Ogro

2K 340 341
                                    


Quando o despertador tocou naquela manhã, Jimin custou acreditar que aquele som vinha mesmo de seu celular. A descrença foi tanta, que não teve muita dificuldade em voltar a dormir profundamente, ignorando o ruído insistente que a tanto o incomodava. Estava certo de que era apenas algum barulho insignificante em seu sonho que por agora parecia bem real.

De um palco bem iluminado, rodeado de uma plateia eufórica a cada passo executado com perfeição pelo rapaz, o cenário mudou para alguma espécie de campo florido onde Jimin acomodou o corpo cansado. Seu sorriso bonito decorando o rosto enquanto os olhos permaneciam fechados, protegendo suas íris do sol.

Quando pareceu cansar-se de permanecer naquela posição ou quando o sol aparentemente começou a incomodá-lo, moveu-se até que estivesse deitado de lado, só então notando uma presença a mais no tal bosque. Poucos passos à frente poderia notar uma enorme árvore fornecendo uma generosa sombra da qual um rapaz se aproveitava. Apesar do rosto do sujeito até então estar embaçado na mente de Jimin, ele não precisava olhar em suas expressões para concluir que o ser detestava o sol, mas não parecia sentir o mesmo incômodo com a sua presença, já que não parava de olhá-lo mesmo que de longe.

Intrigado, mas ainda sorrindo achando divertida a teima do outro em fugir do sol, Jimin levantou-se de onde estava para se aproximar do sujeito. À medida que se aproximava, podia notar o rosto alheio finalmente tomando forma, começando ao sorriso que não era menos que fofo, tornando quase obrigatório que o sorriso do loirinho aumentasse automaticamente. A cada passo dado naquela mesma direção, sentia o coração acelerar por um motivo desconhecido, mas que não era tão importante quanto alcançar logo a tal figura.

De repente sentiu algo pesar em seu ombro no mesmo momento que o coração pareceu fraquejar uma batida e a respiração falhar. Uma enorme vontade de chorar lhe assolando, como quando temos algum pesadelo e somos ingênuos demais para distingui-lo antes de dar chance ao medo. Lembra-se de ter engolido o seco olhando o sujeito à frente uma última vez antes de tomar coragem e encarar a figura que o impedia de seguir adiante. Assim, descobriu que o peso nos ombros era apenas a mão do marido repousando sobre si; o sorriso presunçoso não abandonando seu rosto nem quando fora lhe perguntar para onde estava indo.

Jimin abriu a boca diversas vezes, as palavras pareciam não querer sair assim como o ar parecia não querer entrar. A sensação de sufoco o desesperando mais e mais, lhe dando a sensação de quase morte até que acordasse encharcado de seu próprio suor e respiração descompassada.

A primeira coisa que pôde notar depois de algum tempo encarando o teto, foi o marido fechando os últimos botões de sua camisa social, certificando-se de deixar os primeiros abertos, garantindo o ar de sensualidade que sua profissão exigia.

Taemin carregava o mesmo sorriso presunçoso ao dedicar alguns segundos a olhar para o marido, lembrando Jimin do meio pesadelo que acabara de ter e rapidamente o loirinho sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha.

- Quantas horas são? - Apesar de ainda estar abalado, sua voz permanecia mansa, rouquinha pelo sono. - Porque não me acordou? - manhou. Se Taemin já estava de pé, era um sinal claro de que ele mesmo já estava demasiadamente atrasado.

- Por que eu o faria? Virei despertador agora? - Riu debochado, assim dando as costas para alcançar o frasco de perfume. - Além disso, você parecia estar dormindo tão bem...

- Ah, verdade? - Riu sem graça, o olhar vagando por todo quarto, tentando disfarçar a cara de espanto para que não deixasse transparecer e ter de explicar o quanto a presença do mesmo o havia assustado.

Mas não é como se Taemin não tivesse mesmo notado que ele havia tido um pesadelo

- Bom, é melhor se apressar caso ainda queira alcançar o próximo ônibus.

Sofisma || YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora