Foge comigo

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Com a maior idade se agregam muitos deveres, responsabilidades, inclusive expectativas. Não necessariamente de si próprio, mas de terceiros. Como por exemplo de seus pais, de suas tias, de seus amigos...

Yoongi já não era mais apenas um adolescente, e agora se aproximando cada vez mais da casa dos trinta, era no mínimo estranho ainda não ter se envolvido profundamente com alguém ao ponto de noivar. Sequer havia durado em algum namoro por mais de seis meses.

Por vezes Yoongi já havia se atraído por alguém, não mentiria; mas nunca o suficiente para nutrir o pequeno sentimento previamente semeado. Acontece que estar com alguém algumas vezes, por mais satisfatório que venha a ser, ainda não chega a ser a mesma coisa que passar toda uma vida ao lado desta e Yoongi tinha plena consciência disto.

Poderia talvez estar sendo covarde tal como os amigos acusavam, e quem sabe egoísta de estar esperando aparecer alguém capaz de mudar aquele fato quando ele mesmo quem deveria dar um jeito em suas próprias inseguranças, mas também era bem contrário à ideia de se entregar simplesmente porque os outros achavam que estava passando da hora ou que era o melhor.

A verdade é que sentia falta de momentos, não necessariamente de um alguém.

Então, por mais que existissem grandes chances de estar errado, Yoongi persistia na ideia de que o momento certo seria quando ele sentisse que era, e até então aquele momento ainda não havia chegado.

Não até agora.

Em muitas histórias, contos, filmes e telenovelas o amor é retratado e explicado de diversas formas e com diversos significados, sempre tão sutis quanto o seu chegar e intensos quanto o seu permanecer.

No entanto, quando ele chega para nós, nunca sabemos exatamente como descrever. Quer dizer, a urgência para vivê-lo além de somente senti-lo nos torna impacientes e irracionais demais para conseguir dar uma pausa para refletir o real motivo de termos nos permitido senti-lo, se é que em algum momento estivemos passíveis de alguma decisão sobre nossos próprios sentimentos.

E era meio assim que Min Yoongi se sentia.

Yoongi sempre fora alguém fechado e nunca encontrou reais problemas com isso, senão quando alguém se impunha contra, mas ainda não lhe parecia um motivo plausível para simplesmente mudar seu jeito de ser ou amar. Qualquer sentimento em si é intenso demais para que possamos resumi-lo apenas a palavras, e se até então ninguém que cruzou a vida do Min foi capaz de enxergar aquilo, ele nada poderia fazer por mais que inevitavelmente se chateasse com alguns distanciamentos.

Mas é claro que o homem tinha lá seus momentos de devaneios sobre seu próprio modo de ser ou agir. Nunca foi muito de falar sobre o que sente, era mais de agir. E não é como se fosse capaz de decidir, apenas era daquele jeito. Era um alguém muito tímido em diversos aspectos, verdade; mas devia admitir que se sentia bem mais confortável apenas cedendo seu casaco do que explicando as variáveis problemáticas de ficar desprotegido no relento.

Quando estava à frente de todos aqueles homens pomposos e engravatados, sempre tinha uma boa argumentação na ponta da língua, pronto para contra-atacar quando preciso e defender quando necessário. Mas quando se tratava de seus próprios sentimentos, nada plausível parecia querer sair, mesmo que já tivesse todo um texto muito bem dissertado e ensaiado na mente. Ainda temia que as palavras não fossem suficientes para descrever tudo que estava sentindo ou que não fossem capazes de transmitir a verdade em que estes eram regidos.

Seguia a tese de que palavras podem ser ditas por qualquer um e a qualquer momento, mas o ato de mover-se para de fato fazer acontecer, muitas das vezes carecia de muito mais que a leviandade de um repentino e efêmero querer.

Sofisma || YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora