Eu já estava deitada na cama encarando o teto há horas pelo jeito, mas não conseguia pregar o olho. Antes de me deitar, havia finalizado mais uma dezena de capítulos revisados e enviado à Lindsay. Precisávamos nos apressar para fazer tudo a tempo, então logo ela me retornara com os dez restantes. Para me incentivar, prometeu que me enviaria o esboço final da capa assim que recebesse minha correção.
Mas a animação não era a única coisa a me manter acordada. Eu estava com medo, por mais positivas que fossem as esperanças do advogado — que agora eu sabia se tratar da pessoa do Doutor Russell —, de perdermos o processo. E do processo em si também, num geral, do efeito que aquilo teria à imagem do livro e a minha. Para acrescentar, como uma bola de canhão triunfante no meio de uma batalha já complicada demais, havia a bendita festa beneficente que eu deveria comparecer no dia seguinte.
Começava a me acovardar da escolha. Inventei mil desculpas em segundos para faltar. De fato, a saúde pode ficar ruim de uma hora para a outra, nunca se sabe quando seremos atacados por uma gripe ou virose. Bem como, realmente existem melhoras milagrosas no dia seguinte ao adoecimento, veja bem! E eu ainda poderia evangelizar falando sobre como a mão de Deus é poderosa na cura. Só não sei bem se Ele ficaria muito satisfeito com a mentira que ensejaria a pregação.
Meu peito já estava pesado e tive impressão de que o oxigênio não chegava aos pulmões, então respirei pela boca, irrequieta. Você está respirando, Júlia, se acalme. Soltei o ar devagar e tentei concentrar meus pensamentos em coisas mais tranquilas, como minha estante de livros no Brasil. Sim, nada me acalmava mais do que pensar nela, os exemplares organizados, os meus preferidos um pouco surrados e portadores de uma tranquilidade sobrenatural.
Eu quase podia ver Crepúsculo, minha maior inspiração e verdadeira razão pela qual me apaixonara pela vida literária. Sorri, lembrando-me do meu casal de ficção favorito, embora Bella claramente não mereça a perfeição altruísta de Edward. Como ela pode traí-lo? Duas noites após ter ficado noiva do vampiro mais cobiçado?! Eu nunca entenderia. Jacob, por sinal, tinha toda a minha desaprovação moral. Manipulador, insensível e irritante, eram três palavras adequadíssimas para classificá-lo. A bem da verdade, a descrição servia muito bem para certas pessoas que eu conhecera recentemente.
Fechei a cara, a aparência de pitel pouco podia fazer pelo caráter de abacaxi estragado vomitado por um rinoceronte. Segurei as pontas do cobertor com as mãos em punho. Podia visualizar o quanto sofreria na sua mão na noite seguinte. Mas eu não deixaria barato.
E lá fui eu de novo arquitetar as discussões acaloradas que Justin e eu teríamos no local....
— E mais! — Lara exclamou atrás de mim — Justin Bieber não gosta de November - A thread.
Gemi, enxaguando o copo — abençoados sejam os inventores da torneira aquecida.
— Ai, muita visibilidade? — Coloquei o copo no escorredor e parti para o garfo.
— Hmm... Quinhentos Rt's e mil e pouquinho de likes está bom para você?
Ah, minha nossa.
— Se esse fosse o único tweet sobre o assunto não seria tão ruim assim. — Eu disse, repassando em minha mente os resultados de nossa pesquisa nas redes sociais sobre Justin e eu. Claramente todo mundo suspeitava de que havia algo de errado acontecendo, e recebi milhares de perguntas sobre isso em minhas contas. Uma hora ou outra eu seria obrigada a me pronunciar.
Minha vontade, entretanto, era abafar o problema o máximo possível para que desaparecesse. Como se fosse simples assim. Com uma dor de barriga súbita pensei que esta noite reabasteceria as suspeitas com outro comportamento bizarro em público. Isso se ele viesse mesmo. Se fosse mais esperto me evitaria.

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Litigious Love
أدب الهواة"Poder Judiciário Estado de Califórnia Cidade de San Diego Carta de Citação Ação de Indenização por Violação de Direito Autoral Requerente Justin Drew Bieber Pela presente, extraída dos autos do processo acima indicado que Justin Drew Bieber move e...