesmo real. Lara sugou com muita força o canudinho de seu refrigerante, fazendo o famigerado ruído de sucção. E eu, culpada até os cabelos, mordi meu mini lanche de frango para não ter que responder, levantando as sobrancelhas como um sinal simpático de quem ouvia.

— Recentemente não muito, mas nos meus dezoito/dezenove anos vim bastante, sim — Justin se antecipou a responder antes de comer mais batata.

— Agora prefere mais visitas na praia, então? — Ela nem tomou um segundo para pensar, balançando a bebida em seu copo em movimentos circulares.

Engoli a comida com ruído, quase engasguei e precisei tomar um gole de refrigerante para aplacar o desconforto. Tudo ao mesmo tempo em que beliscava a perna de Fani. Até quando ela seguiria com aquilo?

Não deveria ter me surpreendido, mas arregalei os olhos quando Justin abriu seu melhor sorriso travesso e respondeu:

— Depende na companhia de quem — provocou, sem o menor pudor.

Ryan engasgou com a batata e Fani semicerrou os olhos. Ela abriu a boca para retrucar e eu pensei rápido para interromper, apesar da queimação em meu rosto:

— Lara também foi a praia hoje, não é, Lara? Vocês já visitaram Black's Beach em La Jolla, meninos? — Olhei para minha irmã, sentada do outro lado de Fani, implorando por ajuda.

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